MotoGP 2025 - Indonésia Do céu ao inferno
Em apenas oito dias, as festividades do Japão foram esquecidas e os pilotos que saíram de Motegi nas nuvens, caíram para as profundezas do inferno. Marc Marquez, de novo lesionado, Bagnaia arrastando-se penosamente durante todo o fim de semana. Quase não se dava pela estreia a ganhar do ‘rookie’ Fermin Aldeguer…
andardemoto.pt @ 8-10-2025 12:57:13 - Vitor Sousa
Título de pilotos conquistado em Motegi e um domínio absoluto por parte de Francesco Bagnaia no GP do Japão conferia à equipa oficial da Ducati um estado de felicidade e alegria como não se havia visto antes nesta temporada.
O seu piloto dominador do campeonato, Marc Marquez, voltara a fazer história conquistando, como há muito se esperava, o almejado nono título mundial e sétimo na categoria principal, após um hiato de seis anos. Do outro lado da box, pela primeira vez no ano, ‘Pecco’ Bagnaia encontrava o caminho do acerto, voltando aos seus melhores dias quando poucos acreditariam já ser possível, com um domínio inequívoco, rapidez e vitórias…
Tudo parecia perfeito e, finalmente, alinhado com os astros. Porém…
Numa reviravolta em que o azar se juntou ao inexplicável, a casa oficial da Ducati sofreu um profundo abalo, apenas uma semana depois, na Indonésia. É verdade que o circuito de Mandalika costuma trazer dados novos e provocar cenários alternativos à lógica do mundial… mas tanto?
As dificuldades de andamento começaram nos primeiros treinos, com Marquez a cair duas vezes na mesma sessão e a deixar no ar uma ‘nuvem negra’ que, por certo, traria tempestade. P9 na qualificação (a pior do ano), o novo Campeão do Mundo ainda salvou um sexto lugar na corrida Sprint. No GP, Marquez foi abalroado por um incauto Bezzecchi. A violenta entrada na gravilha provocou-lhe uma lesão grave no ombro direito (clavícula e ligamentos) que o vai tirar do que resta da ronda ásia-pacífico, falhando os GP da Austrália e Malásia.
Já Bagnaia… bem, o que dizer? P16 na grelha (penúltima fila), P14 (último!!!) na Sprint a cerca de 30 segundos do vencedor e a… 13 segundos (!!!) do penúltimo classificado. Para concluir da pior forma um fim de semana dramático, queda na corrida principal quando seguia em… último… Foi da moto? A mesma - de acordo com declarações do piloto na quinta-feira anterior - de Motegi, sem tirar nem pôr… Foi do calor (60º de temperatura no asfalto a ditar condições de competição completamente distintas)? Não sabemos.
E esse é o problema, ninguém sabe! Perdida nos seus enredos comunicacionais, incapaz de falar com clareza e transparência, a marca italiana (ou a sua formação oficial) continua a cozer o duas vezes Campeão do Mundo em lume brando… ou a atirá-lo directamente para a fogueira, como em Mandalika. A seguir…
Talvez não se vislumbrasse esta vitória. Apesar de ser apontado como talento e esperança, poucos viam em Fermin Aldeguer a capacidade imediata para triunfar em GP. Pódios, sim, vitórias, talvez na Sprint, mas para a corrida principal de cada evento, as coisas pareciam mais complicadas. Aliás, a sua irregularidade ao longo da temporada, própria de um rookie, sublinhe-se, dizia isso mesmo. E no entanto…
Uma coisa se lhe reconhecia: a capacidade de encontrar rapidez no final das corridas, quando o desgaste dos pneus impede outros de manterem o ritmo, Fermin aparece. As pobres condições de aderência do circuito indonésio, aliado aos azares alheios, criaram condições excepcionais para que Aldeguer conseguisse a sua primeira vitória. Primeira enquanto rookie (batendo um Pedro Acosta que, numa KTM, ainda persegue o primeiro triunfo) e a segunda mais jovem de sempre.
Aldeguer ainda esteve a um curto passo de fazer a dobradinha, já que na véspera, na Sprint, perdeu para Marco Bezzecchi na última volta.
A equipa Gresini - que continua a vencer com todos os seus pilotos - somou mais um fim de semana positivo, com Alex Marquez a completar o pódio de domingo, em P3.
Uma palavra obrigatória para as Aprilia. Por força das circunstâncias, eram só duas, mas tanto Bezzecchi como Raul Fernandez deram boa conta da tarefa. O italiano conseguiu a ‘pole’, terceira nos últimos seis GPs, venceu a Sprint depois de um mau arranque e só a queda no Grande Prémio o terá impedido, muito provavelmente, de sair de Mandalika com um ‘full house’... como o de Bagnaia em Motegi.
Já o espanhol da Trackhouse, apesar de duas corridas atribuladas, qualificou-se para a primeira linha (P3) e foi terceiro na Sprint e sexto no GP. Numa corrida onde também as Honda deram sinais de melhoras e Brad Binder ‘renasceu’ ao oferecer-nos a sua melhor exibição do ano. Tendo partido de P15 na grelha, levou a sua KTM até ao quarto lugar!
E Oliveira volta a pontuar. Num fim de semana complicado para as Yamaha (mais um) devido à fraca aderência do asfalto de Mandalika, Miguel Oliveira traz boas memórias da Indonésia (de novo), tendo conseguido a sua primeira passagem directa do ano ao Q2 e pontuado pela quinta vez consecutiva nesta temporada (P9 na Sprint, P11 no GP).
Desde a pausa de verão, o piloto português é o segundo melhor piloto Yamaha no conjunto dos resultados, com larga vantagem sobre Rins e Miller… o que, mais uma vez, põe em evidência a injustiça da sua dispensa.
O próximo Grande Prémio é o da Austrália e acontece a 18 e 19 de outubro.
Todos os resultados em www.motogp.com
andardemoto.pt @ 8-10-2025 12:57:13 - Vitor Sousa
Clique aqui para ver mais sobre: Desporto