Sabe qual é a história dos pneus?
OK, todos sabemos que são pretos, redondos e que têm um buraco no meio… mas são muito mais do que isso!
andardemoto.pt @ 10-9-2024 07:27:00
Se a invenção da roda aconteceu há mais de 5500 anos, a origem dos pneus ainda nem tem 200 anos, pois apenas remonta ao ano de 1839, quando Charles Goodyear descobriu um processo que garantia a resistência e a plasticidade da borracha.
Sem esse tratamento, era um produto que não mantinha a sua forma, tornando-se pegajosa com o calor e rija com o frio.
Com as suas experiências, Goodyear descobriu que, quando a "goma elástica" (borracha natural também conhecida como latex ou cauchu, nome derivado do quíchua peruano kautchuk, adaptado pelo francês como caoutchouc) era misturada com enxofre e exposta ao calor, o composto tornava-se maleável, resistente e durável.
Este processo foi subsequentemente chamado de "vulcanização" e abriu a porta para a produção de produtos de borracha como, precisamente, os pneus. Infelizmente a história de Charles Goodyear é triste, pois apesar de ter dedicado toda a sua vida à borracha, acabou por morrer na ruína.
Até à data, tanto as carruagens puxadas por cavalos como as bicicletas, andavam sobre rodas de madeira, primeiro sólidas e posteriormente com raios e aro igualmente em madeira. Para que fossem mais resistentes ao desgaste e aos impactos, as bandas de rodagem eram frequentemente reforçadas com aros de ferro.
As novas rodas, com aros em borracha maciça, fruto da investigação de Goodyear, ajudaram a reduzir consideravelmente os níveis de ruído e melhoraram em muito o conforto nas estradas e caminhos irregulares da época.
Foi apenas 40 anos mais tarde, em 1898 que Frank Seiberling decidiu honrar o seu nome. em Akron, Ohio, nos Estados Unidos da América, fundando a Goodyear.
O próximo grande passo na evolução dos pneus aconteceu em 1845, quando Robert W. Thomson inventou o primeiro pneu pneumático, composto por um tubo com ar pressurizado no seu interior, protegido por bandas de couro no exterior, na zona de contacto com o piso, mas que, apesar de rumores que estes primeiros pneumáticos chegaram a percorrer experimentalmente mais de mil quilómetros, sem problemas, instalados num dos primeiros automóveis, nunca chegariam à produção em massa.
Por isso é a John Boyd Dunlop que se deve a invenção, em outubro de 1887, do primeiro pneumático para bicicleta, pois construiu uns para que o seu filho pudesse manobrar o seu triciclo confortavelmente. Adaptou uma banda de borracha às rodas de madeira e incluiu uma câmara de ar para aumentar o conforto. Não demorou muito a patentear a sua invenção e a fundar a empresa Dunlop Pneumatic Tyre Co. Ltd.
Em 1892 a Continental, que anos antes tinha começado a fabricar ferraduras de borracha para cavalos (ao que se deve o cavalo rampante que representa a imagem da marca), um produto muito procurado nas cidades onde o pavimento de pedra desgastava rapidamente as ferraduras de metal, deu um passo decisivo ao tornar-se a primeira empresa alemã a produzir pneus para bicicletas.
Esta inovação, os pneus em borracha, não só ajudou a crescente popularidade das bicicletas na europa, como também lançou as bases para a futura expansão da empresa na produção de pneus para automóveis e motociclos.
Em frança, os irmãos Michelin souberam da existência destes pneus para bicicletas quando um ciclista chegou à sua fábrica para que lhe reparassem uma roda furada. Perceberam então o sucesso que seria uma roda desmontável que fosse mais fácil e rápida de reparar.
E não foram os pneus da Dunlop, mas sim os da Michelin, os primeiros a serem montados num automóvel. Concretamente num que participou numa corrida entre Paris e Bordéus em 1895. Não ganharam a corrida, mas os seus pneus geraram tal expectativa que, em pouco tempo a marca se tornou líder no continente europeu.
No entanto, os primeiros pneus com câmara de ar a serem produzidos em série não vieram da Michelin nem da Dunlop, mas sim da Goodyear, que os patenteou em 1903. Num processo que começou em 1901, a Goodyear desenvolveu um pneumático de paredes laterais rígidas, com um rebordo reforçado por arames, que conseguia permanecer solidamente agarrado à jante, mas que permitia uma maior facilidade de instalação e desmontagem, além de um maior conforto de rodagem.
