Android Auto e Apple CarPlay mais perigosos que condução sob efeito de alcool ou canábis

Estudo da IAM RoadSmart demonstra que os mais recentes sistemas de infotainment dos automóveis equipados com Android Auto e Apple CarPlay podem ter um efeito pior no tempo de reação dos condutores do que o alcool ou canábis.

andardemoto.pt @ 18-3-2020 12:34:07

Este estudo não tem diretamente a ver com motos ou motociclistas, mas de forma indireta acaba por ser relevante para todos nós que andamos na estrada de moto. Como bem sabe, o motociclista está bastante vulnerável enquanto conduz a sua moto que, por defeito, é um veículo que obriga a um controlo especial por apenas ter duas rodas.

O motociclista, ao contrário do condutor de um automóvel, não se encontra protegido por uma carroçaria de metal de um carro, sendo por isso bastante vulnerável a colisões com outros veículos ou objetos.

Quantas vezes já não apanhou “sustos” – ou pior, colidiu! – só porque o condutor do automóvel à sua frente se distraiu enquanto procurava uma morada no GPS, ou procurava uma música para ouvir enquanto conduz?

E foi precisamente com base no número de colisões nas estradas europeias que a IAM RoadSmart, instituição britânica com mais de 60 anos de experiência no estudo da condução e que dão formação a condutores e motociclistas, decidiu realizar um estudo que incidiu nos mais recentes sistemas de infotainment usados pela indústria automóvel, equipados com os cada vez mais populares Android Auto e Apple CarPlay.


No estudo da IAM RoadSmart, que pode consultar aqui, os condutores tiveram de percorrer o mesmo percurso por diversas vezes.

Na primeira tentativa o condutor não usou o sistema de infotainment do seu carro. Nas tentativas seguintes o condutor teve de interagir com o sistema de infotainment, seja através do toque (tocando com os dedos no ecrã sensível ao toque para selecionar as diversas funções do infotainment), e depois usando apenas os comandos por voz. Foram usados os sistemas Android Auto e Apple CarPlay.

Os resultados são inequívocos!

Ficou demonstrado neste estudo que os condutores que estão distraídos com o manuseamento do infotainment através de toque, mas também através dos comandos por voz, ainda que em menor “dose”, não são capazes de manter uma distância correta e constante para o veículo da frente. Reagiram mais lentamente a alterações repentinas no trânsito, e também não conseguiram manter-se na respetiva via de trânsito.

O estudo da IAM RoadSmart revela que os tempos de reação dos condutores aumentaram significativamente. Por exemplo, alguém que tenha usado canábis tem tempos de reação menores, e quem conduzir no limite legal de alcool permitido por lei tem tempo de reação cinco vezes menor do que quem conduz a manusear o infotainment do automóvel.


Dos resultados deste estudo agora publicado, destacam-se ainda outros números e considerações importantes para a segurança rodoviária:

- Ao usar o sistema de infotainment a distância de travagem aumentou para uma distância equivalente ao comprimento entre quatro a cinco automóveis;
- Ficou demonstrado que os condutores desviam os olhos da estrada por períodos que podem ir até 16 segundos enquanto usa a função de toque do infotainment (equivalente a percorrer 500 metros a uma velocidade de 110 km/h);
- Usar o infotainment dos automóveis pode ser tão perigoso como escrever ao telemóvel enquanto conduz;
- Os participantes do estudo revelaram muita dificuldade ou falharam a reagir a estímulos na estrada;
- Tempos de reação foram mais lentos ao selecionar músicas através do serviço Spotify (Android Auto e Apple CarPlay);
- Os participantes subestimaram o tempo que desviam os olhos da estrada por uma margem de até 5 segundos.

A IAM RoadSmart indica que apesar dos sistemas de infotainment estarem a funcionar melhor do que há alguns anos, devido aos avanços tecnológicos, a indústria automóvel tem ainda muito que trabalhar para evitar que este tipo de sistemas causem acidentes na estrada.

Do total de colisões registadas nas estradas europeias, estima-se que a distração / tirar os olhos da estrada seja responsável por 30% das colisões!

A organização britânica apela a “que os governos e a própria indústria automóvel realizem testes e adotem regras consistentes que efetivamente minimizem as distrações dos condutores”.

Enquanto motociclistas, este tipo de estudos e a adoção de medidas que visem melhorar a nossa segurança na estrada, como por exemplo o caso dos sistemas infotainment, são sempre bem-vindos.

andardemoto.pt @ 18-3-2020 12:34:07


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