Paulo Araújo

Paulo Araújo

Motociclista, jornalista e comentador desportivo

OPINIÃO

A hora da Ducati

A marca está num patamar único

A Ducati é a marca na berra na MotoGP: Além de ser a mais numerosa, com 6 unidades de 3 equipas na grelha, mais as duas oficiais, é a mais potente, a mais rápida e graças ao génio de Gigi Dall’Igna a mais avançada em soluções aerodinâmicas, que os outros se apressam a copiar

andardemoto.pt @ 8-9-2022 10:43:21 - Paulo Araújo

Talvez mais do que isso tudo, a que desperta mais emoções fortes, gerida por Italianos vistos cada fim-de-semana à beira de um ataque de nervos a cada ultrapassagem ou salvamento no limite.

Afinal, é uma marca europeia a bater os japoneses no jogo que estes dominaram durante meio século.

A Aprilia, semelhante nesse aspeto, ainda só agora começa a chegar lá perto.

Após a quarta vitória consecutiva de Bagnaia, após Misano, e juntando as três de Bastianini, é também, de longe, a marca com mais vitórias este ano… Bagnaia também se tornou o único piloto a ganhar 4 corridas consecutivas com a marca, feito que nem Casey Stoner conseguiu... Só falta mesmo ganhar o título de pilotos!

Nesse aspeto, a marca de Borgo Panigale só provou o champagne da vitória uma vez, em 2007 com Casey Stoner. Por comparação, nesse mesmo período, a Yamaha ganhou 4 títulos com Rossi e Lorenzo, a Honda, 8 títulos com Nicky Hayden e Marc Márquez e a Suzuki, claro, apenas um com Mir.

Este ano, (e depois de vários quase-quase com um tal Dovizioso, que se apresta a pendurar as botas no final desta época) tudo indica que estão em linha para repetir esse sucesso. Mas se o fizerem, será em circunstâncias muito diferentes e por razões muito diversas das da outra vez.

Por um lado, isto vem dos próprios pilotos, das personalidades diametralmente opostas dos dois: Se Stoner era puro talento, precisão levada ao extremo, seco e pouco emotivo nos comentários, Bagnaia é por contraste o típico italiano: Excitável, expansivo, e em pista, invencível um dia, com uma precisão e velocidade em curva assustadoras, só para parecer inconstante e cometer erros risíveis da vez seguinte.

Não sendo assim, já seria ele e não Quartararo a liderar o Mundial. Tecnicamente, os dois cenários também não poderiam ser mais diversos:

Na época de Casey Stoner, a Desmosedici estava longe de ser a máquina dominante que é hoje (mesmo nas versões com 2 anos!) e o Australiano venceu pela possibilidade dada pelos pneus Bridgestone de carregar a dianteira com total confiança à entrada de curvas, essencial para a sua confiança.

Tal feito tem sido impossível na presente época com o que a Michelin tem para oferecer. Isto tem levado os pilotos Ducati a optar sobretudo pela borracha macia, mais aderente, obviamente, mas que obriga a andar à frente, no fluxo de ar fresco, para o pneu não se destruir no pelotão devido ao calor irradiado pela proximidade dos outros.

Os riscos de ter de andar à frente estão bem patentes nas quedas algo frequentes de Bagnaia, Miller, Zarco, Martin e Bastianini, embora a este último poderíamos perdoar, lembrando que é um rookie.


Agora, a Ducati vence porque chega a ser 12 ou 15 Km/h mais rápida que as outras mas também mais eficiente à saída de curva, graças às invenções de Dall’Igna, que permitem mudam a altura da suspensão nas fases críticas para minimizar movimento e carregar os pneus.

Mais velocidade + maior capacidade de colocar a potência no chão = quase invencibilidade. O problema é que, com isso, a marca vence com 3 ou 4 pilotos e os pontos dividem-se…

Dito isto, Quartararo não tem conduzido nada mal a defesa do seu título na supostamente inferior Yamaha…e tem concentrado em si as vitórias da marca, segundo o próprio, à custa de correr riscos loucos e andar no limite grande parte da corrida, pelo que vem liderando o Campeonato.

Adivinhando-se uma série de provas favoráveis à marca de Bolonha, os próximos duelos vão ser críticos…e talvez o título volte mesmo para Borgo Panigale!


andardemoto.pt @ 8-9-2022 10:43:21 - Paulo Araújo

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