Entretanto, em 1904, a Continental marcou outro marco, apresentando os primeiros pneus com relevos na banda de rodagem, já que até então as borrachas eram completamente lisas, o que tornava a condução mais difícil e perigosa quando chovia ou quando se circulava por caminhos enlameados.
Em 1930, no Japão, surgiu a divisão de pneus da Nihon Tabi Company, a predecessora da Bridgestone.
O primeiro pneu sem câmara de ar (tubeless) foi inventado por um tal Frank Herzegh enquanto funcionário da BF Goodrich, que patenteou a inovação em 1952 nos Estados Unidos da América, mas que apenas foi apresentada ao público em 1954.
A meio do século XX, surgiram também os pneus Michelin com camadas de telas radiais que acabariam por estabelecer a base da indústria. Por sua vez, a Bridgestone criou as suas primeiras rodas de estrutura radial em 1964.
A Goodyear não lançaria no mercado esse tipo de pneumático até 1977 mas, cinco anos mais tarde, praticamente todos os automóveis novos estavam equipados com este tipo de pneumático. No entanto, os pneus Bias, com as telas longitudinais, continuam ainda hoje em produção, pois o seu tipo de construção permite cargas muito superiores.
A meio da década de 80, surgiram pela primeira vez os pneus anti-furo, apresentados pela Bridgestone e destinados ao Porsche 959. Pouco depois começaram também a ser equipados noutros veículos de alta gama.
E os Pneus de Moto?
Até ao início dos anos sessenta, os pneus de moto tinham uma banda de rodagem de seção redonda e eram relativamente estreitos. Nessa época existia o conceito que uma maior largura iria reduzir a velocidade das motos por excesso de atrito.
No entanto foram aumentando a superfície de contacto ao mesmo tempo que as motos foram aumentando de potência. No início, o algodão era o principal componente das carcaças, nome dado à estrutura interna dos pneus que servia de suporte à borracha natural que era o elemento de contato da roda com o solo. Como aconteceu em muitos outros casos, a liberalização da tecnologia militar no pós-guerra, para o uso civil, levou ao progresso no mundo dos pneus.
Durante a Segunda Guerra Mundial, houve um grande desenvolvimento nas fibras sintéticas de alta resistência, que foram rapidamente introduzidas nas carcaças dos pneus, destacando-se um novo produto que foi batizado como nylon e que continua a ser utilizado nos dias de hoje.
O nylon oferecida uma maior resistência e flexibilidade que o algodão, permitindo assim o aumento da superfície de contato do pneu com o solo. Quando o Mundial de Velocidade começou, em 1949, mais de metade dos pneus de corrida eram produzidos com algodão, mas apenas cinco anos após, a presença da fibra natural já era mínima.
O uso do nylon permitia utilizar menos camadas do que as normalmente usadas com algodão, que não era tão resistente, e por isso necessitava de mais camadas. Com a estrutura reforçada e mais flexível também já não era necessário utilizar tanta borracha como antes, de modo que o peso e a temperatura de funcionamento do pneu foram reduzidos.
Mas foi apenas em 1983 que a Pirelli começou a produzir os primeiros pneus radiais para moto, orgulhosamente estreados em 1984 no lançamento da Honda VF1000R. No entanto a Michelin reivindica o facto de ter sido a primeira a construir pneus radiais para os motociclos, lembrando que em 1983, com a ajuda do excelente desempenho de Freddie Spencer, a Michelin venceu em GP500 com um pneu traseiro de construção radial.
Em 1976 surgiu o pneu "slick", liso, sem ranhuras na banda de rodagem, destinado à competição. E a sua aparição gerou uma grande controvérsia. Os Dunlop KR e os Michelin SV foram os primeiros "slicks", e foram introduzidos em competição apenas nas categorias de 350 e 500cc devido a uma imposição da Federação Internacional (FIM), que inicialmente chegou a proibir o uso de pneus sem ranhuras nas categorias de 125 e 250cc, sem fornecer qualquer justificação técnica.
Os pneus estão na génese do desenvolvimento das motos actuais. Sem toda a tecnologia que encerram, seria impossível às motos da actualidade transpor para o asfalto a sua potência ou atingir as velocidades que ela permite.
Actualmente os pneus continuam a ser cada vez mais aderentes, menos sujeitos a furos, a terem maior eficiência energética e a garantirem maior conforto e uma maior longevidade, pois a investigação sobre a sua engenharia e as misturas de borracha (sintética ou natural) que utilizam, com incorporação de componentes como a sílica e outros, não páram!
andardemoto.pt @ 10-9-2024 07:27:00
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