MotoGP 2025 – França O dia em que Zarco reescreveu a história

Johan Zarco reescreveu os livros de história, impondo-se na categoria principal de um GP de França, 71 anos depois da vitória de Pierre Monneret em Reims. Miguel Oliveiraregressou, esteve à porta de um excelente resultado, mas caiu.

andardemoto.pt @ 12-5-2025 19:13:32 - Texto: Vitor Sousa

A previsão meteorológica apontava para a chegada da chuva sobre o circuito Bugatti, em Le Mans, no momento em que a principal corrida do fim de semana estaria para começar.

Como quase sempre acontece neste local, a chuva vai e vem e deixa toda a gente na incerteza, de nariz no ar e palma da mão voltada para cima, na tentativa de adivinhar quando, e com que intensidade, vai chegar a tormenta.

O cenário era perfeito e o público aderiu como nunca. Mais de 300.000 passaram pelas bancadas do Bugatti durante o fim de semana. Os mais otimistas não tinham dúvidas –depois da primeira pole position do ano e da exibição em Jerez, Fabio Quartararo iria deixar a sua marca neste Grande Prémio gaulês.

Afinal de contas, para além da melhoria em motivação, o francês da Yamaha contava ainda com o motor evoluido que a marcatestara no dia a seguir ao GP de Espanha.Toda essa expectativa cresceu ainda mais no momento em que o herói local assinou a pole-position para o fim de semana, confirmando o bom momento.

Na primeira linha da grelha teria a companhia da família Marquez, Marc melhor que Alex. A segunda linha tinha um prometedor Fermin Aldeguer, que começava a evidenciar-se, Viñales, de novo melhor entre as KTM e um desiludido ‘Pecco’ Bagnaia que, ao contrário do colega de equipa, optou por não estrear um quadro novo.


Miguel Oliveira, cumpria as primeiras sessões após a longa ausência que vinha desde o GP da Argentina, procurando retomar o conhecimento da moto, e recuperar o apuro físico. O português, com a Yamaha da Pramac quedou-se pela 20ª posição, apenas superando o piloto de testes da Aprilia (que continua a substituir Jorge Martin).

Na tarde de sábado, a corrida Sprint não traria grande novidades à narrativa deste campeonato. Pela sexta vez consecutiva este ano (todas as provas!), Marc Marquez e Alex Marquez terminaram nas duas primeiras posições. Quartararo, que levara as bancadas ao delírio comandando as cinco primeiras voltas, perdeu não só para os dois espanhóis, mas ainda para um terceiro.

Fermin Aldeguer partiu mal, desceu a quinto, mas recuperou até à terceira posição conseguindo o seu primeiro pódio no MotoGP na época de ‘rookie’. Oliveira cortou a meta na última posição.O outro francês.

A corrida de domingo teria um início atribulado. Perante a indecisão do chove-não chove,toda a gente sai para a volta de aquecimento com pneus slick, numa corrida já declarada‘flag-to-flag’. Porém, a pista estava húmida e a ameaça de chuva mantinha-se. Resultado,todos diretamente para a box para montar pneus de chuva.

A direção mostra bandeira vermelha e decreta procedimento ‘quick-start’. O tempo passado entre uma coisa e outra, fez com que a pista secasse em muitos locais. Consequência: muitos pilotos concluem a volta de formação da grelha diretamente para a box. E recuperam as motos com pneus slick.De acordo com as novas regras, seriam todos penalizados com uma dupla ‘long-lap’.

Entre os que optaram por manter os pneus de chuva e formaram na grelha estavam Miguel Oliveira e… Johan Zarco.


De novo com toda a gente na grelha de partida, a corrida ia finalmente começar. Logo no início, na entrada da chicane Dunlop, tendo em conta as diferentes opções de pneus, o pelotão compacta-se e gera-se o caos. Entre as vítimas, Bagnaia (que já caíra na véspera, sem pontuar).

Quartararo segura o comando e é o primeiro a cumprir uma ‘long-lap’. Parecia encaminhar-se a corrida do francês para um bom resultado. Mas a chuva voltou e a vida complicou-se a todos os que haviam partido de ‘slicks’.

Entre quedas e trocas de moto (denovo) a corrida dá uma cambalhota. Quartararo cai perante o desânimo geral dos fãs locais, mas da confusão emerge Zarco que, na carambola da primeira volta escapara por pouco à queda, cortando a meta em P17 no final da primeira volta. O francês devolve o ânimo às bancadas e caminha para um resultado histórico.

A partir da oitava volta, o francês da Honda LCR mantém-se no comando e vai sempre dilatando a sua vantagem sobre os demais, acabado com quase 20 segundos (19,9s)sobre um cauteloso e inteligente Marc Marquez. Afinal de contas, viu os seus principais rivais saírem da corrida sem pontos. O irmão Alex caiu duas vezes, Bagnaia terminou P16e último.

Fermin Aldeguer consegue mais um pódio no fim de semana e foi uma das boas surpresas da ronda francesa.Zarco, esse fez história: o primeiro francês a vencer o GP caseiro depois de Pierre Monneret o ter feito, em Reims, no ano de 1954… há 71 anos. Zarco conseguiu ainda pôr fim à série de 22 vitórias consecutivas da Ducati, recorde em que igualou a Honda na jornada de Jerez.

Quanto a Miguel Oliveira, o piloto da Pramac, que optou por sair para a corrida com os pneus de chuva, manteve-se em prova apesar das dificuldades. Chegou a ser segundo,foi perdendo andamento, mas um lugar nos 10 primeiros parecia perfeitamente ao alcance quando… a oito voltas do fim, caiu. Era sétimo na ocasião.

Na frente do campeonato, de dois pontos de atraso, Marc Marquez passou para uma liderança com 22 pontos de vantagem sobre o seu irmão. Bagnaia já está a 51.

O melhor piloto não-Ducati é agora o de uma Honda (Zarco, claro), em sexto lugar, com 16 pontos de vantagem sobre o seu mais direto rival e conterrâneo Fabio Quartararo… quem diria?!

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andardemoto.pt @ 12-5-2025 19:13:32 - Texto: Vitor Sousa


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