Teste Bullit Bluroc 125 - Racer urbana
Concebida para enfrentar o trânsito urbano, esta pequena brat de 125cc destaca-se pelas linhas simples de design retro, pela grande facilidade de condução e pelo seu preço, bastante acessível.
andardemoto.pt @ 24-11-2020 10:21:10
O paradigma do motociclismo tem vindo a mudar substancialmente nos últimos anos. A urgência de uma maior mobilidade urbana que facilite o distanciamento social, caíu como mel nos planos de algumas marcas europeias que desenham as suas motos como resposta à nova realidade da mobilidade, mas de acordo com as preferências estéticas do velho continente.
Para poderem proporcionar preços acessíveis, estes fabricantes encomendam a sua produção à cada vez mais incontornável e sofisticada indústria chinesa.
A Bullit é uma dessas marcas, cuja gama assenta em modelos de baixa cilindrada, de inspiração retro, concebidos a pensar nas pequenas deslocações urbanas diárias ou em pequenos passeios ao fim-de-semana.
Construída com materiais de boa qualidade e pormenores de acabamento bastante bem concebidos, a Bullit Bluroc 125 de 2020 é um bom exemplo de que o estilo e a funcionalidade não estão apenas disponíveis nas motos das grandes e marcas.
O motor é um monocilindrico a quatro tempos, refrigerado a ar, concebido com base no mítico motor de 124,5cc da Suzuki, que animava as incansáveis GN 125, e que hoje em dia é produzido na China, por diversos fabricantes, sendo praticamente genérico neste tipo de motos.
As suas prestações não são, obviamente, estratosféricas, mas com os 11,6cv que debita, cumpre com distinção a tarefa de nos levar do ponto A ao ponto B, em ambiente urbano, sem qualquer tipo de problemas, apenas apresentando vibrações significativas já bem perto do limitador de rotação, para lá das 7.000 rpm.
O arranque é suave e instantâneo, o som emitido pelo escape é muito agradável e os consumos são efectivamente baixos, sobretudo numa utilização que favoreça médias horárias entre os 60 e os 85 km/h, mais ou menos equivalente a regimes de rotação entre as 5.000 e as 7.000 rpm, em quinta velocidade, quando os consumos de combustível rondam os 3 litros aos cem.
A caixa de cinco velocidades é extremamente suave, bastante precisa, com a manete da embraiagem a revelar-se também bastante leve no seu accionamento.
No entanto a quinta velocidade funciona mais como um overdrive, destinada a manter o embalo em traçados planos, acusando imediatamente qualquer subida, por mais suave que seja, obrigando ao recurso à caixa de velocidades.
O trem dianteiro conta com uma forquilha telescópica convencional, com os hidráulicos protegidos por foles de borracha, que assim também contribuem para o aspecto nostálgico do conjunto. A roda, de 17 polegadas, conta com um impressionante disco de travão de 295mm e uma pinça de 3 pistões.
O trem traseiro conta com um braço oscilante em tubo de aço, suportado por dois amortecedores com um sistema de molas de dupla tensão. A roda, de 17 polegadas conta também com disco de travão 205 mm e maxila hidráulica de pistão simples. Os pneus são de medida 110/70 em ambos os eixos.
A travagem é suficientemente doseável para transmitir confiança, mas a Bluroc não está equipada com ABS, antes apresenta um sistema hidráulico combinado que acciona ambos os travões em simultâneo, independentemente de se utilizar o pedal ou a manete, e a sua eficácia é bastante boa, mesmo apesar de os pneus cardados não contribuírem para uma tão grande aderência quanto os pneus de estrada normais.
Por falar neles, nos pneus, cuja marca (Yuanxing) confesso que não conhecia, serão também, devido aos tacos, os responsáveis pelo maior nível de vibrações que se sente a velocidades mais elevadas.
A suspensão revelou-se bastante agradável, conferindo grande conforto, mesmo nos pisos mais irregulares, sem comprometer a agilidade do conjunto, nomeadamente a firmeza em curva e a rápida mudança de direção.
A ergonomia é boa, mesmo para os condutores de estatura mais elevada, mas o tamanho da Bullit Bluroc 125, favorece sobretudo as estaturas mais baixas, que podem beneficiar da pouca altura do assento, para poderem apoiar ambos os pés firmemente no chão.
O baixo peso do conjunto, uns meros 110 kg a seco, contribui para uma grande facilidade de manobra, mesmo à mão, e facilita a operação de colocar o cavalete central que é equipamento de série. O descanso lateral é igualmente bastante fácil de usar, e conta com corte de corrente, que impede que se corra o risco de, inadvertidamente, começarmos a andar com ele activado.
Recebi esta Bullit Bluroc com apenas 5 quilómetros marcados no odómetro. Ainda assim, pouca foi a dose de cuidado com que enfrentei os primeiros quilómetros. A pequena brat não despoletou nenhum sinal de alarme, pois os travões funcionaram na perfeição desde a primeira travagem, e mesmo a goma dos pneus cardados não foi razão para qualquer falta de confiança.
Era um indício de que a montagem tinha sido bastante cuidada, confirmando-se ausência de ruidos parasitas e de chocalhos. Obviamente que o pequeno motor se mostrava ainda um pouco dormente, mas ao cabo de 200 quilómetros de utilização, em pequenas voltas, a resposta ao acelerador já se notava bastante mais rápida.
Claro que também há pormenores de que gostei menos! Um, o que me impressionou mais, foi a qualidade de algumas das soldaduras do quadro, que se mostram pouco cuidadas, não negando a sua génese de moto de gama económica.
Por seu lado, o pequeno painel de instrumentos surpreendeu-me pela sua excelente visibilidade. Completamente digital, em LCD negativo, proporciona uma leitura fácil sob qualquer luz e, apesar de não incluir relógio, disponibiliza conta-rotações, totalizador, indicador de mudança engrenada e nível de combustível no depósito.
No entanto, nos dias mais frios, o vidro tem tendência para condensar a humidade, impedindo uma leitura completa do mostrador.
A iluminação é em LED, sendo única excepção o farol que conta com lâmpada de halogénio (mas que garante uma boa visibilidade), e que inclui luzes de presença em LED, numa configuração bastante interessante.
O depósito de combustível merece destaque pelo tampão com fechadura e de estilo “racing”, e pelos 14 litros de capacidade, que podem chegar a permitir autonomias na casa dos 400 quilómetros.
Em termos estéticos a Bullit Bluroc consegue chamar atenções. As linhas retro, as rodas raiadas, os pequenos farolins, o grande disco dianteiro, os parafusos de boa qualidade, muitos deles cromados, e o assento plano, são favorecidos pela qualidade da pintura, que se estende ao motor que se apresenta pintado de negro, para um “look” ainda mais “cool” que causa muito virar de cabeça.
E efectivamente tive alguns automobilistas a perguntarem que moto era, e a concordarem que está muito gira. Alguns, perante a pouca popularidade da marca, arriscavam a perguntar se era um modelo novo de alguma das míticas marcas britânicas...
Mais giro ainda é o preço, bastante mais em conta, mesmo quando comparado com algumas 125cc de outras marcas congéneres, sendo em termos qualidade de construção, se não melhor que algumas, será pelo menos igual!
Equipamento
Neste teste, a @danielaguedesarruda estava equipada com:
Capacete Biltwell Gringo S
Luvas Biltwell Moto
Blusão Invictus Olympia
Botas Dr. Martens
andardemoto.pt @ 24-11-2020 10:21:10
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