Paulo Araújo
Motociclista, jornalista e comentador desportivo
OPINIÃO
O Campeão tranquilo
Jorge Martin (Del Conca Gresini Moto3) antecipou a corrida pelo título de Moto3 em 2018, selando em estilo com uma vitória na Malásia a conquista do seu primeiro título Mundial.
andardemoto.pt @ 14-11-2018 23:58:00 - Paulo Araújo
Fausto Gresini, Director Desportivo da Del Conca Gresini
Moto3 compara-o a dois dos grandes nomes do MotoGP:
"Ele é uma mistura entre Marc Marquez e Jorge Lorenzo", afirma Gresini. E acrescenta: "Eu diria que se tivesse que fazer uma comparação, era quem eu escolhia, porque ele tem subtileza na sua pilotagem, mas também é agressivo, capaz de lutar sem medo, como um grande guerreiro ..."
Martin despede-se de Gresini e da Moto3 no final da época, indo integrar a KTM Red Bull Ajo em Moto2, ao lado de Brad Binder. Para já, certo é que Jorge Martin (Del Conca Gresini) é o Campeão do Mundo de Moto3 de 2018, conquistando o título em Sepang após uma temporada deslumbrante. 7 vitórias, 9 pódios e 11 poles fizeram de Martin um favorito durante toda a temporada, e o Espanhol resistiu aos altos e baixos de uma época de competição para bater os principais rivais Marco Bezzecchi (Redox Pruestel) e Fabio Di Giannantonio (Del Conca Gresini).
Mas voltemos atrás, a como tudo começou. Martin fez a sua estreia no cenário mundial em 2015 com a Mahindra Mapfre, subindo à Moto3 depois de ganhar a Rookies Cup da Red Bull que corre junto à MotoGP. Marcou o seu primeiro ponto na abertura da temporada no Qatar e tornou-se um concorrente regular no top 15, terminando o seu ano de estreia na 17ª posição geral. Na temporada seguinte, o piloto de Madrid deu mais um passo em frente - incluindo o seu primeiro pódio no molhado em Brno - mas também perdeu algumas corridas por lesão, terminando a temporada apenas um lugar mais acima, no 16ª lugar.
2017 viu Martin cimentar a sua posição nos lugares da frente quando se mudou para a Del Conca Gresini, do antigo Campeão das pequenas cilindradas, Fausto Gresini. O ano começou logo com um pódio em terceiro no Qatar. Nessa temporada, já conquistou nove poles e oito pódios adicionais - mas foi uma longa espera pela primeira vitória. O Espanhol terminou no final da temporada em quarto na classificação geral. O resultado foi como um ensaio geral para o ataque à coroa no ano seguinte.
De facto, o ano de 2018 começou na perfeição quando Martin venceu no Qatar, mas a Argentina logo a seguir foi uma corrida mais dura em condições difíceis e ele só conseguiu ficar em 11º. Foi quando o homem que mais o pressionou nesta temporada - Marco Bezzechhi – conquistou a sua primeira vitória, e uma clássica rivalidade nasceu a partir daí. Austin viu-o de volta ao primeiro degrau antes de duas corridas mais difíceis e DNFs em Jerez e Le Mans, ambos vendo Martin vítima de grave azar às mãos de Aron Canet (Estrella Galicia 0,0) e Bezzecchi…
Mugello foi uma vitória antes de outro zero na Catalunha, mas, de seguida, Martin levou vitórias consecutivas em Assen e na Alemanha, para liderar a classificação novamente. Então, aconteceu o desastre quando o espanhol partiu o pulso esquerdo na FP1 de Brno. Operado e forçado a perder a ronda, a lesão foi um choque para o sistema do espanhol. De volta à pista na Áustria, foi um fim-de-semana para Martin cerrar os dentes e atacar, e foi o que ele fez em estilo impressionante, conquistando um pódio emocional. Em Misano Bezzecchi, de seguida hesitou e caiu, mas Martin só conseguiu os 20 pontos do segundo.
Aragón, a seguir, deu a Martin uma vitória em casa, e a primeira das corridas na Tailândia deu-lhe mais uma vantagem quando Bezzecchi foi eliminado e Martin ficou em quarto, apesar de lutar com lesões. Motegi, de seguida, viu o pêndulo balançar novamente com Martin a cair no grupo da frente - e Bezzecchi de volta com uma vitória.
Em Phillip Island, houve ainda mais drama. Desta vez, Bezzecchi voltou a ter azar quando foi atingido por outro piloto, e Martin levou alguns bons pontos, apesar de não ter conseguido a vitória, voltando para casa em quarto. Isso foi o suficiente para lhe dar 12 pontos de vantagem sobre Bezzecchi antes da corrida na Malásia - e 20 pontos de vantagem sobre Di Giannantonio.
Depois de outra corrida incrível, Martin lutou antes de concluir em perfeição com mais uma vitória - e Bezzecchi ainda tinha uma hipótese de lutar por posições para tentar manter as suas esperanças vivas. Como Martin cruzou a linha primeiro, tudo se ia decidir na posição de Bezzecchi, mas este não conseguiu chegar ao crucial quarto lugar - fazendo um radiante Martin o Campeão Mundial em 2018! Sem dúvida, grandes coisas esperam o Espanhol nas épocas que se avizinham…
andardemoto.pt @ 14-11-2018 23:58:00 - Paulo Araújo
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