As vantagens do ASB e do Controlo de Tração

As ajudas eletrónicas à condução são fundamentais para o aumento da segurança rodoviária, sobretudo no caso dos veículos de duas rodas. Mas não fazem milagres.

andardemoto.pt @ 14-8-2023 06:33:00

As ajudas eletrónicas à condução ajudam os motociclistas a ser mais rápidos e a poderem desfrutar mais da condução e da paisagem, pelo incremento de segurança e confiança que proporcionam. Mas, o facto de existirem, não implica que a condução e prudência mudem.

É indiscutível que, apesar de muitos motociclistas o negarem (há quem lhes chame "flat cyclists"), o ABS (Anti-lock Braking System ou sistema de travagem anti-bloqueio) e o Controlo de Tração, são responsáveis por evitar muitos acidentes e salvar muitas vidas. 
Evitar que a roda dianteira bloqueie sob travagem ou que a roda traseira patine sob aceleração é algo que todos necessitam, mas nem os melhores e mais experientes pilotos de motociclismo conseguem dominar a técnica sem a ajuda da eletrónica.

A infinidade de razões pelas quais essas situações podem acontecer e a sua imprevisibilidade, são tão avassaladoras que nenhum ser humano consegue antever ou preparar-se para as resolver. E ainda que isso acontecesse, a capacidade de reação humana é infinitesimalmente inferior à velocidade de processamento electrónico a que os atuais sistemas digitais conseguem reagir.


Quando a roda da frente bloqueia, a única resposta possível, para evitar um desfecho fatídico, é a de aliviar a manete, e consequentemente a intensidade da travagem, deixar o pneu desbloquear e voltar a rolar no piso, e travar novamente, com mais suavidade, caso haja suficiente sangue frio para tal, e rezar para que se esteja a reagir corretamente, com a intensidade e rapidez necessárias e que as situações de aderência não mudem naqueles metros consumidos pela velocidade de reação.

Com o controlo de tração passa-se o mesmo: quando a roda traseira, sob aceleração, descola do asfalto, sobretudo na saída de uma curva, a única resposta possível é desacelerar, esperar que o pneu volte a aderir, e acelerar novamente de forma mais suave, rezando para que ainda se esteja a reagir a tempo e que as situações de aderência se mantenham.

A intervenção do ABS e do Controlo de Tração acontece quando o sistema, que lê várias vezes por segundo a velocidade de ambas as rodas, depreende que uma delas está a rodar mais rápida ou mais lenta que a outra, e intervém seja a libertar pressão de travagem, seja a limitar a potência transmitida à roda traseira, para as voltar a igualar.

E como a análise e a resposta são calculadas e executadas automaticamente a uma frequência elevada, o ajuste vai variando em função da aderência do piso, garantindo que, no menor espaço temporal possível, a situação se resolve, muitas das vezes sem que o motociclista desconfie que poderia ter estado em grandes apuros, não fosse a sua intervenção. 

No entanto, lá porque as ajudas existem, não significa que sejam milagrosas. Foram desenvolvidas para funcionar sob certas premissas, baseadas numa condução normal, ainda que rápida, mas dentro dos limites impostos pelas condições de aderência e as leis da física. 


Como tal, na sua presença as travagens também não devem ser feitas com brusquidão, pois quando se ultrapassa a aderência do pneu e o ABS actua está-se, na prática, a aumentar a distância de travagem.

As acelerações tampouco devem ser feitas com brusquidão pois, quando o Controlo de Tração actua, está-se a perder velocidade. Com brusquidão consegue-se apenas desestabilizar a suspensão e alterar ainda mais as condições de aderência. Apesar das ajudas eletrónicas à condução estarem em permanente e exponencial desenvolvimento, nem todos os sistemas eletrónicos conseguem ainda mitigar o efeito das mudanças do centro de gravidade da moto, que causam a instabilidade do conjunto e que afetam a aderência dos pneus à estrada.

Muitos negacionistas das ajudas eletrónicas argumentam as vantagens destes sistemas com o perigo de acidente em caso duma eventual falha do sistema, mas isso não passa de desinformação já que em caso de avaria, estes sistemas eletrônicos ficam apenas desligados, não interferindo com os sistemas mecânicos, deixando o condutor em pleno, embora não assistido, controlo da moto.

Muitos não negacionistas acreditam que estes sistemas são apenas necessários ou úteis em situações de piso muito escorregadio e em asfalto, mas também estão enganados. Nas estradas há substâncias escorregadias em locais imprevistos, a aderência do asfalto muda frequentemente, mesmo em tempo seco, e na eventualidade de um furo, o comportamento da moto também muda, e é precisamente nessas circunstâncias que estes dois sistemas são valiosos.

Até em condução fora do asfalto estes sistemas podem ser uma grande ajuda, sobretudo para os motociclistas menos experientes.

De qualquer forma, o desempenho destes dois sistemas depende sobretudo do estado e conservação dos pneus e da sua capacidade de aderência.

E claro, há sistemas mais desenvolvidos que outros, uns que combinam a travagem da roda da frente com a da roda de trás, outros que trabalham em conjunto com a suspensão e o motor, uns que modelam a suspensão e a travagem consoante a inclinação da moto ou do piso e outros que até já incorporam tecnologia de radar para poderem garantir que a travagem é ativada para evitar um acidente. Mas isso é outra história.

andardemoto.pt @ 14-8-2023 06:33:00


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