OPINIÃO - Conversas com números

As marcas de motos que estão na "tola" do pessoal

Hoje vamos falar de vendas de motociclos e ciclomotores e das marcas que os portugueses comprariam, se comprassem. Se as vendas de motos em Portugal duplicassem, será que o ranking das marcas que estão nos primeiros 10 lugares se mantinha? 

andardemoto.pt @ 23-4-2017 09:30:00 - António Morgado

Para tentar responder à pergunta anterior, analisei todos os dados que tinha disponíveis sobre o assunto. Alguns desses números vão ficar aqui para vossa análise e eventuais conclusões. 

Na minha opinião, segundo a análise que fiz, a resposta é não. Algumas marcas iam manter e talvez reforçar a sua posição no Top 10, mas outras iam baixar, não por demérito, mas pela entrada de outras nesse Top 10. Em resumo, o ranking não seria igual. Mas o verdadeiro problema do mercado das motos em Portugal não é este, mas sim o facto de serem vendidas poucas unidades, apesar do crescimento que se registou no primeiro trimestre deste ano comparado com o trimestre homólogo de 2016.

Para terem uma ideia da dimensão dos mercados, em Espanha, só no passado mês de Março matricularam-se 10.986 motos.

Contas “redondas”, Espanha tem cerca de 4,5 vezes mais população do que Portugal, mas vendeu cerca de 7,7 vezes mais unidades (motos) em 2016.

Perante estes números, não é assim tão absurdo falar de vender o dobro de motos em Portugal. Vá lá, sejamos mais modestos e fiquemo-nos por 1,5 a mais das vendas em 2016, para não igualarmos assim de repente os espanhóis, dado que para os igualar, as vendas tinham que aumentar 1,7 vezes as de 2016.

Segundo a ACAP, vejamos quais foram as marcas de motos que mais venderam em Portugal em 2016.

Motociclos: as 10 marcas mais vendidas no ano de 2016.


Ciclomotores: as 10 marcas mais vendidas no ano de 2016.


Como já referimos registou-se um crescimento de vendas no primeiro trimestre deste ano relativamente ao trimestre homólogo de 2016. As vendas de motociclos cresceram 15,1%, representando 525 unidades e nos ciclomotores verificou-se um crescimento de 29,6%, correspondendo a 105 unidades.

Motociclos: as 10 marcas mais vendidas no 1º trimestre de 2017.


Ciclomotores: as 10 marcas mais vendidas no 1º trimestre de 2017.


Em tempos não muito longínquos, quando pensávamos nas cinco e até nas três primeiras marcas de motos, vinha-nos imediatamente à memória um determinado grupo. 

Entretanto, em número de unidades vendidas, algumas marcas mantêm as posições, outras nem tanto, e ainda outras treparam posições.

Mas voltemos ao que nos vinha à memória e que os especialistas e os pretensos especialista, eu incluído, chamam de Top-of-mind, que é como quem diz, “vem de imediato à tola do pessoal”. 

Nos últimos anos, o “arranjo” do top 5 e até do top 10 sofreu manifestas alterações. Se pensavam que determinadas marcas continuavam a fazer parte desse grupo dos três primeiros ou mesmo dos cinco primeiros, esqueçam, pelo menos para já.

As vendas indiciavam qualquer coisa de estranho, mas como sei que nem sempre o que nos vem à tola corresponde ao que vende mais, achava que talvez fosse uma questão temporária resultante de qualquer coisa no intrincado processo de comunicação, distribuição e ponto de venda.

Quando no ano passado olhei para alguns indicadores obtidos no estudo sobre motos, já referido aqui no conversas com números, verifiquei que não. Houve de facto mudanças.

Como é que determinadas marcas descem tanto na tola das pessoas e no caso, nem sempre assim é, descem também nas vendas?!

O referido estudo mostra que das cinco primeiras marcas que estavam na tola dos portugueses nem todas permanecem e outras passaram a marcar presença.

E quando perguntado aos portugueses com 18 e mais anos que marca de moto compraria, os resultados são os que se podem ver na imagem que se segue:

Pelo que se observa, apenas algumas coincidem com os primeiros lugares em vendas.

Este facto deve-se à diferença entre a parte emocional (eventual sonho) e em grande parte à notoriedade da marca, fruto de uma boa e eficaz comunicação. 

Mas quando chega a hora da verdade (a compra), algo falha, ou faz falta, ou a razão impõe-se... Tirem as vossas conclusões.

Há depois as outras, aquelas que são desejadas e efectivamente adquiridas, provavelmente pela força da razão, da capacidade financeira, da utilidade e da força da comunicação adaptada e eficaz, digo eu, mas a conclusão será vossa, mais uma vez.

E quando perguntado qual a marca de scooter que comprava, o resultado é o que se pode ver na imagem seguinte:

O mesmo raciocínio se aplica às scooters dispensando mais conversa.

Os resultados que vimos, relembro, são fruto de perguntas feitas a residentes em Portugal com 18 e mais anos.

A análise é feita, como podem verificar, para esses (universo total) e para os motociclistas, uma parte do universo em estudo. Como seria de esperar, junto dos motociclistas obtemos resultados diferentes, embora em alguns casos, sigam a tendência do resto da população.

Vejam os resultados e tirem as vossas conclusões, e já agora, não me venham com a conversa de que não é assim porque eu, porque os meus amigos, porque as pessoas que eu conheço... Estes resultados foram obtidos através de uma amostra representativa da população portuguesa e não junto dos vossos ou nossos amigos.

Em baixo há espaço para comentários, como já devem ter reparado. Aguardo pelos vossos palpites sobre as marcas ou marca que mais perdeu recordação e vendas, as ou a que mais ganhou, críticas e o que mais vos vier à cabeça. 

Muito obrigado!

andardemoto.pt @ 23-4-2017 09:30:00 - António Morgado


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