MotoGP 2025 - Mugello - A época acabou?

Perante a desconsoladora perspectiva de podermos vir a deixar de ter luta aberta pela conquista do título de MotoGP no que resta de 2025, há que reconhecer que o domínio de Marc Marquez no circuito italiano de Mugello - onde Bagnaia havia vencido nos últimos três anos e Marquez não vencia desde 2014 - põe um ponto final (parágrafo?) nessa discussão.

A menos que algo de absolutamente extraordinário aconteça, Marc tem uma vantagem que nos leva a concluir que, pode não ter o título no bolso (afinal de contas, faltam 13 provas!), mas é aí que tem todos os seus adversários.

A marca histórica de 100 pole-positions (primeiro piloto a consegui-lo) e a vitória #93 (o seu número) em todas as classes do Mundial, confirmam-no como uma absoluta excepção no panorama actual do MotoGP e fazem prever a entrega oficial do título de campeão lá mais para novembro…

Marc Marquez não é só o melhor em pista, revela uma força mental que não vemos em nenhum outro. Talvez algo parecido no seu irmão, mas nem de perto no que deveria acontecer com o seu maior rival, Francesco Bagnaia.

 A jornada de Mugello voltou a demonstrá-lo, dentro e fora do asfalto. Ao domínio na qualificação, na corrida Sprint e no Grande Prémio, Marc juntou uma enorme calma sempre que das bancadas surgia o coro de assobios e apupos.

No final, acabou a agradecer a um público mais convencido da sua superioridade, apontando simbolicamente para a moto ao mesmo tempo que ‘desfilava’ com a bandeira da Ducati ao alto na volta de consagração.

Valeu-nos - aos amantes da modalidade - a batalha mais emocionante do ano, o duelo que todos queriam ver, entre Marc e ‘Pecco’. O italiano foi bravo e atrevido, mas depressa cedeu. A luta durou poucas voltas, até o italiano perder a confiança (de novo) no pneu dianteiro. Havia sido terceiro na Sprint, e no GP nem esse resultado conseguiu segurar.

Depois de cair para trás dos irmãos Marquez, Bagnaia ainda passou pela humilhação de ser retirado do pódio por Fabio Di Giannantonio, melhor italiano na Toscana. Arrasado, ‘Pecco’ terá abandonado aqui as suas aspirações ao título.

Alex Marquez voltou a ser o fiel escudeiro do seu irmão. Pela oitava vez este ano, na corrida Sprint, Marc e Alex terminaram P1 e P2. A única excepção foi o GP do Reino Unido onde foram… P2 e P1. No Grande Prémio, acompanhou a luta entre as Ducati oficiais de muito perto e, quando ‘Pecco’ quebrou, estava lá para garantir mais um segundo lugar, o quinto da época.

O mais novo dos irmãos de Cervera revela-se o segundo caso mais sério deste campeonato e começa a ser encarado como um forte candidato, num futuro mais ou menos próximo, ao lugar de… Francesco Bagnaia.

Quanto ao resto, quase não conta… As KTM e as Aprilia deram boas indicações, a Yamaha teve o pior fim de semana do ano… É isto.

Resultado motivador para Oliveira

No momento em que a discussão sobre qual dos pilotos da Pramac-Yamaha vai ‘saltar’ em 2026 para dar lugar a Toprak Razgatioglu, Miguel Oliveira deu um passo importante em termos de credibilização da sua ‘candidatura’.

O piloto português, já recuperado por completo da lesão que condicionou o arranque da temporada, ficou à porta da passagem direta ao Q2, na qualificação, saíu de P17 na grelha (falhando a estratégia no Q1), acabou P13 na Sprint (segundo Yamaha) mas, na corrida grande, manteve o ritmo, foi beneficiando das circunstâncias da prova, e terminou de novo P13, somando mais três pontos no campeonato. 

Mas, mais importante, foi o melhor classificado entre os pilotos Yamaha; Quartararo e Rins, com as motos oficiais, foram andando para trás ao longo da prova e terminaram imediatamente atrás do português, Miller, na segunda moto da Pramac, desistiu com problemas de vária ordem na sua moto.

Não é muito, mas quando os responsáveis da Yamaha garantem que a rapidez e a consistência serão factores de análise para a escolha, Oliveira dá um passo importante nesse sentido.
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