Teste Honda Forza 750 - Power Scooter

Não é fácil definir a Forza 750. Não é uma acelera, mas tem mudanças automáticas e não é uma moto, mas tem caixa de seis velocidades e transmissão final por corrente…

andardemoto.pt @ 19-1-2021 07:55:00

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Honda Forza 750 | Scooter | Scooters

A Honda decidiu reformular a sua gama de scooters e substituiu a bem sucedida Integra 750 por esta nova Forza 750.

Na sua essência a diferença não é grande, e este novo modelo mantém as mesmas características, revelando-se um veículo confortável, rápido e seguro, fácil de conduzir e manobrar, mesmo com passageiro, para fazer pequenas ou grandes viagens e, ao mesmo tempo, enfrentar sem grandes dificuldades o trânsito urbano e as condições meteorológicas.

A estrela do conjunto, que torna esta Honda tão exclusiva, é, sem dúvida, a caixa de velocidades com embraiagem dupla. O DCT é um sistema exclusivo Honda que engrena automaticamente a mudança mais adequada a cada situação, e que inclusivamente reage à velocidade com que se enrola o punho direito, reduzindo automaticamente uma ou duas relações para garantir a aceleração mais rápida possível, ou engrenando a mudança acima para optimizar o consumo de combustível. 

O sistema também engrena automaticamente a primeira relação quando se pára, e também permite que a qualquer momento se engrene uma velocidade acima ou abaixo, através das duas patilhas colocadas ao alcance do dedo indicador e do polegar. Também permite usar o modo manual em que, com as mesmas patilhas, se engrenam as mudanças a nosso bel-prazer.

Além disso, os modos de condução (três pré-configurados) optimizam as relações de caixa, ao mesmo tempo que regulam o controlo de tracção, o nível de intervenção do ABS e o efeito de travão motor. Ainda disponibiliza um modo de utilizador que é completamente configurável em todos os parâmetros e que, inclusivamente, permite desligar o controlo de tracção. E não, o ABS não pode ser completamente desligado.

Mas não é só o DCT que é digno de nota. O motor bicilíndrico, de curso longo, reage instantaneamente ao acelerador e sobe de rotação de forma extremamente convincente, sem vibrações nem hesitações, com uma nota de escape muito interessante, permitindo andamentos bastante animados, com uma confiança excepcional que quase faz esquecer que estamos aos comandos de uma scooter.


Sobretudo quando se enfrenta uma estrada de curvas e se começa a exigir à ciclística mais do que seria aconselhável em qualquer outra scooter. O facto de o motor estar colocado em posição central, que confere uma melhor distribuição de peso e de o quadro ser extremamente rígido, conseguem transmitir uma enorme confiança.

Por seu lado, a forquilha invertida de 41 mm de diâmetro e a suspensão traseira Pro-Link, assente num braço oscilante em alumínio, promovem uma grande estabilidade, sem qualquer tipo de ondulações. É por isso fácil desenhar curvas com extrema precisão. 

A travagem também contribui para uma condução bastante confiante, pois tem potência suficiente para parar os quase 250 quilos de peso total da Forza 750, num curto espaço. 

As rodas de 17 e 15 polegadas (a Integra tinha ambas as rodas de 17 polegadas e foi assim que a Honda conseguiu aumentar o espaço de arrumação debaixo do assento), neste caso equipadas com pneus Bridgestone, garantem uma aderência muito boa, que estará - provavelmente - muito para lá das capacidades de um utilizador comum.  

Apesar do motor potente e da ciclística sólida, o que mais impressiona é o pacote electrónico que, além de contribuir para níveis de segurança bastante elevados, contribui igualmente para um grande prazer de condução.

Destaca-se o painel de instrumentos de 5 polegadas, em LCD a cores, e o interface de utilizador, bastante lógico e de configuração simplificada, gerido por dois botões e um “joypad” colocados no punho esquerdo.

Estes permitem escolher diversas versões gráficas, do ecrã onde é apresentada uma grande quantidade de informações. Inclui ainda um módulo de bluetooth que permite emparelhar um smartphone (por enquanto apenas android) e, no painel, ler mensagens de texto e visualizar a navegação, bem como emitir o audio para o sistema de inter-comunicadores do capacete. E ainda controlar tudo com o novo controlo por voz, o Honda Smartphone Voice Control.

A ergonomia é outro dos predicados da Forza 750, com o guiador a cair naturalmente nas mãos, os espelhos retrovisores muito bem colocados e a proporcionarem uma excelente visibilidade, espaço suficiente para os pés, o assento suficientemente largo para permitir longas tiradas e com uma altura bastante contida, a permitir apoiar ambos os pés no chão, mesmo aos motociclistas de estaturas mais baixas.

