Teste Ducati Multistrada V2 - Evolução ou revolução?
Renovada com alterações significativas, como um novo motor e uma apreciável redução de peso, a Multistrada V2 foi recentemente apresentada ao mundo, e nós fomos testá-la nas serranias de Almeria.
andardemoto.pt @ 17-6-2025 12:46:49 - Texto: Helder Monteiro | Fotos: Marca
Evolução ou revolução? Estes são conceitos que muitas vezes empregamos quando testamos novos modelos de motos, e que na maior parte das vezes a palavra evolução acaba por ser a mais apropriada.
Tal é o caso da nova Multistrada V2, mas nela encontramos também revolução não só no novo motor, que deixa de ter distribuição desmodrómica, mas essencialmente na cura de emagrecimento do conjunto, sendo esse um dos principais objetivos dos engenheiros da marca na reformulação desta nova Multistrada V2.
Tratando.-se de um segmento muito preenchido, com vários modelos a disputarem a liderança nas vendas e no qual a facilidade de condução é essencial para o sucesso, foi com o propósito de avaliar essas qualidades que saímos do hotel, em Almeria, para as estradas montanhosas de Serra Nevada, mesmo ali ao lado, num cenário perfeito para experimentar e comprovar a ligeireza e facilidade com que, no papel, a Ducati já tinha demonstrado, numa apresentação, antes do jantar, na noite anterior.
Tinha experimentado a anterior Multistrada 950 há uns tempos e não fiquei particularmente fã da resposta do motor que, de alguma forma, comprometia a dinâmica de toda a moto, especialmente em ritmo mais calmo, de passeio, algo que neste segmento é uma parte importante da experiência de condução.
Estas motos são para os seus proprietários uma ferramenta para viajar, seja a solo ou acompanhado, e uma das características mais importante será ter um motor com uma resposta que, para além de razoável potência, essa seja entregue de uma forma linear.
Este novo motor é em tudo idêntico ao que a Streefighter e a Panigale V2 partilham, mas com algumas alterações para melhor servir o conceito da Multistrada que é fazer…adivinham? Muitas estradas!
Na Multistrada V2 encontramos uma caixa de velocidades diferente, cuja 1ª velocidade foi encurtada e a 6ª foi alongada. O volante do motor tem mais 20% de inércia de rotação para permitir mais suavidade, precisamente a baixa velocidade e nos arranques.
A Ducati parametrizou a potência gerada pelo motor V2 para um máximo de 115 cv registados às 10.750 rpm, e o binário de 92 Nm é atingido às 8.250 rpm, valores não muito diferentes do modelo anterior de 950cc que registava 113 cv às 9.000 rpm.
A forma como a potència é agora disponibilizada e como a sentimos, é que faz toda a diferença, sendo neste caso uma brilhante evolução.
As alterações no motor ajudaram a criar uma curva de binário incrivelmente plana, com uns impressionantes 75% do valor máximo, sempre disponíveis entre as 3.500 rpm e as 11.000 rpm, o que permite que a moto navegue as estradas mais retorcidas com perfeição.
Este comportamento vivo do motor é ajudado pela admissão variável pois o novo sistema IVT desenvolvido pela Ducati faz com que as válvulas de entrada da admissão abram apenas o necessário em cada momento. A abertura é reduzida das válvulas de haste oca (para menor peso) nas rotações mais baixas, indo aumentando conforme rodamos o punho.
Ficam a ganhar as performances, mas também a facilidade com que circulamos sem quebras de potência ou solavancos e que se reflete no consumo de combustível.
A nova Multistrada V2 pesa menos 18 kg do que o modelo anterior, fixando-se agora nos 199 Kg em ordem de marcha, sem combustível, contribuindo para isso o peso do motor (apenas 54,9 kg) e também o novo quadro mono-coque em alumínio que a Multistrada V2 partilha com os restantes modelos de média cilindrada da marca (Panigale e Streetfighter).
Felizmente ainda temos “resquícios” das antigas máquinas de Bolonha, com a utilização na traseira de um subquadro de aço com o saudoso design em treliça… Salvé os deuses de Bolonha!
O motor funciona como elemento estruturante de todo o conjunto, levando a que o conjunto se sinta muito ágil e leve. Em estrada a Multistrada revela todo o seu esplendor, ajudada por uma proteção aerodinâmica melhorada, com um ecrã ajustável com apenas uma mão, defletores de ar laterais e uma posição de condução beneficiada pelo reduzido arco de perna que permite mais conforto por mais quilómetros, permitindo aproveitar a grande autonomia proporcionada pelos 19 litros de capacidade do enorme depósito.
