Teste Royal Enfield Classic 350 - Charme Clássico
Nostálgica, charmosa, descontraída, uma moto cujo desempenho não se explica, sente-se.
andardemoto.pt @ 23-3-2022 00:21:32 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
Há motos que não nos deixam indiferentes. Têm o seu quê que as torna atrativas e dignas de interesse, mesmo para quem não está sequer ligado ao mundo das motos.
Parado nos semáforos, sentia que as pessoas olhavam interessadamente para a Royal Enfield Classic 350 que trago a estas páginas. Vi diferentes pessoas que a olhavam, transeuntes, automobilistas e mesmo outros motociclistas, uns intrigados se seria um excelente restauro, outros apenas encantados com o seu delicioso aspecto retro.
A nova Classic 350 salta efectivamente à vista pelo seu design icónico, de linhas inspiradas na Royal Enfield G2, que foi apresentada ao mundo em 1948, moto que entrou para a história por ser o primeiro modelo de produção em série com uma suspensão traseira dotada de braço oscilante.
Este design inspirou também o da mais popular moto da marca, a Classic 500 que, ao longo de 12 anos de produção, vendeu mais de três milhões de unidades em todo o mundo e foi determinante para o actual sucesso da Royal Enfield.
Quando o seu fiável motor UCE 500 saiu de produção, em 2020, vítima das restritivas normas de emissão de poluentes, a marca indiana, que se orgulha das suas origens britânicas, ficou sem a Classic 500 e com uma grande falha na sua gama.
Agora, a nova Classic 350 está pronta para perpetuar a lenda. Apesar de mais modesta, com os seus 349 cc de cilindrada a conferirem-lhe menos binário e consequentemente menos potência, revela-se tão ou mais interessante em termos de prestações dinâmicas do que a sua antecessora.
A nova unidade motriz monocilíndrica, recentemente apresentada na Meteor 350, que o Andar de Moto já teve oportunidade de testar, é igualmente refrigerada a ar e óleo e é capaz de gerar 20,2cv de potência às 6.100rpm com um binário máximo de 27Nm.
Apresenta-se bastante enérgica na subida de regime e a sua maior elasticidade permite, além de um excelente binário disponível desde baixa rotação, uma boa entrega de potência nos altos regimes, que torna o conjunto mais reativo ao acelerador e lhe permite, com extrema facilidade, ultrapassar os 100km/h.
Em auto-estrada, a sua velocidade máxima de 114 km/h permite pactuar relativamente bem com a corrente de trânsito e, em termos de consumos, o fabricante indica valores de 2,63 l/100 km, face ao que, os 13 litros de capacidade do depósito são efectivamente capazes de permitir autonomias a rondar os 400 quilómetros.
Mas tal como qualquer moto, o seu valor não se mede em números, antes em sensações. E são sobretudo as sensações que nos fazem ter vontade de andar de moto, e np caso da Royal Enfield Classic 350, julgar os seus predicados pela ficha técnica é tão incorreto como julgar um livro pela capa.
O aspeto nostálgico infringido pelas suas formas redondas e pintura a duas cores, chama a atenção para os pormenores que definem o seu estilo retro: a pála sobre o farol, o escape cromado com ponteira “peashooter”, o pinstriping da pintura, as rodas grandes e as jantes de raios, a pega das mãos para o passageiro, o assento de duas peças a lembrar os velhos selins, as pegas laterais que ajudam no manuseio, a delicadeza do desenho do descanso lateral…
Até o painel de instrumentos, com velocímetro analógico e LCD digital, e os curiosos mas funcionais botões dos comandos, transpiram qualidade e a preocupação em manter o aspecto retro, mas sem prejudicar a funcionalidade.
O interesse aumenta com o setup dos comandos e instrumentos a cair corretamente nos pés, nas mãos e nos olhos, com uma postura de condução elevada, ergonomicamente bem conseguida e confortavelmente acolhedora, para condutor e passageiro, graças a assentos extremamente confortáveis e a uma suspensão macia.
Ainda antes de começar a andar, a reposta imediata ao motor de arranque e a suavidade com que permite engrenar a primeira relação de caixa, deixam antever que, efectivamente apesar do seu aspecto retro, transmite a mesma sensação de condução de uma moto nova.
E basta começar a rolar para que a facilidade com que se deixa conduzir e a sensação de confiança que incute, se façam sentir.
Na prática os seus pouco mais de vinte cavalos, que são perfeitamente capazes de acompanhar o trânsito urbano, e a sua grande agilidade, proporcionada pela grande brecagem, pouca altura do assento ao chão e centro de gravidade bem baixo, fazem esquecer o seu peso algo elevado, que apenas se nota na altura de apertar os travões, que têm alguma dificuldade em digerir a inércia de andamentos mais rápidos.
Pelo seu lado a suspensão, que prima pelo conforto que se agradece nas nossas artérias mal-tratadas, consegue igualmente garantir um bom comportamento em curva e sob travagem, permitindo definir trajetórias perfeitas, mesmo com passageiro, e com grande estabilidade, ainda que a ritmos mais elevados.
A regularidade de funcionamento do motor e a sua linearidade, com a nota de escape característica de um monocilindro, contribuem para um elevado prazer de condução desde que a intenção não seja exceder os limites de velocidade.
Por tudo isto a Royal Enfield Classic 350 encontra nas pequenas escapadelas românticas, por estradas sinuosas com bonitas paisagens, o seu habitat preferencial, onde a facilidade com que se deixa levar é realmente impressionante.
Impressionante também é a qualidade de construção. Sem ruidos parasitas nem vibrações excessivas seja do quadro ou do motor, e mesmo quando enfrenta os limites de rotação ou os grandes buracos do asfalto, todo o conjunto mostra uma enorme solidez.
Por isso, pelos acabamentos cuidados e, no caso desta versão Halicon Black, pela pintura irrepreensível com acabamentos à mão, faz-se jus ao preço relativamente elevado, mas perfeitamente justificado também sua exclusividade.
Além de ficar bem em qualquer garagem, a Royal Enfield Classic 350 pode ser uma excelente moto de iniciação, uma companheira para ir descomprimir, ou mesmo para parceira do dia-a-dia, podendo ser também uma excelente alternativa para os motociclistas de estatura mais baixa.
Aos 3 anos de garantia de fábrica a marca junta ainda 3 anos de Assistência em Viagem.
Com uma grande quantidade de acessórios e variedade de esquemas cromáticos, pode fazer a simulação da sua personalização favorita aqui.
Equipamento:
Neste teste usámos o seguinte equipamento de proteção e segurança:
Capacete Hedon Hedonist Stable Black
andardemoto.pt @ 23-3-2022 00:21:32 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
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