Sym Maxsym 508 TL vs Kymco AK 550 Premium - Realidade alternativa

No nosso país, estas duas Maxi-scooters não conseguem combater as vendas das líderes do segmento, muito embora tenham argumentos de sobra para poderem vingar. Este frente-a-frente vai ajudar-vos a conhecer melhor a Sym Maxsym 508 TL e a Kymco AK 550.

andardemoto.pt @ 14-11-2023 11:20:17

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Maxsym TL 508 | Scooter | Maxiscooter
Kymco AK550 Premium | Moto | Scooters acima 125

Há fenómenos inexplicáveis que dão lugar a conjecturas que colocam em perspectiva a nossa visão como povo e a nossa identidade cultural. Porque é que os nossos vizinhos espanhóis têm uma concepção completamente diferente da identidade de uma marca? Terão eles uma enviesada percepção do que são padrões de qualidade? Serão os seus níveis de exigência mais tolerantes que os nossos? Ou, pelo contrário, estaremos nós toldados por um preconceito retrógrado em relação aos produtos que surgem, honestamente, identificados como fabricados em países asiáticos? Estas questões são relevantes para tentarmos entender a falta de receptividade de máquinas que encaixam no nosso mercado, mas que parecem passar ao lado da atenção daqueles que apenas conhecem os best-sellers. Já dizia o nosso Nobel, “Se podes olhar, Vê. Se podes ver, repara.” 

Na mesma altura que fizemos o teste à Sym Maxsym 508 TL, fomos convidados para a apresentação europeia da Kymco AK 550 Premium. Trocando impressões, pensámos imediatamente num comparativo entre estas duas máquinas que são as scooters porta estandarte das respectivas marcas. E esta peça torna-se tão mais relevante quando nos apercebemos que custam substancialmente menos do que a líder do segmento.


Estas duas motos vivem a sua segunda geração, e as respectivas marcas perceberam que as mudanças têm de ser subtis, sob pena de alguma perda de identidade. Como tal, esteticamente, não existem grandes alterações, mas há mais sofisticação electrónica, não só no campo da praticidade (citando o exemplo do sistema keyless comum a ambas), mas também no capítulo da segurança (a presença do controlo de tracção é também a grande novidade nas duas máquinas). 

A posição de condução é um factor que define a nossa comunhão com a máquina, e este jogo das diferenças não podia ser mais esclarecedor. A Sym oferece uma posição de condução mais vertical, o guiador está ligeiramente mais subido e afastado do condutor e o ângulo de posicionamento das pernas não é muito penalizador. Já na Kymco, aplica-se a expressão “long and low”, pois estamos nitidamente mais encolhidos e com uma maior flexão de pernas. Nada de chocante, desde que se adopte um estilo mais “cruiser”, colocando os pés na parte frontal do escudo. 


A qualidade de vida a bordo é outro factor diferenciador. A designação “Premium” escolhida pela Kymco, revela um cuidado superior em todos os acabamentos. Os comutadores são mais elegantes e os plásticos denotam um melhor acabamento em relação à rival. Mesmo o pára-brisas eléctrico (o da Sym é ajustável com recurso a ferramenta), o cruise control, e os punhos aquecidos são pequenos grandes nadas que fazem toda a diferença, e esta supremacia também se estende à morfologia e design dos paineis de instrumentos. O sistema de informação da Maxsym fica a anos luz do mais moderno e bem desenhado painel de informações da AK. 

Nos espaços de arrumos temos um quase empate técnico, com uma vantagem marginal para a Sym. Ambas facilitam compartimentos com tomada USB, e o espaço debaixo dos assentos consegue albergar facilmente um capacete integral e outros pequenos volumes (sendo que na Maxsym, o mesmo é mais desafogado).


Ciclísticamente, ambas apresentam soluções bastante semelhantes, com robustas forquilhas dianteiras invertidas e secções traseiras com mono amortecedores bastante eficazes (e até mesmo, estilizados). As afinações escolhidas para estas maxi-scooters têm um pendor mais desportivo, contudo sem penalizar em demasia o conforto associado aos movimentos mais agressivos em lombas e outras armadilhas. Uma nota de apreço para o trabalho efectuado na estrutura de ligação da suspensão traseira da Sym ao braço oscilante, uma bonita peça de engenharia. E aí descobrimos…uma transmissão pouco comum.

