Teste CFMOTO 800MT Explore - Lusotrotter

Um teste de 3.000 quilómetros pelas mais belas e remotas estradas nacionais.

andardemoto.pt @ 10-10-2023 07:00:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte

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CFMOTO 800MT Explore | Moto | Touring

Bem vistas as coisas, não é preciso fazer 3.000 quilómetros para testar uma moto. É certo!

Mas fui levantar a CFMOTO 800MT Explore às instalações do importador, em Oliveira de Azeméis. Fiz-me à estrada a caminho de Lisboa. Dias depois rumei ao Oeste, pela zona Saloia, para garantir uma sessão de fotos de qualidade para ilustrar este trabalho. 

Um par de dias mais tarde parti com ela, rumo a norte, para uns dias de descanso. Até chegar aos destino ziguezagueei por estradas remotas e velhos caminhos, atravessei o Alto Alentejo, a Beira Baixa e a Beira Alta, com passageiro e malas carregadas, em ritmo de passeio. Por lá aproveitei para explorar mais umas quantas pérolas rodoviárias, outras tantas maravilhas paisagísticas e umas quantas preciosidades gastronómicas que a região oferece. 

Acabada a boa-vida regressei a Lisboa e no odómetro já tinha somado mais de 2000 quilómetros. Depois de uma noite em casa segui para Faro, e dois dias depois regressei a Lisboa, não sem antes aproveitar o facto de ter deixado a pendura em casa, e deambular em rimos mais acelerados pelo Alentejo profundo. 

Passei uma semana em Lisboa, a dar à CFMoto 800MT uma utilização diária urbana e uma volta à Serra da Arrábida, sem malas, para melhor poder explorara a ciclística, antes de me meter à estrada e a ir devolver ao importador, já perfeitamente convencido que não me importava nada de a ter guardado na minha garagem.

Na realidade tinham-me bastado os pouco menos de 300 quilómetros do primeiro dia que com ela partilhei a estrada, para lhe fazer um diagnóstico.

Extremamente ágil, confortável e manobrável, de construção robusta e dona de uma ciclística que inspira imensa confiança e um motor cuja resposta rápida e sonoridade deliciosa proporciona um elevado prazer de condução, tinha-me praticamente rendido aos seus encantos. Diria que tem, na justa medida, tudo o que é preciso para fazer um motociclista feliz. Nem mais, nem menos.

Desde o primeiro contacto com a 800MT, ainda a solo mas com todas as malas instaladas, apreciei a precisão da direção, o aprumo e estabilidade em curva, a eficácia das suspensões mesmo em pisos degradados e a boa capacidade de travagem. Especificamente em ambiente urbano apreciei o radar incorporado, que monitoriza o ângulo morto, avisando de forma bem visível, no enorme ecrã TFT tátil e a cores que serve de painel de instrumentos, que um veículo nos segue de perto, pela nossa direita ou esquerda. 

Além disso, o sistema também avisa quando uma viatura nos segue demasiado perto da traseira, ou se dela se aproxima demasiado rápido. Um sistema muito útil que até agora só tinha visto implementado em motos de preço muito mais elevado. 

Em estrada, o quickshifter eleva o prazer de condução e faz desfrutar ainda mais da sonoridade do escape.


O motor, o bicilíndrico paralelo de inspiração austríaca que, com 799cc e a debitar 90cv de potência, mostra-se sempre com potência disponível e sobe de rotação alegremente, parecendo ter sempre mais um pouco de fôlego, algo que se agradece durante as manobras de ultrapassagem.

O pacote eletrónico disponibiliza seis modos de condução que adaptam a CFMOTO 800MT a diversos tipos de condução, seja em estrada ou fora dela.

No asfalto, as suspensões brilham, a travagem, combinada e assistida por ABS e unidade de medição de inércia não desilude, a direção é precisa e assistida por um amortecedor, a estabilidade em curva é grande, a ergonomia é perfeita e só é pena que a caixa de velocidades, apesar de bem escalonada, tenha um accionamento pouco requintado.
O depósito, com capacidade para 19 litros de combustível, permite longas tiradas sem ansiedade de autonomia, ou não tão grandes tiradas a explorar a fundo a capacidade do motor.

