Teste QJMOTOR Fort 4.0 - Conforto e Desempenho
Recentemente apresentada como porta estandarte da gama de scooters da QJMOTOR a Fort 4.0 chega ao nosso mercado com grandes ambições graças à sua qualidade de construção e elevado nível de equipamento. Fomos testá-la.
andardemoto.pt @ 9-7-2024 11:32:51 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
A minha relação com esta maxi-scooter começou em Matosinhos. Fiz-me à estrada com ela, depois de um almoço tardio, meio perdido, como sempre, nos arredores do Porto, pois não me dei ao trabalho de emparelhar o ecrã da Fort 4.0 com o meu telefone.
Fluindo hesitantemente através do intenso trânsito portuense, rapidamente cheguei à área de serviço de Gaia para abastecer.
Com o depósito de 14 litros atestado preparei-me mentalmente para a entediante viagem até Lisboa, pela A1. Com o objetivo de chegar a casa antes da hora de ponta, comecei por manter uma velocidade constante, no limiar de uma contravenção grave.
A primeira questão que me ocorreu foi sobre a autonomia da Fort 4.0. Quando, ou melhor, onde iria ter que parar para reabastecer? E seria capaz de aguentar naquela posição imóvel durante quanto tempo?
Cálculos feitos, convenci-me que iria ter que fazer uma paragem, provavelmente na Área de Serviço da Mealhada, apenas para esticar as pernas e beber um café, e outra na AS de Santarém para reabastecer e ganhar ânimo para a etapa final até casa.
No entanto, com todo o conforto que a Fort 4.0 proporciona, graças às excelente proteção aerodinâmica, ao confortável assento e à boa ergonomia, embrenhei-me nos meus pensamentos e, quando dei conta, já tinha passado Pombal quando a luz da reserva de gasolina se acendeu.
Com poucos quilómetros para chegar à AS de Leiria, fiz mentalmente contas ao consumo. Nada mau, pensei. Efetivamente, o contador da bomba marcou 12 litros quando o depósito ficou novamente atestado, o que ao cabo de 180 quilómetros representava uma média de aproximadamente 6,6 litros aos 100. Um pouco mais do que se poderia esperar de um motor de 350cc, não fosse o facto de ter passado cerca de hora e meia a elevados regimes.
Voltei à estrada fazendo contas de cabeça a quanto tempo de viajem faltava para chegar ao denso tráfego lisboeta. Com sorte iria chegar mesmo antes das 18 horas, por isso enrolei punho, baixei um pouco o ecrã pára brisas (o comando elétrico é realmente uma mais valia) inclinei-me para a frente e aproveitei para ver do que a Fort 4.0 é realmente capaz.
Com a estrada praticamente vazia, o conta-quilómetros, ligeiramente exagerado, chegou a marcar 165 quilómetros por hora, mas o GPS desmentia e indicava uns menos ilegais 147/149 km/h.
Atento aos controlos de velocidade, mantive o ritmo até à entrada de Lisboa. Apesar de ser um dia de sol, a viagem foi afetada por muito vento, mas devido ao peso de 213 Kg (em ordem de marcha) nem mesmo quando apanhava fortes rajadas laterais estas interferiam na estabilidade a alta velocidade, considerando até o ecrã pára-brisas elevado quase ao máximo e o meu avantajado volume.
Ao cabo de uma hora, quando entrava na Ponte 25 de Abril, a luz da reserva voltou a acender. O odómetro parcial marcava apenas 150 quilómetros, sendo o excesso de consumo justificado pelo regime de rotação mais elevado. Quando voltei a abastecer, no dia seguinte, registei uma média de 7,1 l/100km.
Se em autoestrada o teste estava mais do que feito e com nota positiva, a verdade é que praticamente apenas tinha andado a direito e a solo. Sendo uma maxiscooter, por definição, uma moto polivalente, aproveitei para, durante uns dias, lhe dar uma utilização mais polivalente.