A única outra scooter do segmento a utilizar a transmissão final por corrente é a Honda Forza 750, e conseguimos desculpá-la pela sua engenharia mais híbrida, com caixa de velocidades, embraiagem DCT e jante de 17 polegadas, que a aproximam mais de uma moto convencional. Esta solução adoptada pela Maxsym faz com que tenha uma manutenção mais caprichosa que a Kymco, que vem equipada com uma correia dentada. Por outro lado, a mais recente versão deste bicilíndrico da Sym (com 508 cc, entregando 45,5 cv às 6750 rpm, e 49,9 Nm de binário às 5250 rpm) dá-nos uma resposta muito directa no primeiro terço do acelerador, que se mostra praticamente imbatível. Um verdadeiro foguete na saída dos semáforos.


Esta característica comportamental, faz com que o contexto urbano seja a sua praia de eleição. Sente-se ligeiramente mais estreita do que a Kymco, e ganha vantagem com um descanso lateral que acciona automaticamente o travão de estacionamento, uma benesse nas ruas mais inclinadas. 

A AK 550 acompanha-a sem dificuldades, mas a estrada aberta é o seu reino de eleição. A sua desenvoltura motriz (com 550,4 cc, debitando 50,9 cv às 7500 rpm e 51,7 cv às 5750 rpm) baseia-se na progressividade, que permite manter velocidades de cruzeiro em Auto-Estrada verdadeiramente impressionantes (pena o Cruise-control estar limitado aos 130 km/h). E se o percurso encontrar uma estrada que dê azo à diversão, ela não se faz rogada em mostrar serviço. Apresenta sempre um foco superior no eixo dianteiro (em relação à Sym) e uma maior estabilidade em curva. Na travagem, as diferenças são bem evidentes.

A AK 550 Premium trava que se desunha. Desculpem-nos o Português pouco técnico, mas esta é a sensação que temos quando nos agarramos ao travão da frente depois de um momento mais optimista. Tem mordacidade e potência com fartura e ainda bem, porque com um chassis tão equilibrado, esta scooter casa bem com qualquer estrada mais revirada. Conselho: Coloquem o controlo de tração no modo mais desportivo porque senão, a partir dos 30° de inclinação, ela corta ligeiramente o acelerador, constrangendo a saída em curva, estragando toda a diversão.

A importância que damos à postura dinâmica destas duas motos, prende-se com o facto de serem demasiadas vezes subestimadas como motos. A sua personalidade citadina esconde uma atitude expedita quando procuramos vestir o fato (ainda que imaginário) de piloto. Esta capacidade de surpreender faz-nos pensar o porquê de não se verem mais maxi-scooters na estrada. Muitos dos que vivem atrapalhados com o trânsito e as exageradas dimensões das suas maxi-trail (além dos decorrentes dramas das malas laterais nos espaços exíguos), seriam bastante mais felizes e garantidamente fariam muitos mais quilómetros aos comandos destas máquinas. E com consumos sempre abaixo dos 5/L 100 km. 

Nós não temos grandes dúvidas. Para o motociclista experiente que tem de lidar com o trânsito urbano de uma forma intensa, e que inclui nos seus trajectos longos troços de auto-estrada, estas motos oferecem uma solução bem mais funcional e prazerosa do que qualquer “adventure” da moda. São rápidas e divertidas, mas ao mesmo tempo práticas e racionais. A honestidade da Maxsym contrasta com a maior sofisticação da AK, e esta última acaba por demonstrar a sua superioridade em todos os capítulos. Os cerca de 2k euros de diferença ficam assim justificados. Começámos este comparativo com a premissa de procurarmos mais por menos, mas no final dos dias deste teste, lutávamos sempre entre nós para levarmos esta scooter com nome de metralhadora para casa. É um bom sinal....

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Maxsym TL 508 | Scooter | Maxiscooter
Kymco AK550 Premium | Moto | Scooters acima 125

andardemoto.pt @ 14-11-2023 11:20:17


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