Teste Vespa GTS Super Sport 300 - Piccola Macchina

A silhueta não engana, estamos na presença de uma Vespa. Mas esta versão tem por seu nome GTS Super Sport, e faz por cumprir a sua promessa de emoções fortes. As próximas linhas têm muito estilo…

andardemoto.pt @ 24-1-2023 14:23:24 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte

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Vespa Supersport 300 | Scooter | GTS Super

“Il Vespone” era a alcunha dada às Vespas mais robustas e volumosas, que se serviam dos seus motores potentes para nos fazer sonhar com viagens maiores fora do circuito urbano. Há cerca de 20 anos (em 2003 surgiu a Vespa Granturismo) surgiu a primeira GT, incorporando este espírito desportivo com uma atitude moderna e provocadora, sem perder o ADN que a popularizou como máquina. 

Hoje estamos perante a sua última versão, renovada para 2023, contando com melhorias a nível ciclístico, estético e tecnológico, tendo a unidade testada o motor mais potente alguma vez montado numa Vespa, o 300 HPe.

De um modo bastante familiar, a visão fica reconfortada quando a observamos, as linhas seguem aquilo que associamos à palavra, e à custa de tanto sucesso, acabamos por admitir que estamos na presença de uma Vespa, e não de uma scooter. Mesmo os mais cinzentos personagens não conseguem deixar de sentir uma certa empatia pela pequena moto. Aqui, na nossa frente, temos um exemplar que se mostra atrevido nos seus detalhes em carbono, nos salpicos em tons laranja, na substituição dos apontamentos cromados por um bem mais rápido… preto. Até os novos espelhos são altamente estilizados!

A iluminação é agora full LED, os indicadores de mudança de direção surgem alternados com a luz de presença diurna, e há um certo futurismo que emana destas formas intemporais. O assento foi redesenhado para maior conforto e a instrumentação mantém a sobriedade clássica do modelo, integrando um painel LCD onde podemos aceder ao interface que nos permite ligar um smartphone através do sistema MIA da Piaggio. Estas são as alterações evidentes, porque mais adiante vos explicaremos os avanços ciclísticos que influenciam o seu comportamento.


E porque dificilmente conseguimos ficar parados com tanta promessa de adrenalina, a chave fica no bolso enquanto damos vida ao motor, graças ao novo sistema keyless. A cidade espera-nos, pronta para sorrir à sua passagem.

A simpatia gerada por esta moto é palpável. Não há um semáforo onde passemos despercebidos, sobretudo nesta Lisboa cosmopolita e cheia de visitantes que procuram a admirável mistura entre velho e novo, onde o passado ganha o ritmo frenético dos tempos que correm. A GTS encaixa neste espírito, o seu enquadramento fotográfico é sublime, seja parada, ou em andamento.

No segundo cenário, surgem os problemas de foco… porque é difícil andar devagar com este pequeno foguete. 

O motor monocilíndrico HPE com 278 cc debita 23,8 cv às 8250 rpm e 26 Nm às 5250 rpm, e tem uma resposta espevitada e alegre, quase imediata no punho e contínua na sua entrega. A sensação é a de que andamos sempre de peito feito, cheios de confiança de que a pequena Vespa conseguirá ganhar terreno rapidamente. Não há ultrapassagens impossíveis, não há espaço que não seja ganho com atitude… estamos num permanente estado de “faca nos dentes”, uns verdadeiros vândalos no trânsito. Há máquinas que nos deixam assim, incapazes de ser razoáveis e pacientes, e certamente esta é uma delas.

O seu parco peso e a curta distância entre eixos (1380 mm) transformam esta moto num brinquedo, e acabamos por nos questionar se não estamos a abusar da sorte… Mas a verdade é que ela não se ressente. O trabalho efectuado na nova geometria das suspensões (monobraço dianteiro com monoamortecedor, duplo amortecedor traseiro com ajuste de pré-carga) e a rigidez típica do quadro em ferro, fazem com que a sensação de estabilidade seja uma constante. Mesmo quando olhamos para as pequenas jantes de 12”, ficamos siderados com a capacidade que o conjunto tem de se manter imperturbável na maior parte das situações. Até a velocidade máxima de 140 km/h é facilmente alcançável em linha recta, sem recorrer a grandes malabarismos aerodinâmicos. 

