Teste Super Soco CPx - É agora que dizemos adeus à gasolina?
A marca asiática Super Soco reforça a sua posição no mercado das motos elétricas. A scooter de roda alta CPx surpreendeu pelas suas prestações dinâmicas. Mas será esta proposta zero emissões suficiente para dizermos adeus à gasolina?
andardemoto.pt @ 6-12-2021 17:23:34 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
Uma scooter urbana tem como objetivo principal
satisfazer as necessidades dos motociclistas que se deslocam na cidade.
Percursos de curta duração e que não exigem grandes velocidades. Atualmente,
uma moderna scooter 125 cc a combustão será uma excelente opção para estes
motociclistas, pois o seu preço acessível e os custos de manutenção aceitáveis,
tornam as scooters 125 “rainhas” dos meios urbanos.
Porém,
com a chegada de mais modelos elétricos, os motociclistas começam a ter à disposição
outras propostas. E o aumento do preço dos combustíveis tem vindo a acelerar a
mudança das preferências dos motociclistas portugueses para as scooters
elétricas. É aqui que entra a Super Soco CPx, a mais recente scooter de roda
alta da marca asiática.
A CPx
está dotada de um motor elétrico com uma potência nominal de 4000 watts,
instalado diretamente no cubo da roda traseira. Neste particular, a Super Soco
facilita a vida do utilizador, pois a jante está apenas aparafusada ao motor
patenteado através de quatro parafusos. Isto significa que, em caso de furo do
pneu ou troca do mesmo, por exemplo, será mais fácil remover a roda pois o
motor estará sempre fixo ao monobraço oscilante.
A
potência máxima gerada pelo motor é de 4 kW, ou 5,4 cv. Isto coloca a CPx numa
linha de equivalência com as scooters 125 cc a combustão, de acordo com a Super
Soco, não tanto pela potência, embora este seja o motor mais potente da marca
atualmente em uso na sua gama de motos elétricas, mas sim pelo facto de
disponibilizar uns bastante “saudáveis” 171 Nm de binário que ficam disponíveis
desde o primeiro momento em que rodamos o acelerador!
Escondido
em parte pelas carenagens de dimensões maiores do que uma normal scooter
urbana, quase a quererem dizer que esta é uma GT, encontramos um quadro em liga
de alumínio, de construção robusta e que favorece a leveza do conjunto. Na
realidade, a Super Soco CPx apresenta-se ao serviço bastante mais leve do que
as suas rivais a combustão: o peso é de 95 kg sem baterias! No caso da versão aqui
testada, de duas baterias, o peso atinge os 131 kg. Isto significa que cada
bateria tem um peso de 18 kg, o que não sendo leve, também não impede a sua
fácil remoção e transporte.
Com
linhas modernas, a Super Soco CPx apresenta-se bem construída, com materiais de
boa qualidade, e os acabamentos não apresentam falhas, sendo os ruídos
parasitos inexistentes, mesmo em pisos degradados. A ergonomia está bem
definida, com os comandos a “caírem” no sítio certo para os acionarmos sem
pensar, e a posição de condução, mesmo para condutores de maior estatura, é
espaçosa e deixa o condutor perfeitamente descontraído para se concentrar na
condução.
Neste
particular, e apesar da excelente proteção aerodinâmica, apenas não gostámos do
posicionamento do para-brisas dianteiro por ficar demasiado perto do condutor.
É elevado e de dimensão generosa, e nos momentos de subir / descer da CPx, isso
resultou, não raras vezes, em bater com o capacete no para-brisas.
A
distância entre eixos é curta, apenas 1365 mm. E isso nota-se assim que nos
sentamos aos seus comandos e descobrimos o confortável assento, largo e
comprido, posicionado a 760 mm de altura do solo. A plataforma plana é contida
de dimensões, e os pés têm de ficar numa única posição, sem grande liberdade de
movimentos, embora a posição seja confortável. Em contrapartida, há espaço para
transportar dois ocupantes facilmente, e isso é sempre de assinalar.
