Teste Kawasaki Ninja 1000 SX - Música Clássica
Vestir um poderoso tetracilíndrico com uma roupagem turística é uma velha receita de sucesso e uma combinação infalível com provas dadas no universo motociclístico. A Kawasaki Ninja 1000 SX faz parte deste selecto grupo, e nós fomos perceber se ainda faz sentido viajar com as pernas recolhidas e avanços na vez de um guiador.
andardemoto.pt @ 16-5-2023 07:45:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte
Comecemos por esclarecer que a nossa entoação não apela ao radicalismo. Nos tempos que correm é fácil cair no engodo das más interpretações, ferindo susceptibilidades e atropelando convicções.
Esta Sport-Touring nutre o seu purismo com soluções adaptadas a uma desportividade confortável. Os avanços são peças híbridas, desenhadas para elevarem a postura corporal do condutor no ponto de equilíbrio correcto entre a assertividade no eixo dianteiro e o prazer de rolamento sem sacrificar os pulsos.
As pernas recolhidas? Apenas o suficiente para exponenciar a movimentação do corpo quando procuramos o apex nos 45° de inclinação. E aqui se revela a fórmula mágica que faz esta tipologia de motos funcionar. Uma vontade latente de ser confortável e eficaz a despachar quilómetros, e um ADN desportivo que adora ser desafiado.
Com jante de 17" na roda dianteira, claro.
Comecemos por esclarecer que a nossa entoação não apela ao radicalismo. Nos tempos que correm é fácil cair no engodo das más interpretações, ferindo susceptibilidades e atropelando convicções.
Esta Sport-Touring nutre o seu purismo com soluções adaptadas a uma desportividade confortável. Os avanços são peças híbridas, desenhadas para elevarem a postura corporal do condutor no ponto de equilíbrio correcto entre a assertividade no eixo dianteiro e o prazer de rolamento sem sacrificar os pulsos.
As pernas recolhidas? Apenas o suficiente para exponenciar a movimentação do corpo quando procuramos o apex nos 45° de inclinação. E aqui se revela a fórmula mágica que faz esta tipologia de motos funcionar. Uma vontade latente de ser confortável e eficaz a despachar quilómetros, e um ADN desportivo que adora ser desafiado. Com jante 17" na roda dianteira, claro.
O design desta Ninja é sóbrio, elegante mas sem as exuberâncias típicas de quem quer chamar a atenção. Está presente o verde típico da marca japonesa, mas o preto domina as formas angulosas do conjunto, e toda a iluminação usa a tecnologia LED.
Há uma sensação de qualidade estrutural e de dedicação ao detalhe, nota-se muita solidez histórica na engenharia aplicada. Aos seus comandos sobressai o novo ecrã TFT de 5" (com ligação à App Rideology da Kawasaki), e o seu interface é descomplicado e directo, assim como a apresentação de todas as informações essenciais.
Nos primeiros metros em que rolamos com esta Ninja, a mesma sensação prevalece. Todos os inputs têm uma resposta bastante franca, sem rodeios, uma comunicação baseada na mecânica e não no algoritmo. O motor é suave a baixas rotações, a embraiagem é consistente sem se tornar demasiado viril, e o Quick-Shifter funciona sem dramas. Sinal de uma moto equilibrada, os 235 Kg não se sentem a baixas velocidades.
A dúvida sobre a linha ténue entre macio/mole esbateu-se assim que subimos o ritmo e carregamos inércia numa condução mais empenhada, o espectro de funcionamento destas suspensões está muito bem calibrado. Não há afundamentos exagerados, nem oscilações preocupantes em ângulo, esta estrutura dinâmica tem uma estabilidade à prova de bala.
E ainda bem, porque o seu coração tetracilíndrico (quatro cilindros em linha, com 1.043 cc; 142 cv às 10.000 rpm; 111 Nm às 8.000 rpm) merece ser bem acompanhado. Tal como um tenor que projecta a sua voz, a orquestra tem que saber enquadrar-lhe o protagonismo. E que voz! Esta analogia que vos trazemos, serve para vos enquadrar no espírito clássico da acção.
Num mundo motociclístico onde cada vez mais reinam os bicilindricos, existe algo de intemporal no funcionamento de um bom quatro em linha. Cheio, poderoso e contínuo, a sua resiliência a mostrar serviço faz-nos pensar que este é daqueles motores que gostaríamos de ter sempre na nossa garagem.
Ajudado por uma excelente sensibilidade do acelerador, conseguimos alterar-lhe a personalidade através dos seus mapas de gestão electrónica (Sport,Road,Rain e Rider, tendo este último modo a capacidade de ajustarmos a entrega de potência em dois níveis e o controlo de tracção em 3, ou desligá-lo por completo), ainda que acabemos a maior parte do tempo no modo Sport. Não porque somos heróis, mas porque a sua comunicação com o condutor é clara e linear, típica da expressão "dá aquilo que lhe pedires".
Em caso de exagero, podemos sempre contar com um controle de tracção e ABS sensíveis à inclinação, graças a Unidade de Medição Inercial que os controla.
Os Bridgestone Battlax Hypersport S22 surgem na forma de um generoso 190 traseiro pronto para ser castigado, e a travagem (Duplo disco semi-flutuante de 300 mm mordido por duas pinças de montagem radial de 4 êmbolos opostos; Disco de 250mm na roda traseira mordido por pinça de 1 êmbolo) potente e doseável, também entra nesta orquestra com as notas certas. Não é difícil andar rápido com uma moto destas, não é difícil andar controlado com uma moto destas, não é difícil viajar com uma moto destas. Percebe o padrão?
Claro que há pontos a serem melhorados. A regulação do ecrã frontal (entregando uma boa protecção aerodinâmica) podia ser eléctrica, o aquecimento de punhos podia ser de série, a montagem de uma top-case da marca devia ser compatível com as generosas malas laterais (disponíveis no pack Tourer e Tourer Performance, surgindo neste último um silenciador Akrapovic).
Mas nenhum destes pequenos pormenores consegue tornar enevoada a capacidade turística da Ninja 1000 SX. Estamos confortavelmente sentados (graças a um assento muito bem desenhado, com 835 mm de altura ao solo), temos consumos comedidos para a performance disponível (na ordem dos 6 L/100 km, para um depósito de 19 L), e sobretudo temos uma máquina que gosta de fazer quilómetros de forma entusiástica e competente.
Como grande rival aparece a Suzuki GSX-S 1000 GT, e nós faremos de tudo para vos entregar um comparativo com estes dois monstros. Até porque, nos dias que correm, as maxi-trail que dominam o espectro moto turístico do mercado, têm compradores que não fazem questão de as levar por maus caminhos.
Serão necessários 15.990 € para ter uma Kawasaki Ninja 1000 SX na garagem. Uma moto super completa e muito sofisticada dentro da simplicidade do conceito. Gostando ou não de música clássica, aqueles que tiverem os horizontes mais largos saberão entender que as grandes obras são trabalhadas ao longo de muitos anos, na busca da perfeição. Os outros? Um dia vão perceber.
Equipamento:
Neste teste, usámos o seguinte equipamento de proteção e segurança:
Blusão: REV'IT! Vertical GTX
Calças: jeans REV'IT! Lombard 3 RF
Botas: REV'IT! Link GTX
Luvas: REV'IT! Sand 4
Capacete: Nexx X.VILITUR Stigen
andardemoto.pt @ 16-5-2023 07:45:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte
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