
Bruno Gomes
Jornalista
OPINIÃO
MotoGP – A importância dos pilotos de teste e uma estratégia bem definida
A atípica temporada 2020 de MotoGP deixou em clara evidência que os fabricantes que dão bom uso aos seus pilotos de teste têm os melhores resultados. A Suzuki e a KTM são os melhores exemplos do que se consegue quando a estratégia está bem definida.
andardemoto.pt @ 4-12-2020 17:44:55 - Bruno Gomes
No
mundo da competição não há nada melhor do que quando a equipa vê o seu piloto
cruzar a linha de meta em primeiro. Mas esse momento em que todos soltam as
suas emoções é apenas o resultado do trabalho, neste caso bem feito, nos dias
que antecederam a corrida.
Se olharmos de uma forma mais alargada para as performances dos pilotos e das
motos de MotoGP ao longo da temporada, percebemos que os resultados em corrida
não dependem apenas do trabalho feito ao longo do fim de semana de Grande
Prémio. Cada fabricante necessita de meses, e até de anos, antes de poder estar
na luta pelas vitórias em corrida.
A atípica temporada de 2020, mais curta e intensa, deixou em clara evidência
que há fabricantes que estão a trabalhar de uma forma mais acertada do que
outros. As suas equipas testam com pilotos especialmente preparados para esse
efeito. E quando digo preparados não é apenas a nível físico. Falo também a
nível psicológico!
A Ecstar Suzuki, que conquistou o título, mas também a KTM que obteve três
vitórias – duas delas pelas mãos de
Miguel Oliveira que teve uma temporada memorável! – e diversos pódios, são
dois dos melhores exemplos do que deve ser feito na preparação de uma temporada
de MotoGP.
No caso da Suzuki, a longa travessia sem títulos após a histórica vitória de
Kenny Roberts Jr. em 2000 levou a marca japonesa a inclusivamente deixar de
competir em MotoGP. Muitos pilotos passaram pela marca, entre eles Alvaro
Bautista, Chris Vermeulen ou John Hopkins. Mas 2015 foi o ano do regresso da
Suzuki.
Ao contrário do que vai acontecer em
2021, a Suzuki voltou ao mais alto nível sem contar com a injeção de
capital proveniente de um patrocinador principal. Mas esse aparente défice de
poderio financeiro foi colmatado com uma estratégia bem definida pela formação
que tem como rosto principal Davide Brivio, ele que esteve durante anos ao lado
de Valentino Rossi na Yamaha.
A Suzuki, para além de ter acertado nos pilotos que contratou, por exemplo
Maverick Viñales, Alex Rins mas também no agora campeão Joan Mir, nunca pareceu
querer dar um “passo maior do que a perna”.
Brivio, consciente da importância
de contar com bons pilotos de teste, aproveitou da melhor forma as concessões
concedidas pelos regulamentos de MotoGP, e com a ajuda de Randy de Puniet (que
trabalhou na GSX-RR desde 2013), Nobuatsu Aoki (o primeiro a pilotar a Suzuki
GSX-RR em público em Suzuka no ano de 2014) e agora mais recentemente Sylvain
Guintoli, formou uma estrutura que lhe dá plena confiança.
Brivio pretende que a Suzuki tenha uma equipa satélite para ficar em pé de
igualdade com os fabricantes rivais. Mas a casa japonesa não parece estar
disposta a dar esse passo, pois isso obrigaria o seu relativamente pequeno
departamento de competição a “esticar” os seus meios e provavelmente arriscavam
perder competitividade tanto na equipa de fábrica como a equipa satélite não
teria grandes argumentos técnicos para ser uma mais-valia.
Sendo assim, e tal como já foi assumido publicamente por Joan Mir e Alex Rins,
o trabalho do veterano Sylvain Guintoli tem sido de vital importância para a
melhoria nos resultados e performance da GSX-RR. Aos 37 anos o agora piloto de
testes da Suzuki para MotoGP continua a estar em plena forma física. Participa
nas diversas sessões de testes, privados ou oficiais, e fruto da sua
experiência e conhecimento de diversos tipos de motos – não só de MotoGP mas
também de Superbike –, Guintoli consegue identificar os detalhes que necessitam
de ser melhorados na GSX-RR.
