Teste Royal Enfield Super Meteor 650 - Horizontes largos

Aproveitando o seu legado na construção de motos que misturam carisma e prazer de condução, a nova Super Meteor 650 sucede à sua irmã mais nova para assumir o protagonismo nas cruiser de média cilindrada. A Royal Enfield pretende assim, captar um vasto leque de clientes, apostando na qualidade dos seus argumentos. Easy Rider ou Influencer do séc XXI? 

andardemoto.pt @ 7-3-2023 07:13:00 - Texto: Pedro Alpiarça

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Royal Enfield Super Meteor 650 | Moto | Meteor

Estamos novamente em Valência, na apresentação ibérica da novíssima Royal Enfield Super Meteor 650. O motor é o mesmo da Interceptor e da Continental GT, tendo sido aclamado pela crítica pela sua personalidade entusiasmante e dócil ao mesmo tempo.

Temos umas suspensões invertidas da Showa, travões da família Brembo (para além do novo quadro e o braço oscilante), uma atitude dinâmica que a marca diz agradar aos condutores mais experientes, e uma facilidade de utilização com a qual os iniciados se sentirão confortáveis. Uma cruiser para todos, é o seu mote.

De alma limpa e corpo relaxado, seguimos em direção ao horizonte longínquo, embalados por um motor cheio de carácter e assobiando o "Born to be wild". Este é o espírito cruiser, eternizado por imagens Hollywoodescas de liberdade e rebeldia.

Nos dias que correm, a experiente marca Indiana tem certamente uma palavra a dizer sobre o assunto, e aplica-se no seu legado para nos entregar a sua versão de como uma cruiser deve ser. Mas adaptada à realidade actual, em que acessibilidade e facilidade de utilização são as palavras de ordem. 
E à primeira vista, o que encontramos é bastante apelativo, a qualidade geral é evidente e a atenção ao detalhe demonstra dedicação.


A Super Meteor 650 é coerente em toda a sua linha estética, com um farol dianteiro redondo em LED (assim como o farolim traseiro), o depósito em forma de gota, e alguns outros pormenores muito interessantes, como a forma clássica dos comutadores ou até mesmo o bom enquadramento do sistema de navegação (associado ao smartphone) em relação ao mostrador principal.

Não há exagero nos cromados e a maior parte das peças demonstram uma certa classe, sem perderem a solidez típica desta tipologia de máquina. Damos especial relevo ao bonito motor, com as tampas polidas e a cabeça arredondada, com os coletores salientes lembrando um tal purismo mecânico de outros tempos. É bom sermos motivados assim, com bom gosto.

Quando lhe damos vida e ganhamos movimento, rapidamente nos adaptamos à posição de condução, os pés repousam lá á frente, os braços vão bem abertos e esticados e, dessa forma, entramos no espírito da moto.

A cidade será um dos seus elementos, e o assento baixo (740 mm de altura), o centro de gravidade simpático e a embraiagem leve ajudam-nos nas manobras mais artísticas. A Super Meteor não é propriamente uma peso pluma, mas esconde-o muito bem graças à facilidade dos seus comandos e ao carácter dócil do motor que prevalece desde as mais baixas rotações.

A distância entre eixos de apenas 1500 mm, é apanágio de um bom equilíbrio entre estabilidade e agilidade, algo refrescante quando o contexto são as cruisers “long and low”.



Em estrada aberta começamos a enaltecer a boa definição das suspensões, com uma frente bem plantada e uma secção traseira benevolente com a nossa coluna, algo que muito agradecemos.

A grande estreia é a forquilha invertida (Showa Big Piston), enquanto que na secção traseira voltamos a encontar dois amortecedores da mesma marca japonesa (estes, com ajuste de pré-carga).

Quando o Sol começa finalmente a aquecer, damos por nós a rolar confortavelmente, embalados pela boa vibe, mas sem outras vibrações notórias, e sem darmos por isso, o punho direito começa a tornar-se irrequieto. O bicilíndrico tinha cada vez mais ganas de se mostrar. 


