Teste Piaggio Medley S 125 - Mobilidade Remasterizada
A scooter italiana de roda alta está de regresso com uma nova geração. Mais do que uma revolução, a nova Piaggio Medley S 125 é uma remasterização do conceito de mobilidade fácil.
andardemoto.pt @ 1-9-2020 07:38:00 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
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Piaggio Medley 125 Sport | Scooter | Até 125 CCAinda não passou um ano desde a última vez que uma Piaggio Medley passou aqui pelo Andar de Moto. Mas o mundo das duas rodas está em constante evolução e por isso a scooter de roda alta italiana está de volta para um segundo “round”.
E a verdade é que esta proposta da casa italiana não nos decepcionou e mostrou como a mobilidade pode ser fácil.
A nova Medley S 125 para 2020 não sofreu uma revolução, mas sim uma boa evolução, com a Piaggio a introduzir pequenas alterações que numa análise global conferem ao conjunto argumentos de mobilidade mais sólidos.
A maior novidade é o seu motor monocilíndrico. A nova Medley 125 S recebe a segunda geração do denominado i-Get, que embora se mantenha com homologação Euro4 – até final do ano será apresentada a versão Euro5, mas já conta com inúmeros componentes trabalhados para garantir uma maior eficiência tanto ao nível da performance, como também da economia.
A cabeça do cilindro é o componente que sofre maiores modificações. Foi totalmente redesenhada, com uma configuração adaptada para acomodar novas válvulas de maior dimensão, enquanto a única árvore de cames conta com um novo perfil que garante benefícios ao nível da eficiência de combustão traduzindo-se também em consumos reduzidos.
Ainda no interior do motor i-Get, a Piaggio colocou um novo pistão e redesenhou a câmara de combustão, dotou-o de um novo injetor e um corpo de acelerador 2 mm maior. No exterior salta à vista a nova caixa de ar e um sistema de escape que termina numa ponteira que, para além do maior volume, ajuda a reduzir o ruído do escape.
Tal como na primeira versão do motor i-Get, esta versão da nova Medley S 125 continua a manter a premissa de baixos custos de utilização e manutenção.
Por exemplo, o consumo médio de combustível é de apenas 2,5 litros permitindo facilmente autonomias de 250 km, enquanto a manutenção será pouco dispendiosa pois as habituais trocas de óleo acontecem a cada 10.000 km, enquanto a verificação de válvulas é feita a cada 20.000 km.
É quase uma certeza que este motor será no futuro aplicado a outros modelos Piaggio e Vespa, provavelmente já na sua versão Euro5.
Em comparação com a geração anterior, a nova Medley S 125 ganha potência, que sobe dos 12,1 cv para os 15 cv, mesmo no limite permitido para as 125 cc (carta B). Já o binário tem uma subida mais discreta, passando a ser de 12 Nm quando anteriormente era de 11,5 Nm.
Mas as novidades na Medley S 125 não se ficam por aqui!
Também exteriormente esta scooter foi alvo da atenção da Piaggio. Mas não perdeu os traços que a identificam como Medley. que a tornam numa das propostas mais atraentes do segmento. Principalmente no caso desta versão S, com detalhes específicos como a entrada de ar frontal sublinhada a vermelho que contribui para uma imagem cuidada e bem conseguida, a par com acabamentos muito bons e sem perder a elegância que lhe reconhecemos.
Para além disto, a aparência de certa forma luxuosa e desportiva é também mais “musculada”, fruto da utilização de um pneu traseiro mais generoso, com secção 120. E por falar em pneus, não convém esquecer o “upgrade” dos anteriores Maxxis para uns Michelin City Grip.
O anterior painel de instrumentos analógico deu lugar a um painel totalmente digital. Não é um ecrã TFT a cores. É um ecrã mais simples, em LCD, mas com bastantes informações disponíveis e que mesmo com a luz do sol a incidir diretamente permite uma fácil leitura das informações.
Neste particular, deixo apenas a nota de que o painel de instrumentos está posicionado mais abaixo do que devia. O condutor tem de olhar para baixo para ver o painel, deixando assim de prestar atenção à estrada.
Nesta Medley S 125 destaco também o sistema Piaggio MIA, disponível como opcional na versão normal da Medley. Este sistema multimédia permite emparelhar o smartphone com a scooter através de Bluetooth. A partir desse momento o condutor tem acesso a um conjunto de informações mais detalhadas sobre a scooter, mas também a hipótese de receberindicações GPS ou ouvir música.
A Piaggio criou inclusivamente um capacete específico, mas que não é obrigatório para se aceder e usar o MIA.
Em andamento, a Piaggio Medley S 125 sente-se compacta. A distância entre eixos é na realidade bastante curta, e com apenas 1390 mm entre o eixo de cada roda, a scooter italiana inclina-se bastante facilmente, com o peso concentrado na parte inferior, o que se traduz numa enorme confiança em curva.
