OPINIÃO

Os Contratempos

Vivemos numa sociedade repleta de desafios, metas e, inevitavelmente, desilusões.

andardemoto.pt @ 21-9-2024 17:30:00 - Adelina Graça

Todos os dias, o pequeno ecrã bombardeia-nos com variadas formas de tristeza, sejam elas guerras, incêndios ou sistemas que falham. O trabalho, cada vez mais exigente, raramente recompensa o esforço.

Às vezes, é difícil manter um sorriso nos lábios. No entanto, talvez seja exatamente por isso que aprendemos a valorizar nossas companheiras de aventura: aquelas que nos conduzem até o fim da rua, arrancando sorrisos do fundo das nossas emoções.

É necessário aguardar o fim do dia, ou da semana, para reencontrar a máquina que, com um rosnar desafiante, nos reergue o espírito. É preciso sair, explorar, permitir que o coração se encha de felicidade a cada ronco do motor, a cada engrenagem engatada, a cada brisa que passa, a cada paisagem e a cada cumprimento de outros motociclistas que, nas suas motos, nos acenam com alegria.

As "más ondas" dissipam-se com o vento que atravessa o capacete, e aos poucos, a paz e o sorriso retornam àqueles que realmente sabem o que os faz felizes. Nós, motards, temos essa sorte — a sorte de saber o que queremos e o que nos traz alegria. Infelizmente, outros podem passar a vida inteira a procurar essa resposta.

Quando olhamos para ela na garagem, sabendo que não poderemos andar naquele dia, a emoção e o sonho impulsionam a planear novas aventuras. Mas, no dia em que saímos porta fora, por vezes sem destino marcado, sabemos que nesse dia vamos ser felizes.

Atrevo-me a acabar esta crónica dizendo que o processo de crescimento pessoal e autoconfiança, passa também pela introspeção que fazemos atrás do pequeno vidro do capacete e que tantas vezes nos leva a relativizar todas as loucuras do dia a dia, trazendo de volta a felicidade.

andardemoto.pt @ 21-9-2024 17:30:00 - Adelina Graça