Mir inclusivamente referiu durante 2020 que Guintoli consegue sentir coisas que
nem os dois pilotos oficiais Suzuki conseguem. Principalmente ao nível dos
pneus slick Michelin, tão relevantes para a performance e acerto das motos em
corrida.
Hoje em dia podemos considerar a Suzuki GSX-RR como a moto mais equilibrada do
plantel de MotoGP. Não apenas devido ao que conseguiram fazer Joan Mir e Alex
Rins, mas também ao que Guintoli e a equipa de testes de Hamamatsu trabalharam, onde se inclui ainda o piloto japonês Takuya Tsuda, que deu a sua contribuição no início da pré-temporada nos testes em Sepang.
Se olharmos para a KTM Racing e o seu projeto de MotoGP, vemos precisamente a
mesma situação da Suzuki. No entanto o fabricante austríaco tem a sua vida
ligeiramente mais “facilitada”, pois com os muitos milhões do patrocinador
principal Red Bull, mas também o poderio financeiro do grupo KTM, o projeto de
MotoGP da marca austríaca cresceu de forma exponencial nos últimos dois anos.
Os dois pilotos de teste contratados pela KTM, Dani Pedrosa e Mika Kallio, e
sem querer retirar qualquer mérito aos pilotos Brad Binder e Miguel Oliveira,
são dois trunfos que estão profundamente ligados às três vitórias da KTM em
2020
A chegada de Pedrosa na temporada 2019 foi o catalisador de diversas mudanças
no projeto.
A KTM encontrou na experiência e rapidez de Pedrosa os elementos que faltavam
para ajudar os pilotos como Miguel Oliveira ou Pol Espargaró a encontrar o
melhor caminho. O espanhol, apesar da lesão que o impediu de dar o seu pleno
contributo nos testes durante 2019, rapidamente identificou as áreas onde a
RC16 tinha de melhorar. E em 2020 vimos em pista os resultados desse bom
trabalho nos bastidores!
Pedrosa, diz Miguel Oliveira, é alguém que está sempre à procura da perfeição.
Quando vê que alguma coisa está mal ou não está a funcionar tão bem como ele
pretende, então não tem medo de dizer isso à KTM. E a verdade é que a KTM RC16
deu um enorme salto qualitativo esta temporada.
Dani Pedrosa assumiu o papel de principal piloto de testes da KTM em MotoGP.
Sem vedetismos, como aliás sempre se pautou ao longo da sua carreira. Mas o seu
papel é de tal forma relevante que o seu nome é sempre falado quando a KTM
obtém bons resultados.
Duas vitórias de Miguel Oliveira, uma para Brad Binder – a primeira da KTM em
MotoGP – e ainda cinco pódios para Pol Espargaró. Sem esquecer as boas prestações
do “rookie” Iker Lecuona. A KTM RC16 com o “input” de Dani Pedrosa e os muitos
quilómetros de testes acumulados por Mika Kallio passou a ser uma das motos
mais temíveis em MotoGP! Tem velocidade, tem potência, e cada vez mais parece
demonstrar a velocidade em curva que a torna numa moto eficaz em mais circuitos
do calendário.
O programa de testes da KTM é de tal forma intenso que a marca austríaca tem
estado a testar nos últimos dias em Jerez, com Dani Pedrosa a trabalhar nos
derradeiros detalhes da RC16 na sua versão de 2021. Veremos no futuro o que tem a KTM
para ajudar o Miguel Oliveira a aumentar ainda mais o seu registo de vitórias
em MotoGP e assumir uma posição de candidato ao título.
Depois temos os casos da Honda e da Ducati.
Tanto a marca japonesa como a italiana têm orçamentos bastante generosos para
os respetivos projetos de MotoGP. E isso traduz-se em programas de testes e
desenvolvimento intensos.
A Honda e o seu departamento de competição Honda Racing Corporation são os
“gigantes” deste campeonato. O HRC conta com Stefan Bradl como piloto oficial
de testes. No entanto o piloto alemão foi obrigado a realizar um esforço extra
em 2020, tendo de assumir um lugar de piloto a tempo inteiro na Repsol Honda
após a lesão de Marc Marquez logo no início da temporada.
