Teste Suzuki V-STROM 1050DE - Competente e Refinada
A Suzuki subiu a parada para a sua aventureira de alta cilindrada. Chega em 2023 mais tecnológica e mais apta para sobreviver aos maus caminhos. Fomos andar nela!
andardemoto.pt @ 27-6-2023 00:23:55 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Rui Jorge
Longe vai o ano de 1988 quando a primeira DR-Z800, conduzida por Gaston Rahier, impressionou tudo e todos no Rally Paris-Dakar, com o seu desempenho e o seu icónico para-lama dianteiro em estilo “bico de pato”.
Não tão longe, mas 2002, nasceu a primeira versão da V-Strom 1000, apresentada então como uma “maxi trail”, ainda antes do mercado reconhecer as vantagens desta tipologia de moto.
Em 2014, a V-Strom teve sua segunda geração, apresentando carenagens diferenciadas, com um guarda-lamas elevado, saída de escape por baixo e equipada com controle de tração.
Seria apenas em 2020 que chegaria a terceira geração da V-Strom maior, então definida como 1050 graças ao seu motor de 1.037 cc, disponível em duas versões, uma delas algo mais especializada e tecnológica, um pouco mais adaptada a uma utilização fora de estrada, denominada de XT.
Ambas apresentavam um motor mais potente e com mais binário e já incorporavam uma maior assistência eletrônica à condução, chamada S.I.R.S (Suzuki Intelligent Ride System). Destacavam-se pelo icônico guarda-lamas dianteiro inspirado nas DRZs do passado.
Para 2023, a Suzuki melhorou a V-Strom 1050 em resposta à demanda do mercado.As novas 1050 e 1050 DE (Desert Express), apresentam uma arquitetura comum de motor e quadro, mas têm diferenças de geometria, com medidas e componentes da ciclística que proporcionam mais conforto para viagens longas e uma melhor resposta em asfalto, na versão base, e uma maior especialização offroad, sem abdicar da sua utilização em estrada, na versão DE.
E foi precisamente esta versão DE, que a Moteo, o importador nacional da Suzuki Motos, pôs à disposição dos meios de comunicação especializados, para um teste bastante completo.
Partindo de Estremoz, em direção a Castelo de Vide, com regresso por Campo Maior, pude completar cerca de 250 quilómetros de estradas diversas, desde as mais remotas e degradadas, às modernas vias rápidas, que me permitiram avaliar o desempenho desta verdadeira “papa-léguas”.
Com uma ciclística completamente redesenhada, que inclui um braço oscilante mais longo, uma maior distância entre eixos e altura livre ao solo, um maior curso de suspensões e uma roda de 21 polegadas na dianteira, a renovada Suzuki V-Strom 1050 DE não teme nem os maus caminhos, nem a estabilidade necessária para enfrentar a estrada mais contorcida ou os caminhos mais degradados.
Com uma afinação da suspensão bastante desportiva, mas completamente regulável, tive necessidade de retirar um pouco de carga da mola do amortecedor traseiro (tarefa fácil graças ao regulador remoto convenientemente instalado debaixo do assento), sobretudo para proteger um pouco o fundo das costas e garantir um pouco mais de tração na saída das curvas, sobretudo as que mostravam pisos mais irregulares.
A forquilha KYB mostrou-se perfeitamente capaz de digerir os maiores impactos, contribuindo para a sensação de robustez que o conjunto proporciona.
A posição de condução, por seu lado, mostrou-se perfeita, e apenas tive que me habituar à grande altura do conjunto, que tão só me permitia colocar no chão as biqueiras das botas, para não ser surpreendido pela “falta de chão”.
Sim, um dos grandes problemas que alguns motociclistas vão encontrar nesta moto será a grande altura do assento ao solo. Apesar de a ficha técnica referir 880 mm, a largura do assento, que diga-se de passagem é bastante confortável, rouba alguma altura de perna. No entanto o fabricante disponibiliza um assento opcional mais baixo.
O painel de instrumentos, em TFT a cores e 5 polegadas de diagonal, reflete a simplicidade que o pacote eletrónico apresenta. Com menus bastante intuitivos e uma sinalética simplificada, apesar da grande quantidade de informação que disponibiliza, a sua leitura é fácil e rápida, assim como as alterações que a eletrónica permite.
O Suzuki Intelligent Ride System (S.I.R.S.) disponibiliza 3 modos de entrega de potência, 3 níveis de intervenção do Controlo de Tração, que também pode ser desligado através de um botão dedicado, e ainda um modo G (de gravilha) para condução fora de estrada, que retarda a resposta ao acelerador e permite que a roda traseira patine ligeiramente, para ajudar nas manobras mais técnicas.
