Teste Ducati Streetfighter V2 / V4 - A Bela e a Monstruosa
As duas Streetfighters da Ducati receberam importantes actualizações para 2025 e tivemos oportunidade de as experimentar recentemente em Espanha, aproveitando as encadeadas estradas ao redor de Almeria, pelo deserto de Tabernas e parque natural de Serra Nevada, que se revelaram o cenário perfeito para explorar estas nakeds da marca de Bolonha
andardemoto.pt @ 8-5-2025 12:33:00 - Texto: Helder Monteiro | Fotos: Marca
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Ducati Streetfighter V2 | Moto | StreetfighterDucati Streetfighter V2 S | Moto | Streetfighter
Ducati Streetfighter V4 | Moto | Streetfighter
Ducati Streetfighter V4 S | Moto | Streetfighter
O conceito naked de alta performance já é familiar aos Ducatistas, não só através da gama Monster, mas essencialmente nas Streefighters que sempre acompanharam os modelos superdesportivos do constructor italiano, decalcando potências e desempenhos das motos mais vocacionadas para pista.
As primeiras Streetfighter de 2009, com o motor da 1098, e mais tarde a 848, sempre encontraram uma legião de admiradores do conceito naked e estas novas Streetfighter herdam todo o legado da marca na criação de modelos icónicos com linhas agressivas e sensações desportivas apuradas.
Streetfighter V2 / V2S
A Streetfighter de media cilindrada, que foi lançada em 2020 com o motor superquadro de 955cc e 153cv, recebeu agora uma profunda alteração ao nivel da motorização com a introdução da nova unidade motriz de 890cc e 120cv.
Pode parecer uma redução significativa, mas a Ducati aprimorou todo o conjunto tornando o novo modelo mais utilizável em estrada, revelando-se leve não só quando nos sentamos, mas sobretudo quando percorremos os primeiros quilómetros, permitindo explorar todo o seu potencial de uma forma mais efectiva e essencialmente mais divertida.
Esta nova Streetfighter V2 não tem filtros, exibindo um guiador alto e largo em relação à sua predecessora, mas com uma entrega de potência desde baixas rotações que é uma delicia, revelando-se nas estradas reviradas, transmitindo todas as sensações que só uma naked consegue. Com vento no peito, ouvindo o roncar do novo motor, entregamo-nos ao puro prazer de condução.
A nova Streetfighter V2 é decalcada na Panigale V2, com que partilha grande parte dos componentes. Há, de facto, poucas diferenças entre as duas, partilhando quadro e motor, apenas alterando o angulo da direcção e o duplo braço oscilante, este 30mm mais comprido para compensar o menor peso na frente do conjunto. Isto porque, como conduzimos mais levantados na Streetfighter, naturalmente retiramos carga na frente da moto.
Se já tínhamos apreciado o carácter mais suave do novo motor na Panigale V2, essa sensação é replicada nesta moto, apenas se notando uma pequena vibração no característico guiador de naked, por volta das 4000rpm, sem chegar a incomodar, provando que afinal estamos mesmo a conduzir um V2.
Esta é a Streetfighter mais amigável de sempre, tal com os restantes modelos que partilham este motor e cumprem com um dos objectivos da marca: tornar a utilização em estrada como prioridade, em detrimento de números e exigências que só fariam sentido em circuito.
A distribuição desmodrómica do antigo motor foi preterida para que esta unidade de 890cc, com o sistema IVT de distribuição variável e retorno das valvulas por molas, seja utilizável numa faixa de rotação mais alargada, sendo que cerca de 70% do seu binário (93,3 Nm a 8.250 rpm) está disponível logo às 3000rpm. Este é também o mais leve motor V2 produzido pela marca, registando apenas 54,4kg, menos 9,5kg que o anterior.
Na sua essência, a V2 continua sendo uma Streetfighter pura e oferece o desempenho esperado das nakeds mais agressivas da Ducati, com um motor potente e de alta rotação, um quadro equilibrado, óptimos travões e eletrônica soberba.
Menos é mais e, neste caso, a Ducati Streetfighter V2 oferece mais conforto, mais controlo e mais diversão, com toda a performance e efectividade dos modelos anteriores.
As suspensões funcionaram muito bem nas estradas de Almeria, permitindo níveis de confiança elevados, absorvendo irregularidades eficazmente e, mesmo abusando em zonas muito reviradas, a compostura mantém-se, apesar da versão S ser talvez um pouco mais firme e, acredito, seja mais eficaz numa utilização em circuito.
Para estrada e no dia a dia não se vão encontrar grandes diferenças de comportamento entre a forquilha Marzocchi e o amortecedor traseiro Kayaba da versão normal e a forquilha Ohlins NIX30 e amortecedor traseiro Ohlins da versão S, que inclusivamente oferecem ambas um curso de 120mm na frente e de 140mm atrás, sendo tanto uma como outra totalmente ajustáveis.
As duas versões partilham um amortecedor de direção Sachs, componente que numa naked acrescenta um nível de segurança e firmeza da direcção, fundamentais para uma condução despreocupada, assegurando que o guiador se mantém no seu lugar em estradas degradadas, sob forte aceleração, sem sacudidelas indesejadas.
A travagem está entregue a uma marca que já faz parte do arsenal do construtor de Bolonha, e como tal a Brembo equipa a Streetfighter com discos de 320mm na frente, que são mordidos por umas excelentes pinças M50 com montagem radial, disponibilizando uma elevada potência de travagem, em pista, mas também muito modulável em estrada, onde se consegue dosear uma primeira fase da travagem com afinco, aligeirando a entrada em curva com um excelente feedback.
