Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
Mundial de Superbike chega a Portimão ao rubro – previsão
Com a forma de Rea na Kawasaki a dominar as coisas, 2018 poderá tornar-se no ano em que todos os anteriores recordes do Campeonato foram ultrapassados… mas as coisas estão longe de decididas, e as classes de apoio terão uma palavra a dizer também!
andardemoto.pt @ 5-9-2018 23:45:00 - Paulo Araújo
Com quatro rondas e oito corridas por disputar ainda até ao final do Campeonato do Mundo MOTUL FIM de Superbike, para usar o seu nome completo, nada está ainda decidido, embora Jonathan Rea e a Kawasaki levem uma boa vantagem.
Oito corridas
significam 200 pontos em jogo, a a vantagem de Rea é neste momento, à chegada a
Portimão, de apenas 92, embora a coisa fique algo facilitada pela recente lesão
de Chaz Davies, segundo classificado actual, que no entanto espera alinhar no
traçado Algarvio.
O facto é que a parceria Rea/Kawasaki tem vindo a reescrever os livros de recordes. E é ainda mais significativo por vir de uma marca que anteriormente apenas tinha conseguido dois títulos de pilotos nesta categoria, com Scott Russell em 1993 (por sinal, conquistado no Estoril devido ao fiasco que seria a prova seguinte no México) e Tom Sykes, 20 anos depois, em 2013, e nunca tinha conquistado nenhum título de construtores antes de 2015.
Falando de marcas, a Ducati continua com a supremacia, tendo conquistado 17 títulos, mais que todos as outras juntas!
Com o desempenho de Rea e das Ninja ZX-10, caíram esta época recordes que duravam há dez, quinze, vinte anos e a combinação de suavidade e agressividade controlada de Rea na ZX10-R parecem ser o antídoto perfeito para o ocasional brilho de um dos rivais, como já aconteceu este ano, com as duas Ducati de Melandri (que começou a época a vencer em Philip Island!) e Davies, que depois venceu em duas ocasiões, e mostrou consistência ao longo da temporada. Davies bateu, inclusivamente, o “Sr. Pole” Tom Sykes (Kawasaki Racing) que por sua vez também reclama alguns recordes para si, como o de 43 "pole positions", que antes pertencia a Troy Corser. Desde ai, o Inglês de Huddersfield consolidou essa posição com ainda mais 3 outras!
Jonathan Rea, claro, é um fenómeno, batendo os recordes anteriormente pertencentes a Carl Fogarty, com 59 vitórias no Campeonato, que entretanto já elevou para 64, quando como vimos, ainda faltam oito corridas para o fim da época.
A sua 59ª vitória, com que igualou a marca de Fogarty, foi em Imola, e foi também a sua 17ª dobradinha, colocando-o recordista sob esse critério também, na frente de Fogarty e Bayliss. Entretanto, já vai com 19!
A outra marca que muito provavelmente cairá ainda este ano, é a dos quatro títulos de Fogarty, que, a conseguir o feito, Rea adicionará a particularidade de os ter conseguido consecutivamente… e no entanto, Rea ainda tem algumas outras marcas ao seu alcance neste ano, o ano em que tudo parece ser posto em causa.
O homem da Irlanda do Norte está a três pódios dos 130 conseguidos por Troy Corser, outro distinto recordista, quanto mais não fosse pela quantidade de anos que passou no Campeonato, entre 1995 e 2011, um feito notável por si só. Considerando a média de Rea, que em 96 corridas, conseguiu 85 pódios, é difícil que nas oito restantes esta marca não se torne sua também.
Aritmeticamente, até o recorde de mais vitórias numa única temporada está ainda ao alcance de Rea… Recuando aos tempos de Doug Polen, outro piloto dominante, este conseguiu em 1991, com a Ducati Fast by Ferracci, 17 triunfos em 24 corridas, número ainda por igualar, quanto mais bater.
Com 10 vitórias este ano, Rea teria de vencer 7 das corridas restantes, ou seja, todas menos uma, para igualar esse recorde. Improvável, mas não impossível!
Outro recorde menos óbvio está ainda ao alcance de Rea, mas também de Sykes: o de liderar pelo menos uma volta em 100 corridas, que está actualmente na posse de Noriyuki Haga. Rea vai em 96, Sykes em 97 e, considerando as vezes que arranca na dianteira, talvez seja Sykes a consegui-lo como despedida da equipa Kawasaki que deixa no final desta época de 2018.
Não podemos esquecer que outra marca quebrou este ano a hegemonia do binómio Kawasaki/Ducati, ainda que de forma pontual: à dupla vitória de Van Den Mark em Donington seguiu-se a de Lowes na segunda manga em Brno, mostrando firmemente que as Yamaha azuis da Pata chegaram para ficar e ameaçam o pódio a cada corrida desde então.
A Aprilia, com Laverty, também exibiu uma nítida subida de forma, e sabemos como o Irlandês é eficiente na sua “casa espiritual” de Portimão desde os tempos em que integrava a equipa da Parklalgar nas Supersport.
Entretanto, a animar as coisas, vários pilotos recentemente lesionados são esperados na grelha em Portimão, começando por Camier, da Honda Red Bull, que perdeu à justa as 8 Horas de Suzuka, mas tem vindo a recuperar desde entãoduma fratura na quinta vértebra cervical (C5). Nos recentes testes em Portimão, saiu muito cansado, mas teve desde então mais 3 semanas de recuperação. Já Chaz Davies, da Ducati Aruba deverá, como vimos, estar presente.
Porém, nem só nas Superbike se faz história. O Campeonato do Mundo de Supersport 300 ganhou foco desde que Ana Carrasco (DS Junior Team) se tornou, em Imola, a primeira mulher a liderar um mundial. 16 pontos de vantagem à chegada a Portimão e o facto de que foi aqui que tudo começou com a sua primeira vitória em 2017, tornam tudo possível.
Nas Supersport, além da garantia de corridas espetaculares, com apenas 5 pontos a separar o líder Cortese do por vezes azarado Cluzel, e nomes como Caricasulo, Mahias ou Krumennacher para animar as coisas, temos ainda o interesse adicionado da presença de Ivo Lopes numa Yamaha YZF-R6 da Eni Motor 7 Pequeno Motos, que se torna no quinto piloto português a competir nas Supersport. Claro que este ano a série se tornou numa virtual copa Yamaha, com apenas Rafaele de Rosa na MV Agusta a dar alguma réplica, em sexto a 35 pontos do líder!
Juntem bom tempo, mas menos violento que no pino do Verão, todo o ambiente único das SBK enquadrado nas habituais atrações do Algarve, e a visita dum Campeonato Mundial que este ano sofreu tantas mudanças, e temos um evento imperdível…
andardemoto.pt @ 5-9-2018 23:45:00 - Paulo Araújo
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