Teste CFMoto 450SR - Desenhada para Impressionar

A convite da CFMoto Portugal, estivemos em Istambul na apresentação da mais recente pequena desportiva da marca, a 450 SR. Design impactante e uma ciclística estruturada para receber um bloco motriz muito interessante, são pormenores reveladores de que nada foi deixado ao acaso. E a magnitude de todo o evento foi um vislumbre da ambição da CFMoto na sua investida europeia.

andardemoto.pt @ 4-4-2023 07:15:00

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CFMOTO 450SR | Motociclos | Adventure

A cidade que serve de ponte entre o Oriente e o Ocidente foi a escolhida para a marca  chinesa fazer a sua primeira grande apresentação em solo europeu. Um evento em grande, de dois dias, onde dois palcos distintos serviriam para os jornalistas terem contacto com dois modelos diferentes.

O primeiro dia estaria reservado para o teste em pista da grande novidade, a 450 SR, e no dia seguinte, um contacto pelos arredores da antiga Constatinopla, para podermos constatar o seu comportamento num ambiente menos técnico.

A magnitude desta apresentação tomou forma quando, numa sala de eventos com vista para a recta da meta do Intercity Istambul Park, o CEO da CFMoto pegava no microfone enfrentando uma multidão de jornalistas e representantes da marca vindos dos quatro cantos do globo. 

Estamos a falar de cerca de 180 pessoas oriundas da América, Médio Oriente, Sudoeste Asiático, Austrália e obviamente Europa. Uma clara demonstração de intento organizativo e um verdadeiro desafio carregado de ambição.

Enquanto a tela gigantesca passava vídeos com imagens de acção em pista da pequena desportiva, a atmosfera crescia em expectativa pelo levantar do pano, até porque desde a primeira aparição na EICMA de 2021, que os média tinham ficado bastante curiosos.


E de facto, a marca de Hangzhou não quis deixar de demonstrar que a sua dimensão global (mais de 3000 concessionários no planisfério) e as suas parcerias com marcas conceituadas (Bosch, Continental, Kayaba, Brembo, Shell, etc) têm como fito entregar produtos com uma qualidade tecnológica ao nível dos grandes jogadores do mercado.

Relembremos mais uma vez a joint-venture com o grupo de Pit Beirer (detentor da KTM) no que toca ao desenvolvimento de novos modelos.
A 450 SR tem pinta de moto grande. As asas proeminentes são um pormenor mais estético do que funcional (prometem 2 Kg de downforce a 120 km/h), mas dão-lhe uma atitude aguerrida que se estende por todas as restantes linhas. Temos uma iluminação full Led com uma assinatura distinta (desenhando a sua forma de forma progressiva, quando a ligamos), e até uns pequenos sliders se mostram bem enquadrados na carenagem lateral. 

Toda a sua fluidez revela muito cuidado na aerodinâmica e a sensação geral é de bastante atenção ao pormenor. A CFMoto afirma que passaram mais de 30 horas no túnel de vento para dar forma a mais de 20 modificações até chegarem ao produto final. Na parte ciclística, temos suspensões com enfoque desportivo (forquilha invertida e monoamortecedor traseiro com estrutura multi-link), travões Brembo (disco de 320 mm, mordido por pinças Brembo M40 e ABS da Bosch), e um quadro tubular em liga (sendo que as jantes utilizam o alumínio na sua composição).
O motor aguerrido (bicilíndrico paralelo com 449,5cc, cambota desfasada a 270° debitando 47 cv às 10.000 rpm e 39,3 Nm às 7750 rpm) esconde no seu interior pistões forjados e foi inteiramente desenvolvido pela marca. 

O peso total da pequena desportiva queda-se nos 179 Kg pronta a rolar e se estes números ainda não fossem suficientes para ficarmos entusiasmados, o selector da caixa de velocidades tinha a possibilidade de ser montado de modo invertido, tipo "race-shift". Estava na altura de vestir o fato…


Agora seria altura de vos deliciar com momentos de condução épicos numa pista fantástica, pejados de despiques intermináveis, faca nos dentes, imagens heróicas aos comandos de uma moto muito divertida, mas… o clima não colaborou. 

Choveu copiosa e insistentemente o dia todo, daquela moinha que ensopa os equipamentos e torna o asfalto num lago dos cisnes, o que não pareceu incomodar muito os artistas de stunt que nos brindaram com malabarismos engraçados. No entanto para nós, uma pista desconhecida, à chuva, indiciava que nas primeiras sessões (seriam 3 no total), os ânimos teriam de ser refreados.
A CFMoto 450 SR tem uma posição de condução espaçosa para as suas dimensões. O assento (795 mm de altura na sua versão standard) fica bem encaixado atrás do depósito, as pernas estão bem recolhidas e privilegiam a posição de "ataque" ao cronómetro. 

