Teste DUCATI Panigale V2 - A Baby Panigale
Estivemos recentemente no sul de Espanha, a convite da Ducati Ibérica para uma apresentação dos novos modelos da marca, onde encontrámos a nova gama que partilha o novo motor V2, se bem que neste teste focamo-nos apenas na mais pequena Panigale, a V2.
andardemoto.pt @ 20-5-2025 07:17:00 - Texto: Helder Monteiro | Fotos: Marca
A Ducati reformulou a Panigale V2 utilizando o novo motor de 890cc que produz 120cv, e que é o mais leve V2 alguma vez produzido pela marca de Borgo Panigale, declarando um peso de apenas 54,9kg.
Numa primeira abordagem a pergunta que surge é: porquê menos potência que o modelo que substitui, e se essa nova abordagem fará sentido numa classe em que a potência é uma das palavra chave…Mas depois de a experimentar pelas fantásticas estradas do Parque Natural da Serra Nevada, perto de Almeria, ficámos rendidos às evidências que nos foram explicadas durante a apresentação.
A velha máxima de que menos é mais, aplica-se que nem uma luva neste caso. Já o famoso arquitecto Frank Lloyd Wright dizia que “Menos é mais apenas quando o mais é demais”, e de facto na antiga Panigale V2 dificilmente se conseguia tirar todo o sumo de um motor tão exigente.
Tal levou inclusivamente a tirada de tempos entre pilotos tendo-se verificado que na contabilidade dos segundos a nova V2 se superiorizou, sendo mais rápida em circuito na entrada e saida de curva assim como na travagem, capitalizando com o menor peso de todo o conjunto, que emagreceu no total 17kg em relação ao modelo anterior, fazendo desta a Panigale mais leve de sempre.
O novo motor de 890cc, que produz 120cv e que à primeira vista levará os Ducatistas a torcer o nariz pelos números menos expressivos que os da versão anterior, deixa-nos convencidos após os primeiros quilómetros, havendo notoriamente um acréscimo no binário disponível com cerca de 70% dos 93.3Nm a ficarem disponíveis logo pelas 3000rpm (e acreditem que se sentem bem), empurrando os 179Kg a seco com uma ligeireza que chega a ser desconcertante, tal a facilidade com que rodamos e aproveitamos a excelente ciclística.
Este novo motor estreia um sistema de regulação variável das válvulas (IVT) e uma arquitectura derivada do anterior superquadro com os mesmos 90 graus de inclinação entre cilindros, mas sem recorrer à distribuição desmodrómica, optando por um mais tradicional sistema de fecho das válvulas por molas.
Como curiosidade, as válvulas são ocas permitindo reduzir a inércia em 5%... Há de facto muita engenharia por detrás da construção desta unidade motriz.Não será por acaso que é a moto de treinos de Pecco Bagnaia e Marc Marquez, que as usam nos intervalos dos Grande Prémios, conseguindo rodar mais rápido sem necessidade dos 155cv da versão anterior, o que indicia a sua forte vocação para pista, graças ao kit “time” attack” disponibilizado pela marca.
Visualmente a V2 está muito idêntica à sua irmã mais crescida, com motor V4, mas sem as protuberantes asas e sem o característico monobraço oscilante que tão bem representava as motos de Bolonha, tendo agora adoptado por um braço oscilante duplo, o que não deixa de ser uma pena.
Mas valores mais altos se levantam, declarando a Ducati que este novo desenho permite retirar peso e melhorar o índice de flexão, contribuído para o excelente desempenho da nova V2. Ainda vemos na traseira outro detalhe que não é semelhante à V4, com as ponteiras duplas muito bem integradas, dando-lhe um ar de competição decalcado do modelo que compete no mundial de Supersport...
A Ducati fez um trabalho notável nesta Panigale V2 ao nível da ergonomia. Está muito mais “espaçosa”, com os avanços mais subidos que permitem uma condução mais relaxada e dará com toda a certeza largas horas de prazer em estrada sem os característicos ais e uis nos punhos, típicos dos modelos mais vocacionados para uma utilização em pista.