Silenciosa,
com uma resposta pronta aos impulsos no acelerador, a CPx revela uma excelente
capacidade para enfrentar os obstáculos urbanos. A direção leve e a resposta
ágil do conjunto permitem manobrar facilmente no meio do trânsito, e as
dimensões compactas permitem “esgueirar” por entre os espaços mais apertados.
Os 131 kg de peso mostram aqui a sua “leveza”, e a forma como a Super Soco CPx
“dança” de curva em curva é neutra, privilegiando as trajetórias mais largas
para manter a velocidade.
Ao
contrário de algumas motos elétricas com tanto binário disponível, a Super Soco
CPx revela uma entrega progressiva da força gerada pelo motor. As acelerações
garantidas pelos 5,4 cv de potência não são de “cortar a respiração”, mas não
desiludem, pelo menos até chegarmos aos 65 km/h. A partir daí, a velocidade
aumenta a um ritmo mais lento, pelo que será necessário realizar alguns
cálculos adicionais antes de decidirmos realizar uma ultrapassagem.
À
velocidade máxima de 90 km/h, disponível apenas no modo de condução Sport, a
estabilidade é assinalável. Para isso, muito contribui a roda dianteira de 16
polegadas, combinada com a traseira de 14 polegadas. Apesar dos pneus de série
serem pouco mais do que aceitáveis, mesmo em piso seco, a CPx revela reações
equilibradas e mostra-se fácil de conduzir, com a frente estável a maximizar a
confiança, um fator a ter em conta principalmente para quem tem menos
experiência no mundo das duas rodas.
Dinamicamente
competente e agradável de conduzir em percursos urbanos, a CPx acaba por ser
penalizada, ao nível da autonomia, se a tivermos de levar para percursos
extraurbanos, ou estradas mais “abertas”, que implicam maior velocidade.
As
baterias de iões de lítio da Amperex Technology Limited têm 60V e 45 Ah. A
Super Soco anuncia uma autonomia de 130 km em percursos urbanos. Em teoria,
essa autonomia é mais do que aceitável para quem reside e trabalha dentro da
cidade. Porém, é sempre necessário ter algum cuidado na forma como se acelera,
e aproveitar as descidas para deixar a CPx embalar sem consumir a preciosa
energia.
Neste ambiente, é sensato utilizar o modo de condução Eco, em que apesar da
entrega de potência ser igual aos restantes modos, a velocidade máxima está
limitada aos 45 km/h. Tendo em conta os limites do Código da Estrada e os novos
radares fixos que estão a ser instalados nas nossas cidades, esta velocidade é
mais do que suficiente e segura.
Porém,
nem todos os motociclistas vivem no coração da cidade. É aí que somos obrigados
a puxar pelos limites das baterias da Super Soco CPx. Com o modo Normal
selecionado, o motor bloqueia apenas aos 65 km/h. Uma velocidade já
interessante, mas que poderia ser mais elevada. Com mais velocidade temos
também de ter em conta que a autonomia desce drasticamente.
Neste teste, e com as duas baterias carregadas a 100%, o modo Eco apresentou no
painel de instrumentos LCD monocromático, de fácil leitura, uma autonomia
estimada de 280 km. Bastou trocar para modo Normal e a autonomia desceu
imediatamente para 180 km. E trocando para Sport, esse valor reduziu para os
140 km.
Em
andamento essas diferenças acentuam-se ainda mais, com o ritmo da perda de
energia em modo Normal a ser bastante superior ao expectável tendo em conta a
velocidade máxima permitida.
Utilizando exclusivamente este modo de condução em estradas nacionais, sem
muitas subidas, e sempre mantendo cuidado com o acelerador, foi possível
percorrer 80 km antes das baterias chegarem aos 20% de autonomia. Isso
significa que seria possível chegar à centena de quilómetros. Porém, fazendo o
mesmo percurso, mas sem grande progressividade no acelerador, a autonomia aos
20% chegou apenas aos 70 km. Uma ligeira diferença, mas que poderá fazer toda a
diferença.