Quem nunca conduziu uma Medley anteriormente e apenas conduza a nova, não vai notar. Mas a realidade é que quem, como eu, já teve a oportunidade de fazer muitos quilómetros com uma, vai sentir uma enorme diferença na estabilidade em inclinação. Apenas posso atribuir isso ao novo pneu traseiro de 120.
Apesar do assento alto (799 mm) a plataforma plana está bem posicionada em relação ao assento, tornando fácil encontrar uma posição de condução confortável, com muito espaço para as pernas.
Manobrar a baixa velocidade poderá ser algo complicado para quem tem pernas mais curtas, mas ainda assim não será problemático pois o conjunto é bastante equilibrado e o peso está bem dividido entre os dois eixos.
O motor revela-se silencioso e rápido nas acelerações até aos 100 km/h. A partir daí continuamos a sentir força mas numa dose menor até o motor entrar no regime de corte, altura em que estaremos a uma velocidade bem aceitável paramanter o ritmo numa autoestrada.
Em estradas mais sinuosas o motor i-Get não apresenta dificuldades em acompanhar os nossos desejos. Fica claro logo desde o primeiro momento que não é um motor para grande adrenalina, mas a forma progressiva como responde aos impulsos no acelerador, e a boa capacidade de recuperação a médios regimes fazem deste motor uma delícia.
No entanto a Medley S 125 será mais usada em cidade. E aí entra em ação o Piaggio RISS – Regulator Inverter Start & Stop. O sistema “adormece” o cilindro assim que paramos num semáforo, sem acelerar, ao fim de 1,5 segundos.
O dispositivo do Start & Stop está diretamente ligado à cambota, e isso significa que é super silencioso e entra em funcionamento rapidamente assim que tocamos no acelerador.
Claro que podemos desligar o Start & Stop se quisermos. A Piaggio colocou um botão dedicado no punho direito. Mas para ser sincero, não vejo qualquer benefício em desligar o sistema que já demonstrou ser fiável, e que nesta mais recente evolução ganha em rapidez de resposta ao contrário do que sucedia na anterior geração da Medley.
A estabilidade é outro dos pontos fortes desta scooter. As jantes de 16 polegadas (frente) e 14 polegadas (atrás) combinam na perfeição com a solidez estrutural do berço em aço que forma o quadro. Por um lado a Medley S aguenta-se na trajetória como se estivesse “colada” ao asfalto, e por outro lado as travagens acontecem de forma natural e sem dramas de maior.
Até porque o sistema de travagem revela-se muito eficaz. Os discos recortados em ambos os eixos são mordidos por pinças douradas que, para além do “look” premium, conseguem morder com força os discos e abrandar e parar a scooter com bastante facilidade.
O ABS da Bosch funciona na perfeição, e nem mesmo quando tentamos forçar o sistema a entrar em funcionamento notamos qualquer intervenção. Nota máxima!
As suspensões não apresentam falhas de maior. Talvez a afinação da forquilha dianteira pudesse ser um pouco mais macia para absorver melhor os muitos impactos derivados do mau estado das estradas portuguesas. Na traseira, e mesmo com passageiro e bagagem em cima, os amortecedores conseguem aguentar o esforço de amortecimento mesmo em ritmos mais elevados.
Falta-nos analisar o lado prático da Piaggio Medley S 125. Debaixo do assento cabem facilmente dois capacetes integrais, desde que não tenham “spoilers” exagerados. É um enorme espaço que dá para transportar imensos objetos, e quase não se sente a necessidade de instalar uma “top case” usando a base que a Piaggio fornece de fábrica
Escondido no avental frontal está um compartimento para objetos de menor dimensão. É aí que encontramos uma ficha USB para carregar o telemóvel. Infelizmente, e tal como acontece com o depósito de combustível, esta ficha não está bem posicionada.
No caso do depósito, o bocal fica baixo (na plataforma) e obriga a dobrar as costas ou os joelhos em demasia. No caso da ficha USB, esta está colocada na parte superior do compartimento dianteiro.
É quase necessário enfiar a cabeça lá dentro para encontrar a ficha. Dois pontos negativos que acabam por ser “esquecidos” quando percebemos que a plataforma plana permite subir e descer da Medley S 125 sem qualquer problema.
Começámos por dizer que a nova Medley S 125 não é uma revolução. É uma evolução, ou melhor, uma versão remasterizada de uma scooter que faz da mobilidade o seu maior argumento. Pode perder um pouco em agilidade para propostas de roda pequena, mas ganha muito em estabilidade e conforto, oferecendo uma dinâmica superior em curva.
O maior argumento é a sua capacidade de carga debaixo do assento. E tendo em conta o tipo de scooter, será difícil encontrar uma opção com tanto espaço para transporte de objetos e que não obrigue a usar “top case”.
Com um consumo reduzido (2,5 litros), um nível de acabamentos muito acima da média e um comportamento dinâmico apurado, não é fácil encontrar pontos negativos. Nem mesmo o preço é alvo de grande contestação: 3.350€!
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