A Royal Enfield afirma que as principais alterações neste bloco (um bicilíndrico paralelo com 648 cc, cambota desfasada a 270°, debitando 47 cv às 7.250 rpm e 52 Nm às 5.250 rpm ) se deram no capítulo da admissão e da linha de escape, mas em boa verdade, as sensações que transmite são as de um motor bem mais solto.

A resposta linear mantém o seu patamar de entrega até bem perto do limitador, e é tão entusiasta na voz como certinho no toque de acelerador. Um verdadeiro mimo, de tal forma que quando chegamos à zona das curvas mandámos a moderna sensibilidade à fava e, em pouco tempo, estávamos a raspar calcanhares e o respectivo metal dos poisa-pes.

A Super Meteor 650 tinha-nos transformado nuns hooligans feios, porcos e maus. Como é que isto aconteceu?



A resposta está na maneira como ganhamos confiança na máquina, que acaba por ser um processo rápido e intuitivo.

A condução da Super Meteor prima pela neutralidade. A baixas velocidades não se sentem os 240 kg e o motor é dócil, com um toque de acelerador bastante suave sem sobressaltos. Elevando a adrenalina a suspensões são de uma assertividade muito interessante dando um bom feeling ao condutor. 

Tendo em conta que o travão traseiro  tem potência que baste, gostaríamos que a mordida inicial da unidade dianteira (sistema composto por disco dianteiro de 320 mm de diâmetro com pinça de dois pistões Bybre, e disco de 300 mm na roda traseira, monitorizados por ABS Bosch de dois canais) fosse mais contundente, e muito provavelmente não teríamos referido esta sensação menos boa se os andamentos que lhe impusemos não tivessem sido tão vivos… O que só enaltece o envelope dinâmico desta cruiser. 

A maneira como conseguimos alterar a sua personalidade, é sinónimo de boa engenharia. O conjunto ciclístico bem aprumado, aliado a um motor bastante cativante, ajudam a esta facilidade de comunicação com o condutor, característica que irá agradar aos mais experientes e que ajudará os portadores da carta A2 a evoluírem de forma confiante.

Se pensarmos no contexto electrónico em que vivemos, cheio de algoritmos para nos orientarem a vida, este purismo é muito bem-vindo, até porque a Super Meteor é tão previsível nas suas reacções, que um controlo de tracção seria supérfluo.

O vasto catálogo de acessórios permite a personalização que certamente irá ao encontro ao gosto dos seus compradores, existindo inclusivé uma versão Tourer (com ecrã deflector, assento touring e encosto para o passageiro) para aqueles que queiram prolongar as suas tiradas com maior conforto.

Rivais? Com alguma expressão no nosso mercado temos a Honda Rebel 500 e a Kawasaki Vulcan S, sendo que a Royal Enfield Super Meteor 650 tem um estilo assumidamente mais retro e mais purista na sua génese.


O slogan "Built like a gun" ostenta o orgulho de uma marca que não se desvia da sua história, e que procura cimentar a sua posição no mercado europeu com modelos bem focados no seu propósito. Assim sendo, a Roayl Enfield está de parabéns, pois a Super Meteor 650 mostrou estar à altura do que promete: Uma cruiser para todos.

Começando nos 7.647 € na versão standard, esta moto é um produto muito bem conseguido. Para além da elevada qualidade geral temos a vantagem do sistema de navegação e dos múltiplos acessórios para preparar o gosto do cliente, estamos em crer que irá abalar a parca concorrência nas cruisers  de média cilindrada.

Se serve para vários públicos? Sim, o mais inexperiente irá sentir-se confortável e com margem de progressão e os mais empedernidos amantes das cruisers ficarão orgulhosos de ter uma na garagem.

Equipamento:

Neste teste usámos o seguinte equipamento de proteção e segurança:

Capacete Nexx G.100R Gallon

Blusão Macna Oryon

Calças Macna Takar


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