Trocando
para modo Sport, e com a velocidade limitada aos 90 km/h, embora em
determinadas descidas mais pronunciadas tenha chegado aos 104 km/h, a
percentagem de bateria e respetiva autonomia desce a um ritmo que poderá causar
uma certa ansiedade, em particular aos motociclistas menos habituados a
veículos elétricos. Neste caso, a autonomia verificada antes de chegar aos 20%
de carga das baterias foi de apenas 60 km.
E o
que acontece quando chegamos aos 20% de bateria restante? A CPx, para além do
aviso visual, fica com a sua velocidade limitada aos 65 km/h. Pelo menos até
chegarmos aos 10% de bateria. Nesse momento, a velocidade limita-se ao máximo
do modo Eco.
Seria
interessante se a Super Soco tivesse instalado um sistema de regeneração de
energia nesta scooter elétrica, quer nos momentos de desaceleração, quer nos
momentos de travagem. Certamente seria possível à CPx apresentar uma autonomia
ligeiramente alargada e mais condizente com os 5.699€ (sem incluir documentos)
que a marca pede por ela.
Apesar
desta dificuldade em cumprir com as autonomias anunciadas, a Super Soco CPx
conta com a mais-valia das baterias poderem ser removidas para as carregarmos
num local que nos seja mais conveniente.
Apesar
do peso, as baterias da CPx são facilmente removidas da scooter. Ocupam todo o
espaço debaixo do assento do condutor, pelo que não é possível transportar aí
qualquer objeto. Pelo menos se usarmos as duas baterias, pois é possível usar
apenas uma, ganhando assim um espaço de 20 litros para pequenos objetos.
O indicador luminoso no topo da bateria apresenta o nível de carga atual. Basta
ligar ao carregador fornecido, de 15A, e a bateria ficará novamente nos 100% em
cerca de 3 horas, se não a deixarmos descarregar totalmente.
Um tempo de carga aceitável e até surpreendente se tivermos em conta outras
propostas elétricas equivalentes. Para aqueles que carregarem a bateria em
casa, convém ter em atenção que o ruído gerado pelo carregador é bastante
intenso.
Veredicto Super Soco CPx
No
momento final da análise a esta scooter elétrica, não consigo deixar de pensar
na questão original: será a Super Soco CPx aquela que faria com que eu deixasse
os motores a combustão?
Após algumas centenas de quilómetros percorridos, vários ciclos de carga
completos, e enfrentando meios urbanos ou estradas mais abertas, a minha
resposta é não. Digo não, pois a minha vida obriga a deslocações de distância
acima do habitual. Nos dias em que tive a CPx para teste, acabei por estar
sempre preocupado com os quilómetros que tinha de fazer, e nas vezes em que fui
obrigado a desviar-me do plano, a ansiedade da autonomia tomou conta da minha
mente.
Para
aqueles que procuram uma scooter exclusivamente para andar dentro da cidade, a
velocidades mais reduzidas, a Super Soco CPx mostra-se uma excelente
alternativa aos motores a combustão, com uma autonomia suficiente, uma dinâmica
interessante, e a qualidade dos materiais acima de qualquer reparo.
Por outro lado, as baterias são removíveis e carregam relativamente rápido.
Para viver com a CPx como meio de transporte diário é necessário alterar
bastante a forma como nos movimentamos, fazer concessões, e planear com
antecedência os trajetos a percorrer.
Neste teste utilizámos os seguintes equipamentos de proteção:
Capacete
– Shark Spartan
Blusão
– Macna Mountain Nighteye
Calças
– REV’IT! Orlando H2O
Luvas
– Macna Attila RTX
Botas
– REV’IT! Mission
Galeria de fotos teste Super Soco CPx
andardemoto.pt @ 6-12-2021 17:23:34 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
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