Apresentação Honda CL 500 - Simplesmente Cool
Foi sob o céu azul da simpática cidade de Sevilha que assistimos ao lançamento mundial da nova Honda CL 500. Tendo por base a Rebel 500, e um motor que já vendeu qualquer coisa como 133.000 unidades na última década, o seu objectivo é colocar os detentores da carta A2 a circularem na cidade como se estivessem prontos para a aventura. E sempre cheios de estilo.
andardemoto.pt @ 11-4-2023 07:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça
Fazer renascer modelos que vêm do passado é sempre um risco, sobretudo se se trata de uma marca com uma história tão profícua como a Honda. Nesta época onde os grandes críticos vivem atrás de um teclado, sem filtros, discernimento, ou consequências, em vez de pular e avançar, o mundo soluça e regride. Indiferente a este fenómeno, só este ano a casa da Asa Dourada trouxe três grandes nomes de volta à ribalta, a Hornet, a Transalp e agora a CL 500. Mas não basta pintar por cima uma tela velha, é preciso reinventar, e sobretudo optimizar recursos numa era onde a competição pelas diversas fatias de mercado é mais renhida que nunca. A nova scrambler da Honda é um estereótipo disso mesmo, uma moto simples e com argumentos comprovados, feita para agradar um público alvo muito específico.
Na sua silhueta rapidamente saltam à vista dois elementos, o depósito de combustível da família Rebel e o escape sobredimensionado, mimetizando a linha da sua avó, a CL 72. Se nos anos 60 e 70 as proporções eram dadas ao exagero, nos dias que correm temos de pôr a playlist certa no Spotify para entrarmos no groove. Esta será uma daquelas peças que se ama ou se odeia, e da nossa parte podemos dizer que rapidamente se entranhou como característica típica do modelo. Dá-lhe personalidade, digamos assim.
Os outros elementos comuns à família Rebel são o conjunto de faróis dianteiro e traseiro (a iluminação é Full Led), e os mostradores LCD de informação espartana mas bastante funcional. Continuando o jogo de semelhanças, encontramos no quadro (sendo que o sub-quadro é desenhado específicamente para este modelo) e no bloco motriz, a mesma sintonia, a familiaridade. As restantes escolhas são bastante ortodoxas, sobressaindo as forquilhas convencionais de curso generoso, o duplo amortecedor traseiro e as jantes em liga com dimensões típicas de uma trail. Começava a desenhar-se uma intenção mais polivalente para a pequena citadina, algo a que a marca chama de “street off-road”, ou o que a Geração Z chamaria de um ‘bora-ali-à-praia-ver-o-mar”
Sol a brilhar em Sevilha, um batalhão de motos catitas prontas a rolar e um grupo de jornalistas com vontade de voltarem a ter 20 anos eram promessas de um dia bem passado. Tal como na Rebel, a chave está na lateral, debaixo do depósito de combustível, e assim que acordamos o motor, somos relembrados do quão castrador é o Euro 5. O escape (com um bonito acabamento em alumínio escovado do resguardo por cima do dissipador de calor, é apanágio da marca com a grande atenção ao detalhe) cheio de carácter merecia um som com mais personalidade. Até porque em andamento, a CL 500 não desilude na atitude, muito pelo contrário. A cremalheira tem mais um dente, para uma relação de caixa igual (tem 41 dentes em relação aos 40 da Rebel 500), transformando a resposta do pequeno bicilíndrico num diálogo bastante divertido. Esta é a palavra certa para o definir, os médios regimes são o seu habitat natural e agradecemos a ausência de vibrações. O motor (um bicilíndrico paralelo com 471 cc; debitando 47 cv às 8.500 rpm e 43,4 Nm Às 6.250 rpm) permite andar embalado e confiar na ciclística equilibrada e estável.