Bradl, que regressou ao paddock do Mundial de Velocidade depois de uma passagem
sem grande brilhantismo pelo Mundial Superbike, dividiu-se entre pilotar aos
fins de semana e durante a semana estava novamente em pista a testar diferentes
componentes para melhorar a Honda RC213V.
Os pilotos Honda como Alex Marquez, Cal Crutchlow ou Takaaki Nakagami revelaram
enormes dificuldades em pilotar a versão 2020 do protótipo japonês. Feito a
pensar no estilo de pilotagem de Marc Marquez, o protótipo deste ano sofreu de
imensos problemas até que, a partir de meio da temporada, a situação
inverteu-se e começámos a ver os pilotos Honda mais acima na classificação.
Alex Marquez chegou mesmo ao pódio neste seu ano de estreia!
Esta viragem na tendência negativa da Honda ficou a dever-se, em primeiro
lugar, ao poderio enquanto estrutura do HRC.
Com meios humanos e técnicos em quantidade e qualidade, o HRC alterou a
configuração da ciclística da RC213V durante a temporada. E isso só é possível
graças à capacidade de resposta e adaptação do departamento de competição da
Honda, que consegue disponibilizar, num “time frame” reduzido novos componentes
para os seus pilotos usarem depois de aprovados.
E essa aprovação só é conseguida depois de Stefan Bradl percorrer muitos
quilómetros em sessões de teste. O alemão não parou, e nem mesmo durante as
semanas que intercalaram os Grandes Prémios consecutivos, Bradl teve descanso.
Um verdadeiro “iron man” que personificou o esforço e vontade do HRC em mudar o
rumo dos acontecimentos numa temporada que foi, a todos os níveis, bastante
negativa para o maior fabricante mundial de motos.
No caso da Honda a temporada fica marcada por resultados muito abaixo do
esperado, mas a esperança é de que em 2021 a situação poderá ser diferente, não
apenas tendo em conta os resultados dos pilotos no final do ano mas também a
capacidade de reação e adaptação do programa de testes de MotoGP da Honda.
Quanto à Ducati, a equipa da casa de Borgo Panigale liderada por Gigi Dall’Igna
esteve ao seu nível em 2020. Não se destacou pelo positivo nem pelo negativo.
Se a gestão da equipa ao nível dos pilotos continua a ser um ponto que muitos
criticam, o programa de testes de MotoGP da Ducati continua a concentrar-se no
italiano Michele Pirro. E aí tudo parece correr conforme previsto.
Este ano Pirro não competiu em nenhuma corrida de MotoGP, pois as regras
impediram a participação de pilotos “wildcard”. Algo que já não acontecerá em
2021, e com isso Pirro deverá voltar a fazer uma ou duas aparições em corridas
de MotoGP.
Michele Pirro é sempre um piloto de testes a ter em conta.
Compete no Campeonato Italiano de Velocidade onde luta sempre pelo título, e
está há vários anos dentro da Ducati Corse a preparar as diferentes Desmosedici
GP. Apesar da Ducati não ter conseguido o ambicionado título, não podemos dizer
que o programa de testes e principalmente o seu piloto Michele Pirro estiveram
mal em 2020, pois a GP20 demonstrou ser uma moto cada vez mais polivalente, se
assim podemos definir.
Longe vão os tempos em que a moto italiana valia apenas
pela sua velocidade em reta. Atualmente é uma moto capaz de dar luta em
circuitos com mais curvas.
Para o futuro não parece que a Ducati Corse pense em alterar o seu programa de
testes. Esta temporada não teve os resultados desejados, porém não terá sido
por falta do trabalho e esforço de Michele Pirro no desenvolvimento da moto
italiana. Talvez a melhoria, se calhar mais do que o esperado, de rivais como a
Suzuki e a KTM tenha ofuscado o trabalho feito pela Ducati a este nível.
Depois temos os dois fabricantes que estão no extremo oposto da Suzuki ou da
KTM.
A Yamaha Racing há vários anos que sofre constantemente ao longo da temporada
por falta de desenvolvimento da sua YZR-M1. O protótipo de Iwata aparece sempre
muito bem durante os testes de pré-temporada, e os seus pilotos começam
habitualmente o ano com sensações positivas e com renovadas esperanças em
chegar ao título.