Em viagem, oferece importantes mordomias, como punhos e assentos com aquecimento regulável, cruise control, monitorização da pressão dos pneus e tomadas USB para carregamento de periféricos.

Em pisos de terra, a boa altura livre ao solo e o generoso curso das suspensões, 160mm na frente e 150mm na traseira, proporcionam paz de espírito e conforto, sem comprometerem a estabilidade nem complicarem as trajetórias. Com as carenagens protegidas por estruturas em tubos de aço e o cárter do motor também ele escudado por uma resistente placa de alumínio, o risco de um dispendioso contratempo fica extremamente reduzido.

O cockpit é muito agradável: a proteção aerodinâmica é elevada, com o ecrã pára-brisas regulável manualmente em altura e sem causar turbulência. A ergonomia é muito boa, o interface do utilizador é bastante simplificado e permite personalização da muita informação que disponibiliza. O ecrã tátil também facilita a tarefa de navegar por entre os diversos menus e configurações. 

O Interface Multimédia incorpora, como não podia deixar de ser, conectividade com o smartphone e o sistema de intercomunicação, respondendo a comandos por voz. Compatível com Apple CarPlay, infelizmente ainda não é compatível com Android Auto. Uma App dedicada permite um contacto à distância com a moto, providenciando informações importantes, incluindo a localização da moto. 

O assento nunca me causou incómodo, mesmo nos dias de muito calor, e o revestimento, além de secar rapidamente, tem muito bom aspecto e é antiderrapante. O facto de ser independente para condutor e passageiro, em dois níveis, proporciona mais conforto e algum apoio lombar ao condutor.


No entanto, mal parti de viagem, com passageiro e muita bagagem, senti imediatamente a falta de um ajuste remoto (ou acessível) da pré-carga do amortecedor traseiro. Não fosse estar de férias e em modo de passeio, tinha ficado extremamente frustrado pelo facto de ter que diminuir substancialmente a velocidade em curva, para não deixar ficar os poisa-pés e a base do cavalete central moídos no asfalto. 

Tinha encontrado o maior e o pior dos muito poucos defeitos da CFMOTO 800MT. Com o amortecedor traseiro bastante comprimido pela carga, também a frente fica menos reativa e mais vaga a baixa velocidade, o descanso lateral torna-se difícil de accionar e, a alta velocidade, a traseira começa inevitavelmente a abanar. 

É certo que o amortecedor traseiro oferece regulação da pré-carga e expansão, mas o seu acesso não é prático, nem rápido. Nada que um bom amortecedor não resolva facilmente, e tendo em conta o valor de aquisição da moto, este não será um custo ou despesa extra, mas sim um melhoramento que vai permitir de forma mais prática aproveitar a capacidade de carga de 188 kg que acresce aos 231 kg de peso a seco da moto.  

Mas seria uma injustiça deixar que este pormenor menos feliz, manchasse o potencial desta moto. Não sendo exuberante na sua exclusividade, a CFMOTO 800MT consegue bater o pé a muita concorrência, não só pelo seu preço mas também pela sua qualidade de construção e acabamento, pelo pacote eletrónico muito completo e até pelas suas linhas, que muitas vezes me obrigaram a atrasar a partida, graças à curiosidade de muitos transeuntes e até das autoridades.

Para resumir, a CFMOTO consegue oferecer no mercado um produto que em nada fica atrás da concorrência europeia ou japonesa, e a preços muito mais interessantes. 

E sim, não é necessário percorrer 3.000 quilómetros para fazer um teste, mas uma das prerrogativas de um jornalista de motos é poder juntar trabalho e prazer! E prazer, quanto mais, melhor! Foi o caso!

PS: Alguns leitores do Andar de Moto levantaram a questão do preço e da disponibilidade de peças de substituição. Sabendo que o importador da marca é uma empresa do Grupo Multimoto, podemos prever que a questão da disponibilidade de peças não vai ser problema. Relativamente aos preços, elaborámos um questionário com uma lista a que a CFPT - Veículos e Acessórios, S.A. respondeu prontamente e que pode encontrar abaixo:



Equipamento:

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