GP da Grã-Bretanha - A revolta dos preteridos
No regresso das férias, e no rescaldo das decisões tomadas à
mesa das administrações, assistimos a uma declaração de intenções por parte dos
preteridos da Ducati: Ennea Bastianini e Jorge Martin conseguiram os dois
primeiros lugares, tanto na corrida Sprint como no GP, demonstrando, em pista,
a inadequação da “escolha Marquez”. Foi a resposta sonhada num dia de festa: o
da comemoração dos 75 anos do Mundial de Velocidade.
andardemoto.pt @ 5-8-2024 15:59:16 - Texto: Vitor Sousa
O longínquo dia 17 de junho de 1949 esteve na mente de todos ao longo do fim de semana. Harold Daniell e a sua Norton 500 venciam a corrida mais importante do primeiro Grande Prémio do Campeonato do Mundo de Velocidade, no circuito de montanha da Ilha de Man. 75 anos depois, o “mundial” – agora chamado de MotoGP – regressou a casa, em Silverstone, para as devidas comemorações.
Os protagonistas vestiram-se de gala – com decorações históricas de motos, fatos e até capacetes – e a organização esmerou-se em eventos e declarações.
A pausa de verão acabou por ser de azia para alguns protagonistas. A peça que fazia mover todo o tabuleiro – Marc Marquez – finalmente mexeu-se, sendo confirmado na equipa de fábrica da Ducati. Preteridos foram Bastianini que conquistara a pulso o direito de ocupar o lugar, e Jorge Martin, o fenómeno espanhol que levou com a porta na cara quando o acordo já parecia fechado para se vir a sentar na mesma box que “Peco” Bagnaia.
Silverstone, por justiça divina ou esforço dos homens, encarregar-se-ia de, pelo menos, levantar questões (mais questões) sobre a “jogada” de Borgo Panigale (ou será de Ingolstadt?).
Espargaro ainda alimentou as esperanças dos fãs da Aprilia, ao arrancar a “pole” na qualificação, mas não conseguiria, nem na Sprint, nem no GP, “casar” os pneus com o asfalto britânico. Restavam, pois, os “ducatisti”: Bagnaia, Bastianini, Martin e Marquez, por esta ordem na grelha.
Na tarde de sábado, a corrida curta mostrou ao que vinham. Espargaro ainda salvou um pódio, mas apenas porque, na frente, quando comandava, Bagnaia caíu. Bastinani e Martin agarravam os dois primeiros lugares. Marquez foi sexto.
Já no domingo, Bagnaia foi para a frente e parecia intocável no seu comando confortável, até ter de começar a preocupar-se com a gestão dos pneus e com a matemática do campeonato. Se acontecesse nova queda, arrastar-se-ia para longe do seu maior rival no tema: Martin. O espanhol não se fez rogado, assumiu a liderança. Não esperava, provavelmente, que o endiabrado Ennea lhe desse caça. De tal forma que o forçou ao erro. De “porta aberta”, o segundo piloto oficial da Ducati foi para a frente deixando o seu rival da Pramac a fazer contas de cabeça. Afinal, o segundo posto era suficiente para assumir a liderança do campeonato, com três pontos de vantagem sobre Bagnaia, que se deu por feliz com o terceiro lugar.
Marquez ainda sonhou com o pódio, mas não passou daí. A presença próxima de Giannantonio obrigava-o a manter um olho no “retrovisor”.
Espargaro, em sexto, colocava a única não Ducati entre os oito primeiros.
OLIVEIRA SAÍU MAIS CEDO
Num momento em que já se sabe que Miguel Oliveira não continuará na Trackhouse e que os ventos o empurram na direção da Yamaha Pramac, o português vai fazendo o que pode. Depois de sair de P15 na grelha (quarta Aprilia), fazer P10 na sprint (melhor Aprilia privada), a sua reconhecida regularidade e gestão poderia levá-lo ao top10 na corrida principal, mas as esperanças num bom resultado acabaram na primeira volta ao ser abalroado por… Raul Fernandez, seu companheiro de equipa!
MOTO 2: VITÓRIA CASEIRA
Vitória épica de Jake Dixon (primeira do ano) na categoria intermédia com a Kalex-Triumph da CFMoto, após uma luta sem quartel com Aron Canet (Fantic Racing) que só se resolveu na última volta e provocando uma festa enorme nas bancadas que desde 2013 não viam a bandeira nacional subir ao mastro central no Moto2.
Celestino Vietti (Red Bull KTM Ajo) fechou o pódio. Sergio Garcia (MT Helmets MSI), foi quarto e mantém a liderança do campeonato.
MOTO3: CHEGADA DE LOUCOS
Final impróprio para cardíacos no Moto3, a fazer lembrar as suas corridas mais épicas, com um equilíbrio total entre os mais rápidos, constantes trocas de posições e muita gente a entrar na última volta em posição de vencer. Puro motociclismo de competição!
Os sete primeiros cortaram a meta em pouco mais de meio segundo (0,548s). O vencedor acabou por ser Ivan Ortolá (MT Helmets-MSI), o espanhol que festava o seu 20º aniversário no próprio dia. Completaram o pódio, o líder do campeonato David Alonso (CFMoto Aspar) e Collin Veijer (Liqui Molly Husqvarna).
O Campeonato do Mundo prossegue no fim de semana de 16 a 18 de agosto no circuito austríaco de Red Bull Ring- Spielberg.
Todos os resultados do MotoGP em: www.motogp.com
Galeria das pinturas alusivas ao 75º aniversário:
andardemoto.pt @ 5-8-2024 15:59:16 - Texto: Vitor Sousa
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