Teste Vespa GTV 300 - “Bellezza non basta”

A clássica forma de estar da Vespa GTV nunca deixou ninguém indiferente. Os seus pormenores estilísticos únicos, ganham uma nova dinâmica com a ajuda do motor mais potente da Piaggio. A beleza ganhou substância…

andardemoto.pt @ 5-3-2024 11:45:28 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte

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Vespa GTV 300 | Scooter | GTV

Acompanhando a evolução da família GTS, a nova GTV vem beber a inspiração desportiva das Vespas mais rápidas do mercado. O espírito viajante encaminha a nossa percepção para uma máquina veloz e competente, sem perder a linha de design intemporal que nos faz lembrar as originais descendentes da “Paperino” (ou “Pato Donald”, nome dado ao primeiro protótipo desta singular scooter).

Esta preservação de carácter faz parte de um dos poucos casos no mundo das duas rodas em que a história se funde com o próprio modelo, e a máquina ganha um título e uma legião de fãs. É uma Vespa, não uma scooter.
Devo confessar-vos que antes de ter feito este ensaio, surgiu numa conhecida plataforma de streaming um filme sobre o nascimento da Vespa, uma história de resiliência e espírito empreendedor numa deprimida Itália do pós guerra. Apaixonante e revelador.

De tal forma que quando a fui levantar tinha bem presente a cena em que Enrico Piaggio decide criar uma moto com as peças sobreviventes do último bombardeamento à sua fábrica aeronáutica: rodas e forquilhas de trem de aterragem, pequenos motores de arranque e algumas chapas de alumínio. O trabalho de engenharia de D'Ascanio fez o resto.

E no meio de tantos outros modelos, a GTV destaca-se pelas suas três características distintas, o farol no guarda-lamas (mimetizando o lendário “faro baso”), o guiador tubular despido de preconceitos e o bonito assento monoposto.

Este conjunto de soluções torna-a num membro altivo da família Vespa, e sua desportividade velada confunde-nos os sentidos. As promessas feitas pelas suas jantes agressivas de cinco raios e pelo pequeno pára brisas, misturam-se com o generoso guarda-lamas frontal e os clássicos espelhos redondos, enviando-nos mensagens contraditórias acerca do seu propósito.

A qualidade de construção mantém o alto padrão que encontramos na família GT, e atenção dedicada ao pormenor é indicativa de um inegável bem-estar a bordo.


Com a chave no bolso graças ao sistema keyless, damos vida ao elegante LCD redondo de contraste negativo, de design simples e bem estruturado (velocidades máxima e média, consumo instantâneo e médio, autonomia e carga da bateria), e a possibilidade de podermos emparelhar o nosso telemóvel (graças ao opcional sistema MIA) é uma realidade indicativa da sua modernidade.

No compartimento frontal encontra-se um carregador USB e podemos também guardar pequenos volumes (chaves, carteira, etc), sendo que este fica trancado se assim o desejarmos. O exíguo espaço debaixo do assento é equivalente ao que encontramos na restante família, conseguindo albergar um capacete aberto e pouco mais do que um par de luvas.

Dando dois passos atrás voltamos a apreciar a bonita cor bege (de seu nome “Beige Avvolgente Opaco”, estando disponível também num  “Preto Convinto”) com apontamentos cor de laranja, e a agradecemos a escolha dos detalhes em preto nas molduras dos faróis (iluminação full LED), na tampa do escape, no guiador, nos poisa-pés do pendura embutidos… Fechamos as mãos com os dedos comprimidos em direcção ao céu e entre sorrisos dizemos: “Belíssima”!!

Dando expressão ao movimento, a baixas velocidades a GTV mostra-nos toda a sua vontade de agradar. A posição de condução é característica de uma Vespa moderna, seguimos altivos numa postura mais clássica que desportiva. O assento é espaçoso e confortável (e muito bem acabado, com a costura laranja a delimitar os dois tecidos), embora não seja convidativo a grandes tiradas com pendura.

Gostaríamos de ter experimentado a cobertura rígida (opcional) para termos a verdadeira experiência “monoposto”...

A leveza do conjunto e a curta distância entre eixos, ajudam nas manobras mais limitadas, tendo em conta que a altura ao solo não é das mais acessíveis, e o seu tamanho acaba por se revelar maior do que aparenta. Afinal de contas, estamos na presença de uma “vespone”, uma máquina pronta para tiradas maiores.


E se a suspensão consegue mascarar (com nota de mérito!) as limitações físicas das pequenas jantes de 12” nos buracos mais ardilosos, é em estrada aberta que a GTV consegue usufruir do seu estupendo motor.

O monocilíndrico HPE (por nós testado na na Vespa GTS e que pode ler neste link) é um portento de força. Consegue ser eloquente no discurso, sem ser demasiado brusco ou intempestivo.

A sua progressividade torna-nos afoitos no trânsito e sentimos que podemos contar sempre com a sua disponibilidade (com 278 cc debita 23,8 cv às 8250 rpm e 26 Nm às 5250 rpm) para nos safarmos de situações complicadas. Embora consigamos facilmente atingir - e superar - as velocidades limite das grandes vias, o seu limite de rotação está castrado em relação ao da GTS por cerca de 10 km/h (a mais desportiva das Vespas consegue passar os 140 km/h). 

Neste registo mais desportivo, gostámos bastante do comportamento saudável do chassis, sem flexões desagradáveis que perturbem o conjunto. Acabamos demasiadas vezes por ignorar o mundo que nos contempla - nestas pequenas máquinas italianas os papéis invertem-se - para nos dedicarmos ao gozo de condução, sobretudo porque a envolvência dinâmica nos galvaniza a atitude.

Surpreendentemente, a travagem sente-se mais eficaz (especialmente no tacto inicial e na sua mordacidade) do que na GTS, que conta com maxilas da NIssin. Também achamos o controlo de tracção menos interventivo…


Esta Vespa GTV 300 (desde 7799 €) assume a ligação entre o passado e o presente da marca. A Piaggio conquistou o mundo numa época em que as pessoas necessitavam de voltar a ter esperança, um período de renascimento e reconstrução depois de todos os horrores de uma guerra devastadora.

A sua simplicidade casava na perfeição com esta busca, vendendo beleza e liberdade de uma forma harmoniosa. Hoje em dia, o conceito de scooter expande-se todos os anos, e surgem de toda a forma e feitio, mais rápidas, mais aventureiras, mais tecnológicas!

Com uma feroz concorrência, faz todo o sentido que a marca italiana não perca o seu legado, e mesmo que já não tenhamos um zumbido de um motor a dois tempos, ainda temos um icónico “faro baso”...


Neste teste usámos o seguinte equipamento de proteção:

Capacete: Nexx G.100R Gallon

Casaco: REV’IT! Flare 2

Calças:  REV’IT! Jeans Lombard 3 RF

Luvas:  REV’IT! Volcano

Botas:   REV’IT! Arrow


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andardemoto.pt @ 5-3-2024 11:45:28 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte


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