Nas estradinhas de curvas que a equipa da Honda escolheu, o ritmo era elevado, talvez demasiado para o propósito a que a máquina se dedica, mas em nenhum momento sentimos que a suspensão (uma forquilha convencional com 150 mm de curso no eixo dianteiro; e um duplo amortecedor com 145 mm de curso com ajuste de pré-carga no eixo posterior) ou a travagem ficassem aquém do pedido, muito pelo contrário, previsibilidade e controlo eram as palavras de ordem. Aprumada, dando bom feedback ao condutor, a CL 500 entregava-se alegremente, sem reacções descompensadas e com bastante segurança no eixo dianteiro. A jante de 19” e os pneus mistos (Pneus Dunlop Trailmax Mixtour) tiveram trabalho redobrado sem grandes queixas, mas mais tarde outros cenários colocariam à prova os seus atributos.
Da parte da tarde, um pequeno trajecto fora estrada para umas fotos cheias de estilo, faziam parte do programa. A CL 500 tem uma boa posição de condução em pé, e os apoios dos joelhos no depósito surgem com propósito definido. Não sendo uma moto para fazer o Paris Dakar, o seu acelerador directo a potenciar a tracção, o bom o comportamento das suspensões neste contexto mais agressivo e sobretudo a estabilidade de todo o conjunto, renderam-nos umas boas imagens. Tudo fácil e com…desculpem a repetição…estilo. Nesta altura trocámos para a versão equipada com o assento mais alto, e com as proteções de punhos, pára-lamas, e mica em branco. Uma imagem irreverente e descomplexada, da qual rapidamente ficámos fãs. Não só a posição de condução melhora substancialmente, como ficamos com pinta de playmobil réplica trail dos anos 70. Épico. Até temos uma placa para colocar autocolantes de todos os eventos cool onde faremos muitas stories com hashtags…
A caminho do centro de Sevilha para testarmos as suas valências citadinas, o trajecto nas vias mais rápidas faz-nos perceber que a posição de condução (guiador largo, poisa-pés com borracha amovível) não é desconfortável para tiradas maiores, seguimos relaxados e em registo de passeio.
Os 192 Kg não se sentem nas manobras, e a embraiagem leve será uma mais valia para os que derem o salto vindo das scooters. A sua agilidade fará dela uma arma perfeita para enfrentar o trânsito e humilhar as hordas de entregadores de Uber Eats nos arranques de semáforos
E como tínhamos escolha, mudámos outra vez de moto, um pouco na filosofia do modelo, que no catálogo de acessórios (A Honda CL 500 estará disponível em três packs com acessórios pré-definidos: Adventure, Style e Travel) permite uma grande personalização ao gosto do condutor.
Sinais dos tempos, a atenção ao detalhe é muito importante.
Para nós, velhos Petrolheads, o braço oscilante tubular e as cabeças de motor de pintura brilhante a contrastarem com o preto mate reinante em toda a mecânica, ficaram-nos no goto. Para um recém-encartado que largou as 125, poder escolher uma moto que o irá fazer destacar-se da multidão (com a facilidade e competência que lhe permite evoluir) tem na Honda CL 500 uma proposta com uma qualidade e solidez inegáveis.
Não é difícil colocar no mercado uma moto simples. Difícil é fazer uma moto simples mas super completa nos seus atributos fundamentais. A Honda mais uma vez conseguiu-o na perfeição, é um caso típico em que a soma das partes eleva o conjunto.
Um motor simpático e uma ciclística descomplicada e eficaz, com um design que serve de base para todo o tipo de customizações, serão a receita ideal para um sucesso garantido junto das gerações mais jovens.
Por 6,850 € temos uma moto divertida e muito funcional, que nos surpreende e cativa de forma descomplexada. Para nós a escolha recai na versão playmobil…
Equipamento:
Blusão: REV’IT! Flare 2
Capacete: Nexx G.100R Gallon
Luvas: REV’IT! Sand 4
Calças: REV’IT! Jeans Lombard 3 RF
Botas: REV’IT! Delta H2O
andardemoto.pt @ 11-4-2023 07:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça
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