O passageiro usufrui igualmente de um assento amplo e de pegas bem desenhadas para as mãos, a permitem uma boa ancoragem e poisa pés de alumínio bem colocados. Beneficia ainda da suavidade das passagens de caixa automáticas, proporcionadas pelo sistema DCT, que evitam os desagradáveis solavancos e cabeçadas.


Ambos os ocupantes beneficiam de uma boa protecção aerodinâmica, sendo que o ecrã pára brisas poderia ter regulação, para promover um maior conforto, sobretudo ao nível da turbulência em redor dos capacetes.

Debaixo do assento o espaço já permite arrumar um capacete, um par de luvas e, eventualmente, um anti-furo ou um fato de chuva leve. Ainda em termos de aerodinâmica, os punhos estão bastante desprotegidos e, nos dias de chuva ou de maior frio, e sem contar com punhos aquecidos de série, a Forza 750 obriga mesmo à utilização de luvas bastante grossas. Vale-nos o facto de as manetes poderem ser reguladas em amplitude.

Quem pretender fazer longas tiradas vai seguramente sentir falta de um cruise control, um dispositivo que seria extremamente conveniente numa moto (ou scooter) adequada a longas viagens. Esta é uma daquelas decisões inexplicáveis do construtor nipónico que já tinha feito o mesmo com a primeira versão da Africa Twin 1000 “Big Tank”...

Outro aspecto menos positivo está no facto do pequeno porta-luvas, encastoado no painel frontal não ter fechadura, o que obriga a esvaziá-lo sempre que se estaciona...

Mas por outro lado, a Forza 750 tem uma série de outros gadgets que facilitam a vida de qualquer motociclista. É o caso dos piscas com auto-cancelamento e da função de travagem de emergência, que acende os 4 piscas sob forte travagem, ou ainda do sistema Keyless integral, que prescinde da utilização de chave, seja para dar arranque, para trancar a direção, ou para abrir o depósito de combustível ou o assento.

A iluminação, em LED integral, conta com um farol potente, que ilumina muito bem a estrada. E existe uma tomada elétrica debaixo do assento, que até é USB.

O travão de estacionamento é outra benesse, sobretudo quando se circula em ambiente urbano, sobretudo em locais onde é difícil encontrar pisos planos. É que, à semelhança das scooters normais, a embraiagem DCT também não permite deixar a moto engrenada.

Pena que a Honda não tenha investido num sistema automático, como o que é disponibilizado por alguma concorrência, em que o travão de estacionamento é activado em simultâneo com o descanso lateral. Ainda assim o cavalete central é equipamento de origem e fácil de usar.


Em termos de consumos a Forza 750 não desilude. A Honda anuncia valores teóricos de 3,6L/100km, mas quem quiser desfrutar de todo o potencial do modo desportivo, pode preparar-se para juntar mais dois litros a esse valor. Ainda assim, os 13,2 litros de capacidade do depósito permitem facilmente autonomias práticas (até à reserva) a rondar os 250 quilómetros.

Para concluir, e para ser sincero, não é que tenha ficado impressionado com a Forza 750 logo ao primeiro contacto. Apesar das linhas elegantes, a sua semelhança (em termos de condução) com a descontinuada Integra e a minha paixão pela X-ADV, foram as principais condicionantes. Isso e também o facto de me ter sido cedida uma unidade de teste de cor preta que, pessoalmente, acho ser a menos apelativa do catálogo.

Além disso, estava à espera de algo mais sofisticado, com níveis de acabamento superiores e requintes tecnológicos mais avançados, como por exemplo os botões iluminados ou o ecrã pára-brisas regulável em altura. 

No entanto, tendo em conta que se trata de uma scooter que se pretende sobretudo prática, o seu comportamento dinâmico, a resposta do motor, o DCT, o conforto a bordo e o bastante interessante pacote electrónico, sobretudo tendo em conta o preço final, de 11.500 euros, obrigam-me a admitir que esta é uma proposta muito interessante para quem precise de alta mobilidade.

Uma solução que aposta na polivalência e no prazer de condução, capaz de permitir, sem qualquer problema, uma utilização ao longo de todo o ano. Revelou-se bastante manobrável e ágil na cidade, com uma boa brecagem, muito equilibrada a baixa velocidade, suficientemente alta para galgar alguns passeios ou degraus e, sobretudo, extremamente segura em estrada, muito divertida nas curvas e perfeitamente capaz de enfrentar longas viagens, mesmo com passageiro. É uma Power Scooter.



Equipamento.

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