Teste Lambretta V125 Special - Ícone Renascido
Do fundo do imaginário de muitos, a Lambretta surge renascida e pronta para enfrentar o futuro da mobilidade urbana com muito charme e um comportamento que surpreende e não desilude.
andardemoto.pt @ 22-12-2020 07:39:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
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Lambretta V125 Special | Scooter | Scooters 125ccNão há quem não saiba o que é uma lambreta! Muitas vezes referida como sinónimo de scooter, a Lambretta, depois de ter preenchido o imaginário de muitos europeus durante a segunda metade do século passado, ressuscitou novamente e chegou ao nosso mercado, como um sinónimo de estilo e alta mobilidade.
A Lambretta faz parte da história mundial. Remonta a 1947 o primeiro modelo da marca que foi um dos agentes sociais mais importantes da reconstrução da Itália do pós-guerra, a par com a Vespa. Mas enquanto a marca da Piaggio representava Roma e a sociedade urbana, a Lambretta representava Milão e a sociedade rural.
De 1947 a 1971 a Lambretta espalhou-se pelo mundo, e respondeu aos anseios de mobilidade de uma Europa que despertava para uma revolução social, tornando-se num ícone universal, tendo inclusivamente ajudado a inflamar os anos sessenta no Reino Unido, com o fenómeno dos Mods, exemplo de uma geração que desconsiderava os Rockers e as suas decadentes e mal afamadas cafe racers, bem como os respectivos blusões negros cravados e cabelos com brilhantina, de nítida inspiração americana, picardia que culminou com a famosa batalha da praia de Brighton, em Maio de 1964.
A Lambretta foi também estrela de cinema, e muitos se hão-de lembrar da cena do filme Quadrophenia, em que Jimmy Cooper fica destroçado após ter enfiado a sua adorada e altamente personalizada Lambretta, debaixo de um camião dos correios...
A popularidade da marca começou a diminuir após 1971, quando uma empresa indiana comprou os direitos de produção e comercialização de todos os modelos da marca enquanto, na Europa, a Lambretta praticamente desapareceu do mundo das motos.
Recentemente, o KSR Group, que entre outras actividades também se dedica ao desenvolvimento e produção de soluções de mobilidade que vão desde as pequenas trotinetes eléctricas a motos e quads, começou a comercializar a Lambretta, que agora já está disponível em Portugal pela mão de um importador nacional, a MotoXpert.
Simplicidade é o que melhor define esta nova Lambretta. A V Special 125 tem.um irresistível estilo, evocado pelas suas linhas inconfundíveis e pela universalidade do nome da marca.
Como seria de esperar no actual contexto económico mundial, a produção tem lugar na China, mais corretamente em Taiwan, mas os componentes foram encomendados a um especialista, a SYM, que empresta o quadro e o motor da Fiddle III para servir de base a esta nova V Special.
Assim, a nova Lambretta mantém a tradicional motorização com refrigeração a ar, que ainda assim lhe confere uma potência de 10 cavalos e uma velocidade máxima em plano a rondar os 90km/h, praticamente isenta de vibrações.
O pequeno propulsor monocilindrico arranca com enorme facilidade, mostra uma genica suficiente para se desembaraçar dos engarrafamentos e, nos semáforos, consegue facilmente manter-se na frente da corrente de trânsito, ao mesmo tempo que parece ter uma reserva de potência para proporcionar ultrapassagens fáceis.
A transmissão automática tem um desempenho neutro, que torna a condução extremamente intuitiva e suave.
O consumo padrão indicado pelo fabricante é de 2,8 litros/100km, mas abusando um pouco do punho direito, o depósito com capacidade para 6 litros de combustível apenas confere autonomias a rondar os 150km.
Adaptar o esqueleto da Fiddle à pele da Lambretta foi uma tarefa que não deve ter sido fácil para a Kiska, empresa austríaca bem conhecida pelo seu contributo para o motociclismo, a quem o projecto de design foi confiado.
A comprová-lo estão as linhas menos horizontais da nova V Special que, além do quadro mais arredondado, tiveram que embeber uma forquilha diferente da original. No entanto, ninguém dirá que a V Special não é uma Lambretta e fui várias vezes abordado por curiosos que repetiam o popular dito “Até choras para andar de lambreta”.
Por isso posso concluir que, no cômputo geral, o resultado é bastante positivo, tanto em termos estéticos como em termos mecânicos, com a Lambretta a mostrar uma grande suavidade de funcionamento, isenta de ruídos parasitas e vibrações, e uma qualidade de construção muito acima da média.
A ciclística destaca-se pela grande agilidade e facilidade de manobra, com a suspensão a beneficiar do baixo peso do conjunto e a garantir um excelente conforto, filtrando com bastante eficácia as maiores irregularidades do piso, mas sem comprometer o comportamento em curva, mesmo a ritmos mais entusiasmados. Apenas o curto curso da forquilha obriga a algum cuidado a subir passeios.
A travagem conta com um sistema de acção combinada e discos em ambos os eixos, com as manetes a mostrarem uma boa resposta, tanto em termos de mordida como de dosagem. As rodas de 12 polegadas estão calçadas com pneus Pirelli Angel Scooter, facto louvável que ajuda a transmitir uma enorme confiança em qualquer tipo de asfalto.
Em termos de arrumação o porta-luvas situado no painel frontal tem espaço suficiente para guardar pequenos objectos, como chaves e carteira, e colocar o telemóvel a carregar, desfrutando da tomada USB disponível de série.
O porta bagagens debaixo do assento tem um volume razoável para transportar sacos de compras ou uma pequena mochila, mas a sua largura não permite que se lá guarde um capacete a sério, apenas um pequeno jet.
A plataforma praticamente plana, além de facilitar o acesso, permite transportar sacos, mochilas ou caixotes com bastante facilidade, e nem sequer lhe falta um gancho para pendurar sacos.
Apesar de bastante compacta, a ergonomia é boa, com o assento bastante confortável e imenso espaço para as pernas, mesmo para os condutores mais altos. O assento a 800mm do chão não constitui problema para os condutores de estatura mais baixa, e garante um bom conforto ao passageiro.
Os comandos das luzes e buzina estão bem colocados e o canhão da ignição, com a chave a salvo dos joelhos do condutor, destranca o porta-luvas e o porta-bagagens.
Os espelhos retrovisores estão bastante bem colocados e não apresentam vibrações, e tanto o descanso lateral como o cavalete central são fáceis de utilizar.
A iluminação é integralmente em LED, com o farol a mostrar um foco bastante potente e bem direcionado. O painel de instrumentos é bastante legível, recorrendo a um ecrã de cristal líquido que exibe indicador de nível de combustível e relógio, a par com um totalizador de quilómetros parciais e as demais funções obrigatórias.
Dentro do segmento das scooters 125cc podemos encontrar modelos mais potentes ou mais baratos, mas nenhum terá o charme nem a personalidade desta Lambretta que permite um grande nível de personalização.
Dos porta bagagens cromados, para a frente e para trás, aos painéis de carroceria de diversas cores intermutáveis, há todo um universo que permite ao orgulhoso proprietário adaptá-la às suas necessidades e gosto. Pode vê.los no site do importador oficial da Lambretta em Portugal, a MotoeXpert.
Equipamento
Neste teste, a @danielaguedesarruda estava equipada com:
- Capacete DMD Vintage Jet
- Luvas Holyfredom Bullit
- Blusão Black Arrow Gipsy
- Botas Dr. Martens
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Lambretta V125 Special | Scooter | Scooters 125ccandardemoto.pt @ 22-12-2020 07:39:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
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