Na traseira temos um disco de 245 mm e uma pinça Brembo de 2 pistões. A travagem tem a ajuda eletrónica do cornering ABS da Bosch, evitando um bloqueio indesejável em curva, sem dúvida uma peça importante na segurança activa da moto.
O novo quadro monocoque (exatamente o mesmo da Panigale V2), construido em alumínio e utilizando o motor como parte integrante de toda a estrutura, oferece uma excelente experiencia de condução para motociclistas que queiram evoluir para um modelo com sensações mais desportivas.
Como grande simpatizante do conceito Naked, este modelo da Ducati veio ao encontro do que esperava, uma moto que pode perfeitamente ser utilizada no dia a dia, com um motor cheio em baixas que permite a condução em cidade de um forma confortável, acompanhado pelo fantástico quickshifter 2.0 que funciona muito bem em toda a faixa de rotação do motor, proporcionando trocas de caixa suaves e precisas, apesar dos pequenos “soluços” que encontrámos entre 1ª e 2ª.
É sem dúvida uma moto que dará aos seus proprietários bons momentos de condução e prazer. Juntando a isso um consumo comedido de cerca 5 litros aos cem, revelado no fantástico painel Full-TFT de 5” que disponibiliza 3 motivos diferentes (road, road pro e track), e onde podemos configurar toda a electrónica da moto com a ajuda do novo comutador bastante intuitivo, instalado no punho esquerdo.
Existe como opção um navegador curva a curva, cruise control, e monitor de pressão dos pneus, assim como porta USB integrados no novo painel.
As duas versões da Streetfighter V2 já se encontram disponíveis na rede de concessionários nacionais com os seguintes preços:
Streetfighter V2 – 16.530€Streetfighter V2 S – 18.880€
Ducati Streetfighter V2
DUCATI STREETFIGHTER V4 / V4 S
Se ficámos agradavelmente impressionados pela “pequena” naked de 120cv, quando pegámos na V4, nas mesmas estradas, foi como se um novo mundo se abrisse! São muito parecidas de facto, mas a V4 é, como se costuma dizer, de outro Campeonato!
A Streetfighter V4 continua a ser apresentada em duas versões, sendo a versão S equipada com componentes superiores. É das duas versões que a Ducati construiu até hoje, a mais próxima da Panigale V4. Revelam-se um verdadeiro monstro de potência em que as ajudas electrónicas são fundamentais para acalmar os 214cv.
E sim, são mesmo 214cv às 13.500rpm instalados debaixo do assento que, quando os solicitamos, lembram o Millenium Falcon da Guerra das Estrelas, a entrar em velocidade Hyperdrive. Numa palavra: alucinante!
Este novo motor stradale continua fiel à distribuição desmodrómica e em conformidade com EURO5+, sendo mais silencioso e mais leve cerca de 1Kg, apesar de contar com um sistema de admissão variável (VIS) que ajuda a disponibilizar 120Nm às 11.250rpm.
Além disso, a Ducati revela que tem uma temperatura de funcionamento mais baixa, facto que não conseguimos avaliar nas frescas estradas por onde circulámos. Em relação à Panigale V4, da qual deriva, foi alterada a transmissão final para uma relação mais curta, tornando esta moto em algo de muito especial para quem quizer ensaiar uns cavalinhos.
E mesmo com as asas bi-plano a carregarem cerca de 45kg de downforce na frente a 270km/h, é preciso ser muito gentil com o acelerador para manter todo o conjunto de 189Kg de peso a seco com as duas rodas no chão…
Mas apesar desta potência toda, a Streetfighter V4 é como ter duas motos em uma, fácil de levar em modo de passeio, que incrivelmente permite rodar em 6ª a cerca de 60Km/h de forma calma e controlada mas que, quando se solta, revela uma atitude e agressividade que não são apenas viciantes, são também uma fera assanhada para domar.
A Streetfighter V4 é visualmente agressiva. Olha-nos como que a provocar o hooligan que existe dentro de nós, com arranques alucinantes e de roda no ar.
Pena que o muito apreciado monobraço traseiro, tão característico da marca, tenha sido substituído por uma unidade de duplo braço, mas os números e a performance falaram mais alto e por isso partilha agora a mesma unidade da Panigale que oferece uma melhoria na rigidez lateral, sentindo-se a traseira da moto mais ágil e “agarrada” ao chão em aceleração.
Tamanha efetividade deixou muita vontade de a experimentar em circuito, até porque a Ducati disponibiliza neste modelo o sistema Race eCBS que aplica automaticamente a travagem no travão traseiro que torna a moto a mais estável em travagens fortes…um mimo!
Confesso que gostaria de ter tido mais tempo para “conversar” com esta V4 que me deixou a pensar o quanto evoluíram todos estes sistemas e componentes. E, acima de tudo, como conseguimos experienciar um prazer de condução inigualável, numa moto de estrada com 214cv, números que há poucos anos só estavam disponíveis em motos de competição de topo.
Nos dias de hoje temos essa potência numa moto, disponível para venda ao publico, com a vantagem de incluir sistemas eletrónicos de ajuda à condução impensáveis na altura.
A Streetfighter V4 vem equipada com 4 Riding Modes (Race, Sport, Road e Wet) e 3 Power Modes (High, Medium e Low com 160cv) Race eCBS com funcionalidade de curva; Ducati Traction Control (DTC), Ducati Slide Control (DSC), Ducati Wheelie Control (DWC), Ducati Power Launch (DPL), Ducati Quick Shifter (DQS) 2.0 e Engine Brake Control (EBC).
A Streetfighter V4 será disponibilizada por 25.485 € para a versão base e 29.105€ para a versão S.
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