MotoGP – Fique a conhecer os travões Brembo para 2021

Sem dúvida que as velocidades alucinantes que já foram atingidas neste início de temporada de MotoGP são um dos grandes destaques da categoria rainha. Afinal, os protótipos de MotoGP são as motos tecnologicamente mais avançadas do planeta, feitas para a velocidade.

Mas tão importante como a velocidade máxima é a travagem. E numa moto que atinge mais de 360 km/h, as fortes travagens, repetidas ao longo da distância de um Grande Prémio, obrigam os fabricantes a utilizarem os melhores sistemas de travagem. E, é aqui que entra em cena a Brembo.

Os especialistas italianos em sistemas de travagem contam com enorme experiência no Mundial de Velocidade. Ao longo dos últimos 43 campeonatos da categoria rainha (500 e MotoGP) a Brembo acumulou imensos dados que depois foram usados para desenvolver travões que ajudaram a conquistar 32 títulos de pilotos, 33 títulos de Construtores e garantir vitórias em mais de 500 Grandes Prémios.

Para 2021, a Brembo criou sistemas de travagem personalizados para cada um dos 22 pilotos que competem em MotoGP. Todas as 11 equipas da categoria rainha estão a usar motos equipadas com sistemas completos da Brembo: pinças, bombas, discos de carbono e pastilhas.

A pinça de travão dianteira é a Brembo GP4. Esta pinça foi introduzida no início da temporada 2020, fabricada a partir de um bloco sólido de alumínio que é depois maquinado, conferindo à pinça uma enorme rigidez e resistência. A fixação é radial e conta com quatro pistões.

Apesar de ser a referência em termos de performance, a Brembo GP4 não é do agrado de todos os pilotos. Alguns, uma minoria, continua a preferir utilizar o modelo de 2019, principalmente por causa do “feeling” e também, claro, por se adaptar melhor a algumas motos de MotoGP.

O desenho da pinça de travão Brembo GP4 caracteriza-se pela estética extrema, onde se destacam claramente as aletas de refrigeração que permitem que a temperatura de funcionamento dos travões não exceda os limites.

As pinças Brembo GP4 contam com um sistema que permite que cada piloto amplifique, de forma personalizada, a força aplicada pelos pistões nos discos de travão. Ou seja, para além da força gerada pelo fluído hidráulico quando a manete é pressionada, o sistema cria uma força adicional.

Para além disso, o sistema Brembo GP4 conta com uma pequena mola que faz parte do que a Brembo denomina de “anti-drag”, ou anti-arrasto. Esta mola elimina o binário residual mesmo quando não existe pressão na manete de travão. Numa pinça normal os pistões ficam sempre em contacto com o disco de travão. Mas no caso da Brembo GP4 os pistões afastam-se do disco, e sem a fricção causada por esse contacto, as MotoGP atingem mais velocidade.

A maioria dos pilotos deverá competir em 2021 com discos de travão fabricados num composto de carbono, mais resistente às altas temperaturas geradas pelas fortes travagens de uma MotoGP. Os discos usados pela maioria dos pilotos têm um diâmetro de 340 mm e estão divididos em Massa Elevada ou Massa Standard, que na realidade a Brembo afirma ser de massa baixa. Há no entanto pilotos que optam por usar discos de 320 mm.

Para além disso, por cada formato de disco e pastilha de travão, a Brembo possibilita que o piloto escolha entre dois compostos diferentes que se diferenciam entre si na força inicial de travagem (a chamada “mordida”) e a resistência às temperaturas.

No total, são dez opções de discos diferentes: cinco geometrias de discos e cada uma com dois materias de especificação diferente (Massa Elevada ou Massa Standard).

Mas para 2021 a Brembo introduz uma novidade: disco de carbono ventilado!

A grande vantagem deste disco é precisamente a ventilação, ou seja, permite que exista uma troca de energia (calor) muito mais rápida, melhorando substancialmente o arrefecimento do disco. Este disco de travão ventilado em carbono deverá apenas ser usado nos circuitos mais exigentes do ponto de vista da travagem: Spielberg (Áustria), Motegi (Japão), Sepang (Malásia) e Buriram (Tailândia).

