Adelina Graça

Adelina Graça

Duas rodas, duas asas

OPINIÃO

Antequera - Granada

DEPOIS DA “FLORENÇA DA ANDALUZIA”, era tempo de arrancar para o sopé da Serra Nevada.

andardemoto.pt @ 25-7-2022 19:13:07 - Adelina Graça

Não sem antes fazer uma das minhas primeiras proezas, subir a pique em Antequera! Um dos meus principais problemas, de entre outros, era (e é) as paragens a subir, sobretudo porque, como se sabe, aquele momento de equilibrismo entre meter a primeira, largar o travão, tirar o pé do chão e arrancar, é uma espécie de malabarista em cima de corda, mas sem rede, claro.

Mas lá me safei!

O caminho para Granada faz-se já com as montanhas pela frente e com olivais a perder de vista, como não poderia deixar de ser.

O objetivo dessa etapa era chegar a Granada para arrancar no outro dia para a Serra Nevada, uma etapa despreocupada, embora longa. Ao longo destas etapas, sobretudo quando começas a sentir o ar das montanhas, percebes a importância do equipamento.

As oscilações de temperatura são bem percetíveis, por isso, costumo usar quase sempre uma camisola térmica, daquelas que se compram em qualquer loja de desporto.

Muito embora isso nem sempre seja confortável (ai o calor), permite de alguma forma proteger das oscilações de temperatura.

Claro que o casaco tem o papel mais importante, eu nesta matéria não facilito! Imaginem, levo dois. Eu sei, que exagero! É! Mas neste momento não consigo viajar sem eles.

Um dos casacos é o tradicional estilo aventura de gore-tex de uma dessas marcas conhecidas, o outro, é do mesmo género e da mesma marca, mas de verão, daqueles todos perfurados que sabe tão bem quando a temperatura sobe. Dirão, ocupa muito espaço. Sim, ocupa algum espaço, mas por exemplo, se comprarem da mesma marca e com as mesmas características e sobretudo o mesmo tipo de proteções, podem ir substituindo essas proteções de um para o outro e assim ocupam menos espaço de bagagem. “Xaram!”.

Granada é uma cidade enorme bem no sopé da montanha, mais uma confusão tamanha de gente que se apinha, mas com o cheirinho de aventura da montanha. Como normalmente não costumo marcar hotel e ainda era cedo, optei por parar numa esplanada e marcar o hostel, através dessas aplicações conhecidas. Bem, não imaginam o disparate. Chegada à porta do dito percebi o erro tremendo, para classificar melhor a coisa direi, valorizando bastante, uma espelunca! Claro está, impossível, dei por perdida a estadia e vai de encontrar outro, claro, numa cidade tão grande, tens sempre imensas opções.


Lá encontrei um hotel ao mais estilo tradicional, com um átrio para carros caros, mas onde parei, ostensivamente, a rodas altas. Só não entrei lá para dentro porque as malas da dita não passam e sujava a receção, é que arrastar as malas ao fim do dia começa a pesar, é nessas alturas que me pergunto, para quê tanta coisa…

Saí da mota e cheia de bazófia fui investigar até onde o pneu estava marcado, já tinha provado as primeiras curvas de montanha e a coisa tinha corrido bem. Surpresa das surpresas, pneu a desfazer-se! Literalmente. Fiquei em choque! Uma das coisas que aprendi de imediato foi a importância de ir verificando os pneus. Claro está, eram 18 h e sabia que as oficinas fechavam, entro pelo hotel esbaforida, vou à receção e pergunto, onde há aqui uma loja de pneus de moto?

A Sra. lá me tentou explicar, mas eu, depois de lhe dizer para reservar um quarto, saí novamente esbaforida a perguntar a tudo quanto era transeunte, onde ir arranjar pneus.

E como sabem, é nestes momentos em que por mais que nos expliquem o caminho, menos ficamos a saber, mas, a grande vantagem de ser motard com ar desesperado é que há sempre alguém que se prontifica a ajudar e lá fui eu, atrás de uma scooter.

Perseguir aquela scooter foi mais ou menos como um filme do 007 mas com mais buzinadelas e sem direito a corta e repete. Bem me lembro da cara do tipo à minha espera a cada novo cruzamento com aquele ar de “então ainda aí vens?”.


E depois de percorrer ruas, ruinhas e ruelas, lá encontrei a dita loja de pneus aberta, foi como encontrar um Oásis no meio do deserto, mas com cheirinho a borracha.

Quando o Sr. da loja me disse que tinha pneus novos em stock para a magana, e depois do choradinho me garantiu que os montava naquele dia, percebi o que é a meditação, fui dos 200 aos 20 em 3 segundos… E pronto, a magana empoleirada, rodinha nova e, cereja em cima do bolo, “se quiser pode-a deixar na oficina e vir buscar amanhã de manhã cedinho”, uau. Quando se viaja de moto sabe-se que o imprevisível é sempre o mais previsível, mas feitas as contas, lá fui para o hotel para o descanso merecido. Confesso que me serviu de lição, e se algum conselho vos posso dar é: assegurem-se sempre durante a viagem que está tudo bem com a vossa segurança, por muito confiáveis que as montadas sejam pode nem sempre estar tudo bem, inspecionem!

andardemoto.pt @ 25-7-2022 19:13:07 - Adelina Graça


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