Esse foi um dos objectivos propostos no desenho deste novo modelo: a aproximação a uma condução mais estradista. Atrevo-me a dizer que fazia tempo que não sentia qualquer incômodo depois de rolar uns quilómetros mais empenhados numa moto desportiva.
Não só a posição de condução mas também todo o feedback que a moto nos transmite, fazem dela uma experiência muito agradável, permitindo longas tiradas em ritmo elevado, pois até foram revistos os canais de refrigeração nas carenagens, melhorando o fluxo de ar, retirando o ar quente das pernas do condutor.
O quadro monocoque que a Ducati desenvolveu, e que é partilhado pelos restantes modelos de média cilindrada (Streetfighter e Multistrada), é inteiramente construído em alumínio, com 3mm de espessura, tendo muito orgulhosamente sido explicado aos jornalistas presentes que é inteiramente fabricado em Itália.
O motor, como elemento autoportante, conjugado com este novo quadro, são a alma e o ponto forte desta Panigale. Não só pela flexibilidade desenvolvida para utilização em estrada e pela cura de emagrecimento a que foi sujeita, esta Panigale V2 rompe com a anterior geração de forma clara.
A par com toda esta revisão de desempenho da moto encontramos, como é apanágio da marca, um excelente pacote electrónico com Cornering ABS, DTC (Ducati Traction Control), Ducati Wheelie Control (DWC), Ducati Quick Shift (DQS) 2.0, EBC (Engine Brake Control) , e 4 modos de condução (Race, Sport, Road e Wet), com 3 modos de potência (High, Med e Low), variando dos 120cv aos 95cv …toda esta conjugação de afinações é facilmente configurável pelo novo painel full TFT de 5 polegadas, em que nem sequer falta um laptimer para os entusiastas de trackdays.
Na travagem, as bombas radiais Brembo M50 monobloco na roda dianteira fazem um excelente trabalho, com uma sensação de controle aprimorada e uma potência sempre presente, tornando-se fácil prolongar a travagem até ao interior da curva com cornering ABS da Bosch a dar-nos uma margem de segurança acrescida.
A acompanhar toda esta sensação de controlo na abordagem às curvas a suspensão frontal reage sempre de forma neutra, ajudando a corrigir a trajectória sempre que necessário. Apesar de não serem regulados electronicamente a forquilha e o amortecedor traseiro são totalmente ajustáveis, algo que não tivemos oportunidade de experimentar durante as sessões de estrada que fizemos, onde utilizámos as regulações standard da Ducati.
A Panigale V2 será disponibilizada na versão normal com dois assentos com a configuração mono posto disponível como opcional, e na versão S com uma abordagem contrária, que é entregue como mono posto, estando disponivel o kit de passageiro como opcional.
As diferenças entre as duas versões não se ficam por aí, sendo a versão S equipada com componentes Ohlins e a versão base com Marzocchi no amortecedor traseiro e Kayaba na Forquilha, sendo ambas as soluções totalmente reguláveis nas suas afinações.
Os 3 quilos a penalizarem a versão normal (179Kg) são justificados não só pelos componentes premium (176kg), mas também pelas baterias instaladas, que são de litio na versão S.
De referir que a V2S tem de origem o Ducati power launch, com pit limiter, e que poderá ser instalado na V2 como acessório. Visualmente as duas versões são idênticas, tendo apenas a cor das bainhas frontais como factor diferenciador.
Os dois modelos já estão disponíveis na rede de concessionários oficiais da Ducati, com um preço de 17.410 € para a V2 e 19.760 € para a V2S, com apenas uma cor para ambas, que será obviamente o “Rosso”.
Haverá também uma versão para carta A2, com uma potência limitada a 35kwEstá também disponível o kit “time attack” para uma utilização aprimorada em pista, com escape completo Termignoni (não homologado para estrada), amortecedor de direcção Ohlins, pousa pés aligeirados e ajustáveis e avanços mais baixos, assim como protecções e autocolantes diferenciadores.
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