Johan Pereira

Johan Pereira

Motociclista, peregrino da liberdade.

OPINIÃO

De Portugal à Finlândia - sexto e sétimo dias

16 e 17 de abril 2024

No sexto dia da nossa aventura, acordámos bem cedo, às 7 da manhã, mas não pelo despertador.

andardemoto.pt @ 21-4-2024 09:30:00 - Johan Pereira

Dia 6 – 16 abril 2024

A empregada de limpeza, que era mãe do proprietário do hotel onde estávamos hospedados, entrou no quarto a dizer "excusi, excusi, há água na porta". O incidente foi um tanto desagradável, especialmente considerando que a água à porta era resultado de alguém que a tinha entornado do lado de fora. Eu e o meu pai ficámos um pouco desconfortáveis com a situação.

Tínhamos planeado ir em direção à fronteira da Eslovénia, com destino a Bled, mas um erro de digitação no GPS levou-nos a Bovec, o que nos obrigou a seguir para norte, atravessando os Alpes Julianos. Apesar do desvio, estávamos determinados a visitar Bled para, pelo menos, tirar uma fotografia daquela pequena ilha com um castelo. Para evitar voltar atrás, decidimos atravessar os Alpes pelo cume, o que se revelou um enorme erro.

Infelizmente, a sorte não estava do nosso lado, pois fomos apanhados por uma tempestade de trovoada e neve, algo novo para nós.


Em pouco tempo, a neve intensa fez com subisse cerca de 15 cm em apenas 1h, uma situação complicada naquelas montanhas. O meu pai ficou para trás, e eu não conseguia parar devido ao piso escorregadio e aos carros que vinham atrás de mim. Com o sinal do GPS perdido, limitei-me a seguir em frente, tentando descer a altitude para sair daquela situação. Os meus pneus 80/20 mostraram-se bastante úteis, ao contrário dos do meu pai, que enfrentou mais dificuldades. Acabaram por fechar a estrada com ele ainda lá em cima.

Continuei a descer, procurando refúgio, até encontrar a passagem de uma garagem em Tarvisio. Fiquei à espera do meu pai durante 2 horas, enquanto a neve continuava a subir.

Quando ele finalmente apareceu, a estrada para a Áustria já estava fechada, forçando-nos a voltar para trás. Sem outras opções, tivemos que dormir em Tarvisio. Ironia do destino, passámos pela Eslovénia, mas acabámos por dormir novamente em Itália. O plano era dormirmos na Áustria, o que não se concretizou devido ao encerramento das estradas. Foi um dia cheio de imprevistos e desafios, mas que certamente ficará na memória como parte da nossa aventura.



Dia 7 – 17 abril 2024

No sétimo dia da nossa aventura, despertámos sob um manto branco de neve, mas, felizmente, as estradas já se encontravam limpas. Não perdemos tempo e aproveitámos a oportunidade para finalmente rumar em direção à Áustria, que se encontrava a uma curta distância de aproximadamente 2 a 3 quilómetros. Com os ânimos renovados, dirigimo-nos a Graz, entusiasmados por visitar o museu dedicado a Arnold Schwarzenegger. Contudo, cedo nos apercebemos do nosso erro: o museu não se situava em Graz, mas em Thal. Após um desvio de 30 minutos, chegámos ao destino às 17h, tendo apenas uma hora antes do fecho. Este contrarrelógio, no entanto, não nos desmotivou. O museu, localizado na casa onde Schwarzenegger cresceu, proporcionou-nos uma visão íntima sobre a vida de um grande ídolo, e ainda conseguimos adquirir uma caneta oficial como recordação.


Com o GPS agora configurado para Bratislava, na Eslováquia, prosseguimos na nossa jornada. No entanto, ao voltarmos a passar por Graz, o meu pai informou, através do intercomunicador, que o ecrã do telemóvel tinha deixado de funcionar; um contratempo sério, dada a sua necessidade de estar sempre contactável por motivos profissionais.

Sem hesitar, parámos num posto de abastecimento para procurar assistência. Orientados por um funcionário austríaco, dirigimo-nos a um centro comercial, onde encontrámos uma loja de tecnologia. Apesar do adiantado da hora, e após algum esforço da nossa parte, o proprietário acedeu a fazer o arranjo, alertando-nos para o custo mais elevado do ecrã original. Sem alternativa, aceitámos o preço de 130€, um valor que pesou no nosso orçamento, considerando o quanto este montante representaria em combustível para as motos.

O arranjo, apesar de dispendioso, permitiu-nos continuar a nossa viagem para Bratislava. Contudo, com o avançar da hora e o agravamento do frio, a noite tornou-se um desafio ainda maior. Com 3 horas de estrada pela frente e a temperatura a descer para os 2°C, a nossa capacidade e vontade de preparar uma refeição ao ar livre desvaneceram-se rapidamente. Em busca de conforto, optámos por jantar no McDonald's pela primeira vez na viagem. A decisão de pernoitar num motel nas proximidades, o "Motel Verde", surgiu como uma escolha lógica face ao cansaço acumulado e às condições adversas. Assim, concluímos mais um dia, repleto de imprevistos, mas igualmente rico em experiências inesquecíveis.

andardemoto.pt @ 21-4-2024 09:30:00 - Johan Pereira


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