Em estrada aberta, o Cruise Control é mais uma comodidade.
Na mesma lógica, também o ABS, que é controlado por uma unidade de medição de inércia, pode igualmente ser regulado em dois níveis de intervenção, além de poder ser desligado.
Ainda na travagem, o sistema combinado permite que ao travar a roda da frente, seja simultânea e automaticamente ativado o travão traseiro, garantindo uma maior estabilidade já que o sistema consegue inclusivamente compensar a inclinação do piso e a carga carregada na moto, aplicando mais ou menos força de travagem na roda traseira, evitando a sua descolagem do piso, maximizando a eficácia.
O sistema assegura ainda a funcionalidade de “Hill Hold Control”, que mantém a moto travada durante 30 segundos após a paragem numa subida, sem ser necessário pressionar a manete ou o pedal do travão.
Tudo isto contribui para uma elevada sensação de confiança, que se agradece sobretudo nas situações que exigem uma condução mais empenhada, e sem retirar prazer à condução, coisa que o “velho” bicilíndrico em V a 90º não se nega a oferecer, graças às grandes intervenções técnicas de que tem vindo a ser alvo ao longo da sua impressionante carreira.
A sua excelente entrega desde baixa rotação, torna a condução bastante despreocupada, com a opção de, sempre que necessário, permitir aumentar o ritmo e desfrutar do quick shifter integral que, nestas novas versões, é equipamento de série.
Numa condução mais entusiasmada, nota-se alguma inércia nas mudanças de direção, consequência de um centro de gravidade relativamente elevado e também do efeito giroscópico causado pela roda dianteira de 21 polegadas de diâmetro. A travagem é contundente, com uma vincada mordida inicial na roda dianteira, que contrasta com a suave intervenção do travão traseiro.
O guiador largo, que se adapta perfeitamente à condução em pé, a barra de suporte para o GPS com uma tomada acessível no discreto painel de instrumentos, os comandos ergonomicamente colocados, a grande visibilidade proporcionada e o conforto proporcionado pelo assento e suspensões, tornam o posto de condução perfeito para enfrentar grandes tiradas em quaisquer circunstâncias.
Pena o ecrã pára-brisas não ter uma regulação fácil, já que apenas apresenta duas posições, sendo necessário recorrer a ferramentas para alterar a sua altura. No entanto, na posição mais elevada, apesar de não ser muito alta, consegui chegar ao fim do dia com o capacete praticamente livre de insetos e sem problemas de turbulência.
O motor tem um caráter calmo mas consistente ao longo de toda a faixa de regime, com uma resposta pronta ao acelerador eletrónico e uma boa elasticidade que permite uma grande despreocupação com a caixa de velocidades cujo escalonamento foi muito bem conseguido.
O som emitido pelo escape é bastante interessante, com uma nota grave que desejamos fazer cantar com a ajuda do quickshifter.
Resumindo, a Suzuki V-STROM 1050DE é uma moto honesta, que cumpre tudo o que promete, perfeitamente capaz de enfrentar grandes viagens por qualquer caminho desde que não se lhe exijam prestações enduristas.
O seu peso e a sua grande altura do assento ao solo podem ser um argumento dissuasor para os motociclistas de estatura mais baixa, mas o seu aspecto imponente, a excelente qualidade de construção e o grande nível de equipamento de série são argumentos que os motociclistas mais exigentes não vão deixar de apreciar.
E ainda, graças a sistemas como o Easy Start (arranque com apenas um toque) e o Low RPM Assist (que controla a aceleração automaticamente durante o arranque e evita que o motor se vá abaixo), vai agradar também aos motociclistas menos experientes.
Para os menos aventureiros, a Suzuki disponibiliza uma versão base da V-Strom 1050 com uma vocação mais estradista, que utiliza os mesmos motor e quadro, mas que está equipada com uma jante dianteira de 19 polegadas e uma suspensão com menos curso, que a tornam mais leve e lhe conferem uma significativamente menor altura do assento ao solo.
A Suzuki V-STROM 1050DE está disponível em 3 opções cromáticas, destacando-se a nova versão azul e branca, da amarela e da negra.Com um preço de € 15.999,00, que merece destaque pelo nível de acessorização que oferece, esta Suzuki tem uma boa relação qualidade/preço, para além de ser competente e refinada.
Equipamento
andardemoto.pt @ 27-6-2023 00:23:55 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Rui Jorge
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