Teste Honda XL 750 Transalp - Elevado Potencial

A Honda actualizou a sua Transalp 750 para 2025. Mudanças subtis fazem toda a diferença e posicionam-na como uma das motos mais versáteis do seu segmento.

andardemoto.pt @ 16-2-2025 19:31:00 - Texto: Rogério Carmo

Depois de ter reinado durante mais de duas décadas (1986 a 2008) e desaparecido durante quase outras tantas dos catálogos da Honda, a Transalp ressurgiu renovada em 2022. Perdeu o motor de configuração em V e os seus dois cilindros aumentaram de volume e passaram a estar alinhados um ao lado do outro.

E como o mundo pula e avança, sobretudo quando o mercado assim o exige, a Honda decidiu apostar ainda mais na Transalp, dando-lhe mais argumentos para 2025.

O motor continua a ser o mesmo da versão lançada em 2022, que também equipa a Hornet 750. Um bicilíndrico paralelo que debita 92cv de potência, assentes num binário máximo de 75 Nm, capaz de excelentes prestações, com uma boa resposta desde os baixos regimes, lesto na subida de rotação e com uma nota de escape viciante. 

Mas esta nova versão viu a eletrónica melhorada, com os modos de entrega de potência ajustados. Mais novidades encontramo-las no painel TFT de 5 polegadas, comum aos modelos de 2025, X-ADV, Forza 750 e CB1000 Hornet, nos novos menus de configuração simplificados e no bloco de comandos do punho esquerdo, agora retroiluminado e com um joystick muito mais fácil de usar.

Os modos de condução continuam a ser seis: Standard, Sport, Rain, Gravel e dois “User”, personalizáveis pelo utilizador, permitindo desligar completamente o Controlo de tração e desligar o ABS na roda traseira.


Na estética, a carenagem frontal foi redesenhada e recebeu faróis mais eficazes e de aspeto mais moderno, tendo ficado mais aparentada com a Africa Twin.

Na ciclística, e apesar do quadro se manter inalterado, as suspensões Showa foram revistas, com a forquilha invertida de 43mm de diâmetro e 200mm de curso a mostrar-se ligeiramente mais macia, apenas para compensar a afinação mais desportiva do amortecedor traseiro, agora mais firme em compressão e lento em expansão, alegadamente para tornar o conjunto mais reativo e estável, mas sem lhe retirar o conforto.

Mantendo as rodas, de 21 polegadas na frente e 18 polegadas na traseira, a distância livre ao solo também permanece nuns muito convenientes 212 mm, assim como a altura do assento (850mm) e o peso do conjunto (210kg). Os travões também se mantêm inalterados, com uma boa dosagem e uma mordida convincente.

Apesar de não ter tido um contacto significativo com a Transalp de 2022, foi com agrado que marquei presença na apresentação desta nova versão de 2025, ainda mais por o evento decorrer no Algarve.

Depois de esclarecido sobre todas as modificações deste nova versão, algumas delas bem explicadas pelos próprios engenheiros japoneses envolvidos no seu desenvolvimento, que a Honda enviou para responderem às questões dos jornalistas presentes nesta apresentação, foi altura de me sentar aos seus comandos.

Tal como é frequente acontecer com os modelos Honda, logo nas primeiras curvas o sentimento de confiança que a extrema facilidade de condução imprime, faz parecer que tudo é familiar e resultado de muitos quilómetros de utilização. Tudo é fácil e quase instintivo. Não intimida, mas também não desilude. E normalmente depois até surpreende.


O posto de condução é espaçoso, agora mais agradável graças ao novo painel e ao novo bloco de comandos, a proteção aerodinâmica é bastante boa e, do motor, não se sente radiação de calor.

Durante a rota definida para a apresentação dinâmica, através das retorcidas estradas das serranias do sotavento algarvio, que incluiu um curto mas respeitável percurso em terra, fiquei bastante surpreendido com o desempenho desta versão de 2025. Nem parecia a mesma moto que, anos antes, não me tinha deixado completamente convencido. 

A excelente nota de escape, a grande disponibilidade do motor, a agilidade em manobra, a facilidade de inserção em curva, a confiança que inspira tanto no asfalto como na terra, deixaram-me agora completamente rendido.

Em asfalto, num andamento bastante vivo, acompanhando o ritmo das curvas com a batuta do quickshifter, travando forte e acelerando sem poupar combustível, o nível de satisfação ultrapassou de longe o satisfatório, mostrando-se muito mais divertida e oferecendo mais confiança do que muita moto de maior gabarito.

Fora do asfalto, numa retorcida estrada de terra que em alguns troços apresentava um piso muito pouco firme e inclinações bastante pronunciadas, surpreendi-me com a facilidade com que, apesar da minha pouca vocação para apanhar pó e lama, a Transalp se mantinha na trajetória que lhe pedia. Isto mesmo usando apenas o modo Gravel, que apesar de reduzir a intervenção do ABS e do controlo de tração, não os desliga por completo (para isso existem os modo User). 


Mas, verdade seja dita, a Honda podia ainda ter ido um pouco mais além com a Transalp para marcar a sua posição face a uma concorrência cada vez mais feroz e a uma clientela cada vez mais exigente.

Podia ter instalado um sistema de Cruise Control, o ecrã pára-brisas podia ser regulável com apenas uma mão e, já que esta não é uma offroader pura, ter-lhe instalado jantes para pneus tubeless, muito mais convenientes para quem viaja sobretudo por asfalto.

O elevado potencial que esta nova Transalp tem para ser uma excelente companheira para umas boas escapadelas de aventura, sobretudo a “solo” e em modo “low-cost” requintado, assim o exige! 

Mas não é por isso que deixa de ser um verdadeiro caso de assédio para qualquer motociclista que se sente aos seus comandos. Até porque, além de estar disponível em 3 opções de côr (Preto, Branco e um muito apelativo e consensual Cinzento) a Honda disponibiliza uma grande variedade de acessórios opcionais muito interessantes, divididos por “Packs” que cobrem uma vasta gama de utilizações.

A Honda disponibiliza também uma versão de potência limitada a 35kW, especifica para detentores de carta A2. 

À data da publicação deste artigo a Honda ainda não definiu o preço da nova Transalp, mas vai anunciá-lo brevemente, e a sua chegada ao nosso país está prevista para meados do mês de Março de 2025.


andardemoto.pt @ 16-2-2025 19:31:00 - Texto: Rogério Carmo


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