Centros de Inspeção insistem nas inspeções obrigatórias às motos

Segundo a Lusa, durante uma audição na comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação, Paulo Areal, presidente da direção da ANCIA, sublinhou a importância desta implementação para a segurança rodoviária.

"Portugal tem de definir se em janeiro de 2025 vai ou não arrancar com as inspeções dos motociclos, mas também, se não arrancar, que defina claramente o que é que quer", afirmou Paulo Areal. O presidente destacou ainda que o Estado tem sido incapaz de implementar uma medida considerada crucial para a segurança, mas frisou não querer acreditar que esta incapacidade seja intencional.

Paulo Areal apontou ainda dados preocupantes: afirma que cerca de 8% dos acidentes com motos em Portugal estão relacionados com questões técnicas ou falhas dos veículos e que no primeiro trimestre de 2024, 18,5% das vítimas de acidentes ocorreram em motociclos.

As inspeções periódicas obrigatórias para motociclos, triciclos e quadriciclos com cilindrada superior a 125 cc foram inicialmente estabelecidas há 10 anos. Contudo, a sua entrada em vigor tem sido sucessivamente adiada. Em dezembro passado, o anterior governo, liderado pelo Partido Socialista, aprovou um decreto-lei para adiar estas inspeções para 2025, uma decisão contestada por muitos motociclistas.

O custo destas inspeções foi fixado em 14,70 euros mais IVA, segundo o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT). Paulo Areal revelou que os centros de inspeção investiram cerca de 30 milhões de euros na preparação para estas inspeções. "A maioria dos centros teve de criar infraestruturas e adquirir e calibrar equipamentos, com um investimento de aproximadamente 150 mil euros por linha de inspeção em preços de 2016", explicou Areal.

A legislação, que deverá entrar em vigor em janeiro do próximo ano, prevê que as inspeções sejam realizadas "cinco anos após a data da primeira matrícula e, em seguida, de dois em dois anos". No entanto, várias organizações de motociclistas em toda a Europa contestam esta medida, argumentando que penaliza as alterações feitas aos motociclos, que muitas vezes contribuem para a melhoria da segurança.

O debate continua aceso, e a definição clara por parte do Estado sobre a implementação destas inspeções é aguardada com expectativa.