Se a máquina pedia algum respeito pela história que carrega, o facto de sermos incapazes de manter a pose deve-se à sua enorme capacidade de entrega. Uma destreza dinâmica típica de uma 125 aliada a um bloco motriz capaz de envergonhar as rivais nas acelerações e recuperações, faz da Vespa GTS um pequeno brinquedo. Ao fim de uns quilómetros temos mesmo de a levar a sério, porque rapidamente entramos no capítulo da pilotagem.


Confessamos ser fãs absolutos desta tipologia de scooters, o meio termo ideal entre performance, agilidade e convivência diária, e acreditem que ficámos agradavelmente surpreendidos com a desenvoltura que a GTS nos demonstrou. Se existir algum senão no espectro dinâmico, teríamos de apontar a falta de mordacidade da travagem (discos de ⌀220 mm em ambos os eixos, ABS de dois canais). A potência está lá toda, mas a maneira como carregamos velocidade merecia uma resposta mais contundente no curso inicial da manete. No mesmo patamar de exigência técnica, temos um controle de tracção demasiado interventivo nos arranques mais quentes, mas que acreditamos ser uma ajuda electrónica fundamental para serenar os ânimos nos dias em que o piso se mostra mais traiçoeiro… Como tal, optámos por desligá-o durante a maior parte do tempo em que andámos com ela, sem dramas dignos de nota.

Era chegada a altura de parar de brincar, respirar um pouco e olhar para esta scooter num plano mais quotidiano, mais prático. O conforto do rolamento surpreendeu-nos pela positiva, o novo assento consegue ser espaçoso e acolhedor para o condutor e para o pendura, mesmo nas tiradas mais longas. Debaixo do mesmo, caberá um capacete aberto e mais uns pequenos volumes, e esta é a realidade incontornável de termos uma moto tão pequena, não podemos esperar milagres. O espaço de arrumos na consola central fica bloqueado se necessário e é aí que encontramos uma indispensável ficha USB para carregar os inevitáveis periféricos.

A qualidade dos acabamentos mantém um nível superior. A Vespa GTS Super Sport tem uma presença de topo de gama, e faz questão de se demarcar dos restantes membros da família. A escolha é bastante alargada, assim como a lista de acessórios disponíveis. 

Na incerteza de incorporarmos o espírito da marca, a verdade é que passamos grande parte deste teste curvados sobre o guiador e com os pés os mais chegados atrás possível, na busca da posição corporal ideal para garantir o domínio de uma velocidade que sempre nos pareceu vertiginosa. Os vespistas entenderão…

Há aqui uma conjugação de factores que fazem desta moto uma das melhores scooters que já testei nos últimos tempos. Para além do estilo icónico e intemporal, a maneira como se apresenta na estrada é tudo menos clássica. Tem garra e atitude desportiva graças à disponibilidade do seu motor e uma agilidade única para este segmento, resultante de uma ciclística muito bem trabalhada. Depois, todos os detalhes estéticos e tecnológicos que a caracterizam acabam por fazer da Vespa GTS Super Sport uma máquina à altura do culto que a persegue. O seu preço (versão GTS Super Sport 300 por 7.699 €) torna-a exclusiva, sobretudo se tivermos em conta uma concorrência com fortes argumentos no capítulo da praticabilidade. Mas a grande verdade é que os seus fiéis seguidores não ficarão desiludidos com esta última versão, e vão tentar convencer todos os outros que a sua Vespa é a melhor do mundo.


Equipamento:

Neste teste usámos o seguinte equipamento de protecção e segurança:

Casaco MACNA Oryon

Calças RSW Peter

Botas TCX RO4D

Capacete SPRINT Rocket


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Vespa Supersport 300 | Scooter | GTS Super

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