Com o corpo a exercer peso no eixo dianteiro, graças à posição dos avanços, atrás da pequena bolha aerodinâmica encontramos um ecrã TFT de 5" a cores com um design cativante e de informação completa.

Não há ajustes electrónicos, não há mapas de condução e a IMU (servida numa TBox 4G que consegue comunicar através do smartphone através de um app dedicada) é um extra que servirá apenas para ler a telemetria da moto.

Rapidamente sentimos a agilidade do conjunto, os 179 kg estão bem distribuídos e toda a geometria da direcção está desenhada para criar soluções ao invés de problemas. As primeiras voltas são feitas a medo, seguindo um guia que nos mostrava as trajectórias sem elevar o ritmo em demasia.

Como sempre, existem os artistas que sabem mais do que os outros, e assim que lhes foi possível, ultrapassaram o piloto de Moto 3 do CEV que servia de guia. Escusado será dizer que no final da terceira volta, tínhamos dois gregos a deslizar em direção à lama da escapatória. O primeiro milho…


Paulatinamente, fomos ganhando confiança. Os pneus CST entregavam toda a sua alma desportiva e um verdadeiro acto de fé começava a assumir os seus contornos holísticos. O excelente piso e o traçado largo e fluido do Intercity Istambul Park ajudava-nos a tentar perceber os pontos de desaceleração, e assim, ganhar ritmo sem grandes exageros.

A 450 SR tem uma travagem bastante modulável, algo que nos agradou particularmente nestas condições. A suspensão, em conjunto com o quadro, aceitam e alisam as irregularidades de modo a comunicarem ao piloto todos os esforços que estão envolvidos na equação. Sim, porque ao fim de umas voltas, os erros na procura de limites começam a aparecer, e nessa altura a estabilidade ciclística ajuda-nos a ganhar compostura.  Começavam a aparecer os primeiros sorrisos no capacete.

Após a retemperadora pausa para almoço,  o espírito estava em alta, e a única coisa que quebrava a boa energia do grupo era voltar a vestir uns fatos absolutamente encharcados. Picanços eram prometidos, e muita bazófia era alimentada pela segurança dos números da máquina em questão.

O motor da 450 SR surpreende pela disponibilidade. Tem uns médios regimes com cantar de galo e não se deixa intimidar para lá das 10k rotações, sendo que facilmente atinge os 190 km/h (bem embalado), tendo como único senão o facto de por vezes "enrolar" quando voltamos ao acelerador após a travagem.

IA diversão que este bicilíndrico oferece, casa na perfeição com a embraiagem deslizante e com uma caixa de velocidades competente, sem sobressaltos dignos de nota. É, sem dúvida, um 450 cheio de genica, mais do que suficiente para galvanizar uma condução entusiasmada.

O dia acabou em apoteose com o aparecimento de um cão na recta da meta. Bandeiras amarelas, animal avistado na relva e nenhum dos dois pilotos que seguiam lado a lado a fundo, cortou o acelerador! A travagem foi disputada com risos nervosos de miúdos inconscientes…


O dia seguinte estava reservado para um tour pela cidade de Istambul. No nosso imaginário, pensamos que iríamos mimetizar a passagem épica na ponte onde o Toprak bateu os 400km/h, visitar a Mesquita Azul e sermos gozados pelos senhores que vendem gelados nas bancas de rua.

O dia mais solarengo permitiu-nos uns bons quilómetros de estrada com a 450 SR. Em condições mistas (bom e mau piso), conseguimos enquadrar a experiência de condução da mesma no mundo real.

O feedback que vos podemos dar é bastante positivo, fora do ambiente desportivo de um circuito, esta é uma máquina que tem uma condução simpática e envolvente, boa para o dia-a-dia. As suspensões conseguem ter um comportamento bastante saudável, o motor é afável a baixas rotações e a posição de condução desportiva não se torna muito penalizante nos pulsos. Mas sim, os CST gostam muito mais do piso abrasivo de um circuito, do que do asfalto sujo dos arrabaldes de Istambul.

A CFMoto tem vindo a surpreender-nos com a sua atitude assertiva, comprometida com a qualidade geral e focada num sucesso europeu. Os seus modelos são apanágio disso mesmo, e seu patamar evolutivo está longe de estagnar.

Esta pequena desportiva tem alma de moto grande, postura provocadora e um carácter que deve ser levado a sério. O valor por ela pedido estará tabelado pelos mercados do Sul da Europa e deverá rondar os 6.490 €.

As suas principais rivais serão a KTM 390 RC, a Yamaha R3 e a Kawasaki Ninja 400. E agora que abrimos a caixa de Pandora da pilotagem à chuva, nada nos impede de tentarmos montar um comparativo de pista com as quatro…independentemente do clima, a diversão está garantida!

Equipamento

Neste teste usámos o seguinte equipamento de proteção:

Fato: Macna Tronniq

Capacete: Nexx SX 100 R 

Luvas: REV'IT! Chevron 3

Botas: Dainese Nexus


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