As suspensões, totalmente ajustáveis e com 170mm de curso à frente e atrás, absorvem soberbamente as irregularidades da estrada, com um feedback muito direto. Diria mesmo com um “toque” de desportividade que tão bem caracteriza qualquer modelo da marca, favorecendo o comportamento dos pneus Pirelli Scorpion Trail II instalados nas jantes de alumínio fundido de 19 polegadas na frente e 17 polegadas atrás.
Apesar dessa desportividade, náo me parece que isso vá sacrificar o conforto em viagens mais longas que os apenas cerca de 100 km do ensaio que tive a oportunidade de fazer, pois apesar de terem sido a um ritmo rápido pelas serras de Almeria, o conjunto nunca se revelou exigente em termos físicos, mostrando-se sempre fácil a fluir quase intuitivamente de curva em curva.
Na travagem o excelente conjunto dianteiro com dois discos semi flutuantes de 320 mm, pinças Brembo monobloco de 4 pistões com fixação radial, bomba radial e cornering ABS, demonstraram que estão à altura dos acontecimentos, sempre presentes em travagens mais exigentes nos muitos ganchos que encontrei pelo caminho, nunca acusando fadiga ou degradação da travagem, tal como o conjunto traseiro com pinça de 2 pistões também da Brembo.
No posto de condução, a parte superior do depósito é agora mais plana e mais baixa, e o novo painel de instrumentos TFT a cores, de 5 polegadas e com 3 info modes (road, road Pro, e Rally), está mais longe da linha dos olhos do condutor, dando mais visibilidade e permitindo uma melhor movimentação da direção.
A suspensão Skyhook, disponível no modelo V2 S, faz uma diferença notável na usabilidade do conjunto, especialmente para quem costuma viajar ou alternar frequentemente entre andar sozinho ou com passageiro.
Além de poder ajustar a pré-carga para diminuir a altura do assento (8 mm), com o toque de um botão (que está colocado numa posição de difícil acesso com o polegar), e escolher entre configurações de suspensão para acomodar passageiro e bagagem, também se pode ajustar entre diferentes modos em movimento, incluindo afinações sport, touring, urban, enduro e wet.
O equipamento eletrónico é do mais completo que existe no segmento, com quickshifter bidirecional 2.0, de resposta rápida e suave tanto em baixas como em altas rotações, e todos os auxiliares de condução típicos em motos premium, como o cornering ABS com 3 níveis de intervenção, o DWC (Wheelie control), DTC (traction control), EBC (Engine braking), Cruise control , fichas USB e sistema multimédia com conectividade, todos standard nas duas versões.
Como opcionais existem a navegação curva a curva, punhos aquecidos e monitor de pressão dos pneus.
Esteticamente a Multistrada não perdeu nada do seu pedigree de família, mas parece agora mais refinada, com linhas mais homogêneas em que os novos faróis e DRL (luzes diurnas), inspirados nas novas Panigale e Multistrada V4, lhe dão um perfil facilmente reconhecível.
De todos os três modelos que partilham este novo motor de 890cc, Panigale V2, Streetfighter V2 e Multistrada V2, a que me despertava mais curiosidade em conhecer no seu ambiente natural era precisamente a Multistrada.
E as expectativas não me saíram defraudadas pois se há conceito em que este novo motor encaixa bem é, sem dúvida, na Multistrada, revelando-se de facto um casamento perfeito, fazendo da V2 provavelmente uma das melhores crossover do mercado.
Em relação ao antigo modelo de 950cc existem realmente muitas diferenças, essencialmente dinâmicas, muito pela redução de peso de todo o conjunto que proporciona uma agilidade superior, mas também na forma como a potência é disponibilizada nesta nova Multistrada, e por tudo isso, parabéns à Ducati pela revolucionária evolução que encontramos neste novo modelo.
Estando disponível na versão base apenas no tradicional vermelho Ducati e na versão V2S em vermelho e num bonito e diferente verde Storm, conta ainda com as indispensáveis opções de bagagem, disponíveis num resistente tecnopolímero ou em alumínio.
Para quem lhe quiser dar um look mais off-road existe também a possibilidade de montar jantes de raios nas mesmas medidas de 19” e 17”.
As Multistrada V2 já estão disponíveis em Portugal com os seguintes preços:
- V2 - 15.720 €
- V2S - 18.075 €.
andardemoto.pt @ 17-6-2025 12:46:49 - Texto: Helder Monteiro | Fotos: Marca
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