Teste Harley-Davidson Fat Boy S - O lado negro
Mais uma alucinante produção de Milwaukee com o motor Screamin' Eagle de 110ci
andardemoto.pt @ 23-9-2016 12:28:07
Texto: Rogério Carmo Foto: ToZé Canaveira
Em vésperas de pôr a mão (e os pés, os dentes e o fundo das costas) nos novos Milwaukee-Eight 107, excitadissimo como um teenager prestes a abrir a caixa da sua nova consola de jogos com resolução de 4k, recordo com prazer e curiosamente uma ponta de nostalgia, os bons momentos que vivi, há uns dias, aos comandos desta imponente e excitante moto.
Durante os dias que convivemos a Fat Boy fez-me muito feliz. Talvez até mais do que a sua “irmã “ Softail Slim S cujo teste publiquei aqui, e que equipada com a mesma motorização me deixou rendido ao seu desempenho. A Slim S é uma moto bonita. Mas esta Fat Boy é mais o meu género...
A Fat Boy S encaixa-me na perfeição e na designação, e o seu desempenho, um pouco mais ágil que a Slim S, sobretudo à conta de pneus mais desportivos, permitiu-me ir com ela a qualquer lado, a qualquer hora e em qualquer situação e sentir-me sempre mais confiante, sobretudo no que diz respeito à travagem em andamentos a ritmos pouco recomendáveis.
Apesar de termos tido uma relação bem mais breve e descomprometida, a Fat Boy conseguiu conquistar o meu respeito e o meu afecto.
Tal como a Slim S, a Fat Boy é uma Softail, facilmente identificável pelos mais entendidos pela ausência de amortecedores traseiros. Eles existem, mas estão escondidos por debaixo da moto, conferindo assim o aspecto das velhas e puras e duras "Hardtail" que não tinham qualquer amortecedor, estando a tarefa de tornar a viagem minimamente suportável a cargo dos pneus "gordos" de então.
Por isso a diferença entre esta Fat Boy e a Slim S não é assim tão grande, e uma eventual escolha assenta mais mais numa questão de estilo e personalidade, do que nas características específicas de cada uma delas.
O que verdadeiramente distingue estas duas Softail do resto da gama é precisamente o motor Screamin' Eagle de 110 polegadas cúbicas: 1802cc de músculo americano com quase 150Nm de binário, sempre prontos para esfarelar o pneu traseiro em cada aceleração.
Mas a Fat Boy é uma moto de culto. O primeiro modelo foi lançado em 1990 e era cinzenta. Ficou para a história como “Gray Ghost” (fantasma cinzento), e é hoje uma moto altamente coleccionável, com preços muito elevados no mercado, pois é a materialização do mito que tornou a famosa:
Segundo consta, apesar de não haver confirmação oficial pela marca, o seu nome foi inspirado nas duas bombas atómicas, apelidadas de “Fatman” e “LittleBoy”, que caíram sobre Nagasaki e Hiroshima e que mudaram o rumo da história e marcaram o fim da Segunda Grande Guerra Mundial.
A comprovar a teoria, estão as 7 riscas amarelas que ornamentavam o modelo original, e que representavam os anéis amarelos que identificavam os mortíferos engenhos explosivos.
Voltando ao presente, e a este modelo que se mantém inalterado para o ano de 2017, surpreendeu-me sobretudo o conforto e a ergonomia, que permitem esgotar a autonomia de quase 300 km que pode ser proporcionada pelos 19 litros de capacidade do depósito de combustível, sem ser necessário fazer paragens de descanso pelo meio.
Nas curvas não nos podemos esquecer de que apenas dispomos de um ângulo de inclinação de 25º, mas abrandar significa que na saída da curva podemos enrolar punho e atingir outro clímax com mais uma aceleração canhão.
O ABS, apesar de ser um pouco intrusivo, releva-se uma grande ajuda em pisos escorregadios, não obstante o facto de a travagem ser bastante doseável.
O sistema "sem chave" é outro dos pormenores que me encanta nas modernas Harley-Davidson, já que basta andar com o emissor no bolso do casaco, e apenas usar o grande botão colocado no centro da consola do depósito.
À semelhança do que aconteceu com o Ford T, a Fat Boy S está disponível em todas as cores que o cliente pretenda, desde que seja em preto.
Conclusão:
Se procura uma cruiser verdadeiramente rápida e carismática, simples e descomplicada, que não chame a atenção mas que tampouco passe despercebida, então a Fat Boy S é a moto que procura.
Pelas prestações e som do motor, pelo estilo negro, pela carga histórica que carrega e pelo prazer de condução que proporciona, esta é uma moto que deve considerar e ir experimentar.
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andardemoto.pt @ 23-9-2016 12:28:07
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