Aproveitei para ir ao supermercado, ir almoçar com amigos, umas vezes com passageiro e outras a solo. Graças à instabilidade meteorológica desses dias, ainda pude beneficiar da proteção aerodinâmica durantes os frequentes aguaceiros, sob os quais, nos pequenos trajetos, apenas molhei o capacete e as luvas.
Numa utilização diária, a Fort 4.0 não é obviamente tão ágil como uma scooter 125cc. Mais pesada e volumosa, necessita de um maior cuidado no meio do trânsito e, como não está equipada com travão de estacionamento e o descanso lateral é pouco fiável, é necessário bastante cuidado na forma como se estaciona, preferencialmente sempre em ligeira subida, já que se a subida for demasiado inclinada é impossível usar o descanso lateral, pois a moto vai descair, e será necessária bastante força para a tirar do cavalete central.
A suspensão é confortável, mas basta um passageiro leve para que o caso mude de figura,
Os amortecedores traseiros são efectivamente pouco performantes, chegando ao fim do seu curso em desníveis pouco pronunciados, e de tão comprimidas que as molas ficam, a roda dianteira perde toda a confiança, tornado a condução, sobretudo a baixa velocidade, bastante errática.
Uns amortecedores e molas de melhor qualidade teriam sido uma boa aposta. No entanto, numa condução a solo, mostram-se perfeitamente ao nível do conjunto, não comprometendo o desempenho em curva, até porque, devido à pouca capacidade de inclinação lateral, a velocidade em angulo nunca pode ser exagerada.
Mas de resto a Fort 4.0, sobretudo quando comparamos o seu preço com o de scooters equivalentes de “marca premium”, apresenta argumentos muito convincentes, indo o destaque para a travagem, verdadeiramente impressionante pela sua potència e capacidade e modelação, para o muito espaço de carga (iluminado) existente debaixo do assento (capaz de aceitar um capacete integral e um jet).
Além disso ainda conta com pormenores como o accionamento sem chave, os interruptores retroiluminados e o painel de instrumentos digital onde nem sequer falta a indicação da pressão e temperatura de ambos os pneus. Dois “porta luvas” que ficam bloqueados quando se tranca a direção (um deles com tomada USB) também permitem, com confiança, guardar neles o conteúdo dos bolsos.
O motor, de arranque instantâneo e funcionamento suave, apresenta uma resposta rápida e uma subida de rotação linear, permitindo rimos bastante interessantes em estrada aberta, é potenciado por uma transmissão bastante reativa, sobretudo no arranque. A debitar 33,2cv às 7500rpm e um binário máximo declarado de 35,5 Nm às 6000rpm, a Fort 4.0 pode ser conduzida legalmente pelos detentores de carta A2.
Com uma altura de assento de 775 mm e devido ao seu formato amplo, os condutores de estatura mais baixa podem ter alguma dificuldade em apoiar os pés no chão, mas o baixo centro de gravidade ajuda a manter facilmente o equilíbrio.
Em resumo, tendo em conta o seu preço face à qualidade de construção e ao nível de acabamentos, a Fort 4.0 pode ser uma boa solução para quem necessite de uma alternativa de mobilidade exigente, capaz de uma utilização diária polivalente, com passageiro e com frequentes incursões em autoestrada. A boa resposta do motor e a excelente travagem contribuem para um grande prazer de condução e uma elevada sensação de confiança.
Confortável e espaçosa para ambos os ocupantes, com uma capacidade de carga acima da média e prestações dinâmicas muito aceitáveis, ainda apresenta um design agradável, com uma presença impactante e luxuosa.
Neste teste usámos o seguinte equipamento de protecção e segurança:
- Capacete HJC I91
- Luvas Rev'it Dirt 3
- Blusão Macna Proxim Night Eye
- Jeans REV'IT! Lombard 2 RF
- Botas TCX Climatrek Surround GTX
andardemoto.pt @ 9-7-2024 11:32:51 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
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