E se você está a pensar sobre o porquê da Brembo e dos pilotos de MotoGP usarem discos de carbono em vez dos discos de aço que temos nas nossas motos de estrada, a marca italiana tem uma explicação simples: são mais leves, reduzindo o peso não suspenso, garantem um coeficiente de fricção igual desde o início da corrida até à última volta, e eliminam o binário residual que, como já vimos no caso das pinças Brembo GP4, reduz a velocidade atingida pelas motos.

Se os afinadores remotos de travão são já um equipamento usado há vários anos pelos pilotos dos maiores campeonatos de motociclismo, permitindo que, mesmo durante uma volta rápida o piloto ajuste a posição da manete sem ter de parar, a verdade é que hoje em dia os pilotos descobriram uma nova forma de usar o travão traseiro.

Hoje em dia a grande maioria dos pilotos utiliza o chamado “travão de polegar”, uma pequena manete posicionada no punho esquerdo e que aciona o travão traseiro, oferecendo um “feeling” mais personalizado para cada piloto.

Este sistema foi inicialmente criado pela Brembo para ser usado por Mick Doohan, nos anos 90, após as lesões que obrigaram o campeão australiano a alterar a forma como pilotava as motos.

Em 2021 a Brembo fornece dois tipos de travão de polegar: o sistema preferido pela maioria inclui um circuito único ligado à manete de polegar e ao pedal de travão. Neste caso a pinça traseira utiliza dois pistões. No entanto existe um sistema alternativo que utiliza dois circuitos separados (polegar e pedal). Neste caso a pinça de travão traseira tem quatro pistões, sendo que o travão de polegar atua sobre dois pistões, enquanto o pedal de travão atual sobre os outros dois pistões.

De notar que no caso da primeira opção (sistema unificado), quando o piloto utiliza a manete o pedal deixa de funcionar, ou vice-versa. No caso do segundo sistema, o piloto pode utilizar a manete ou o pedal de forma individual, ou se preferir pode usar os dois em simultâneo para uma travagem ainda mais forte.

Desde 2019 que os pilotos que optam pelo travão de polegar podem escolher se querem usar a manete na sua posição “normal”, ou seja acionada pelo polegar, ou se preferem usar o dedo indicador. Neste caso a Brembo roda 180 graus a manete.

O fabricante de jantes Marchesini faz parte do grupo Brembo. A Marchesini fornece as jantes em magnésio forjado a 7 das 11 equipas de MotoGP. A jante dianteira pode ser de 5 ou de 7 braços em forma de Y, enquanto a jante traseira apenas existe em formato de 7 braços.

O menor peso destas jantes Marchesini garante que as MotoGP usufruem de maior rapidez nas trocas de direção, beneficia a aceleração, e melhora o comportamento da moto nas fases mais críticas: entrada em curva ainda com travão acionado, velocidade em curva em ângulos de inclinação até 60 graus, e saída da curva no momento em que o piloto volta a acelerar ainda com a moto inclinada.

Para além da categoria rainha MotoGP, a Brembo também marca presença nas categorias Moto2 e Moto3. No caso da categoria intermédia, a Brembo revela que em 2021 não existem novidades ao nível da travagem, com os pilotos a usarem os mesmos sistemas e opções que tinham disponíveis em 2020.

No entanto, as Moto3 vão beneficiar de algumas novidades em 2021.

Comparando com os travões usados em 2020, os novos travões de Moto3 para esta temporada são 200 gramas mais leves. A nova pinça de travão monobloco é maquinada a partir de um bloco de alumínio sólido, tem fixação radial e dois pistões de 32 mm. A aparência externa desta pinça de Moto3 inclui agora as aletas de refrigeração, replicando assim a pinça de travão GP4 usada em MotoGP.

O sistema de travagem Brembo para as Moto3 fica completo com a utilização de um novo disco de travão, de formato recortado, mais leve. E ainda da introdução da tecnologia RCS, que atualmente já encontramos disponível para motos de estrada, e que permitirá aos pilotos das Moto3 ajustar tanto a “mordida” inicial da travagem como a distância da manete ao punho, obtendo assim uma travagem mais progressiva ou mais agressiva.