Teste SYM ADX300 - Versátil e Confortável

A minha experiência com scooters limitava-se apenas a alguns passeios rápidos em modelos de 125cc, com os quais me senti confortável para o dia a dia na cidade. A ideia de conduzir uma maxi scooter, especialmente um modelo como a SYM ADX 300, era algo que nunca tinha imaginado, principalmente por não saber ao certo o que esperar dum modelo com uma cilindrada superior, mais potente.

A minha curiosidade estava em perceber se a ADX 300 era realmente tão versátil quanto prometia, boa para as deslocações diárias em Lisboa, mas capaz de oferecer algo mais em passeios mais longos. E, acreditem, a experiência foi um misto de surpresas, com algumas pequenas ressalvas.

Quando a vi pela primeira vez, fiquei logo impressionado com o seu aspeto musculoso, com a frente em estilo ADV e um para-brisas curto que lhe dá uma postura agressiva e imponente. Parecia pronta para enfrentar qualquer desafio, seja a selva de asfalto citadino ou uma estrada mais exigente fora da cidade.

O ecrã TFT a cores de 7 polegadas é um dos elementos que não passa despercebido. Possui uma boa visibilidade, mesmo sob luz intensa e alterna automaticamente entre os modos diurno e noturno. Para aceder aos instrumentos, existem dois botões no painel que não devem ser usados em andamento, pois os comandos para navegar não são muito intuitivos.

A ergonomia é um ponto forte, já que fiquei à vontade desde o início, o que me fez sentir mais confiante. O assento é largo e confortável e a posição de condução elevada permite uma visão clara da estrada à frente. O guiador é largo, o que acaba por oferecer um controlo fácil e permite uma condução mais intuitiva, sem criar qualquer tipo de limitação ou desconforto.

 Logo ao sair para o tráfego urbano, fiquei surpreso com a rapidez com que a ADX 300 responde às acelerações. O motor de 278,3 cc oferece 25,84 cv de potência, e a resposta é instantânea quando se roda o punho. Mesmo no meio do trânsito apertado, a scooter tem o equilíbrio certo entre potência e controlo, o que a torna perfeita para serpentear pelas ruas mais movimentadas.

Uma das coisas que me chamou a atenção logo nos primeiros quilómetros foi a facilidade com que consegui ultrapassar os automóveis e outros veículos, devido ao comportamento ágil da ADX 300. A transmissão CVT garante uma aceleração suave e contínua, sem aquele “arranque brusco” que algumas scooters costumam ter.

Contudo, uma questão menos positiva surgiu logo nos primeiros quilómetros, o desempenho do travão traseiro. Embora o travão dianteiro de 260 mm, com montagem radial e 4 pistões, transmita uma boa sensação de controlo, o traseiro, com um disco de 240 mm, não tem a mesma eficiência. Em algumas situações, em que precisei de uma travagem mais firme, senti que o travão traseiro não mordia com a força que eu esperava, obrigando-me a depender mais do dianteiro para compensar.

A suspensão comportou-se muito bem na cidade, especialmente em pisos irregulares, como os típicos buracos e as pedras da calçada. A  forquilha telescópica e o duplo amortecedor estão ajustados para oferecer um equilíbrio entre conforto e controlo. No entanto, apesar de ser eficaz para o dia a dia, em situações de aceleração ou travagem mais bruscas, a sensação de afundamento poderia ser melhor controlada.

Depois de explorar Lisboa, decidi pegar nesta minha temporária companheira de duas rodas e seguir para a Marginal em direção a Cascais, uma das minhas estradas preferidas para passeios mais tranquilos. A transição da cidade para um ambiente mais calmo e aberto foi uma boa oportunidade para testar o comportamento da ADX 300 em estradas mais rápidas e suaves.

A aceleração revelou-se bastante linear e os 120 km/h foram alcançados sem esforço. Com um comportamento bastante sólido e positivo, posso mesmo afirmar que a estabilidade esteve sempre presente. 

Quando entrei em estrada aberta percebi que a proteção aerodinâmica da ADX 300 podia ser mais refinada O para-brisas, embora de dimensões reduzidas, cumpriu a sua função nas ruas da cidade. No entanto, em trajetos de estrada aberta e a velocidades mais elevadas, seria desejável que fosse um pouco mais alto. Apesar disso, considerando a cilindrada do modelo e o segmento em que se insere, a proteção fornecida é mais do que suficiente.

A ADX 300 oferece um assento e uma suspensão que permitem realizar viagens mais longas sem desconforto. Estive quase uma hora e meia ao guiador e, mesmo com a necessidade de adaptação a uma nova scooter, não senti qualquer tipo de desconforto ou cansaço. Até o passageiro pode desfrutar de um amplo assento, boas pegas para as mãos e poisa-pés bem colocados.

Outro ponto que considero positivo é a autonomia. O depósito de 16 litros é um grande trunfo, permitindo cobrir distâncias mais longas sem necessidade de paragens frequentes para abastecer. Para quem gosta de passear, como eu, ou deseja explorar mais além da cidade, este é sem dúvida um ponto bastante importante. 

Além disso, a tomada USB dupla tipo C e tipo A foi uma ajuda prática para manter o telemóvel carregado durante o passeio.

No final, a minha impressão geral foi positiva. A SYM ADX 300 é uma maxi scooter com um desempenho equilibrado, ideal para quem procura um modelo que seja eficiente na cidade e capaz de lidar com viagens mais longas. A potência do motor é suficiente para dar uma grande sensação de liberdade e a experiência de condução fora da cidade é muito agradável.
Os travões, embora eficazes na maior parte das situações, poderiam ser um pouco mais responsivos para proporcionarem uma maior sensação de confiança, sobretudo em ritmos mais despachados.

No geral, a ADX 300 é uma boa opção para quem procura uma scooter que ofereça mais do que o básico. Ela tem o que é necessário para uma condução urbana eficiente, mas também pode ser uma excelente companheira para explorar além dos limites da cidade.