Mas o programa de testes e desenvolvimento da moto japonesa sofre bastante ao
longo da temporada. Enquanto os protótipos dos rivais melhoram, o protótipo da
Yamaha não.
Ao contrário da Suzuki e KTM, que revelam ter um plano bem definido, o projeto
de MotoGP da Yamaha Racing, sob a liderança de Lin Jarvis, parece estar em
constante mudança. Para 2020 foram resgatar da reforma o espanhol Jorge
Lorenzo.
Valentino Rossi e Maverick Viñales aplaudiram a chegada do três vezes campeão
de MotoGP, precisamente com a Yamaha YZR-M1. Toda a gente reconhece o talento e
rapidez de Lorenzo, principalmente quando tem uma moto ao seu gosto. Com
Lorenzo a poder ajudar a testar a moto na Europa, algo que a Yamaha não tinha
antes de 2019, pois só tinha uma equipa de testes no Japão – Kotha Nozane e
Katsuyuki Nakasuga –, os fãs da marca dos três diapasões e também Rossi e
Viñales acreditaram que este ano tudo seria diferente.
Mas a pandemia e os problemas de motor das Yamaha deitaram por terra toda e
qualquer estratégia que Lin Jarvis pudesse ter delineado para 2020.
Jorge Lorenzo testou com a equipa durante a pré-temporada, em Sepang. Este
teste aconteceu em fevereiro. Depois disso, Lorenzo apenas voltou a pilotar a
Yamaha M1, e na versão 2019, durante os testes que antecederam o Grande Prémio
de Portugal, no Autódromo Internacional do Algarve. Este teste aconteceu no
início de outubro.
Foram oito meses sem pilotar a M1. Oito meses afastado das pistas.
O resultado desse teste em solo português foi muito abaixo do esperado. Como,
aliás, não poderia deixar de ser, pois ao fim de tanto tempo afastado das
pistas Jorge Lorenzo não estava com o ritmo para ser uma mais-valia para a
Yamaha na obtenção de “feedback” sobre as afinações e componentes da moto
japonesa.
A ausência de Jorge Lorenzo em sessões de teste a meio da temporada foi também
bastante penalizadora.
Uma estratégia que os responsáveis máximos do fabricante japonês prontamente
justificaram com a pandemia, mas que, tal como noutros anos em que não tiveram
uma equipa de testes europeia, acabou por ser bastante penalizadora pois a
Yamaha M1 foi perdendo competitividade ao longo de 2020 deixando os seus
pilotos à beira de um ataque de nervos. Que o digam Maverick Viñales e Fabio
Quartararo, e até certo ponto Franco Morbidelli que terminou a temporada como
vice-campeão.
A situação da Yamaha em termos de testes e da utilização do seu piloto de
testes Jorge Lorenzo foi tão fora do comum, que inclusivamente os pilotos da
marca revelaram o seu espanto perante tal decisão por parte dos responsáveis da
Yamaha.
Se o programa de testes da Yamaha para MotoGP não revela grande definição ou um
plano de ação, a verdade é que a postura de Jorge Lorenzo perante toda a
situação acabou por também não ser a mais adequada.
O espanhol de Palma de Maiorca, e ao contrário do que sucedeu com Sylvain
Guintoli ou Dani Pedrosa, para dar alguns exemplos, nunca se mostrou, pelo menos
publicamente, totalmente comprometido com o projeto da Yamaha. Provavelmente a
frustração de não poder pilotar a M1 conforme esperava deixou-o com o
sentimento de que não estava a ser considerado como um elemento importante na
estrutura e no projeto. E com isso veio a desmotivação.
A escolha de Jorge Lorenzo enquanto piloto de testes da Yamaha para MotoGP foi
um falhanço total.
Para corrigir este falhanço, Lin Jarvis e a sua equipa foram buscar Cal
Crutchlow que se despediu de MotoGP enquanto piloto no final da temporada. As
lesões e a vontade de estar com a família após tantos anos a viajar fizeram com
que Crutchlow voltasse a fazer parte da família Yamaha, depois de ter competido
pela Tech3 Yamaha no seu início em MotoGP.
O britânico tem a experiência e conhecimentos necessários para ajudar a Yamaha
a concretizar um programa de testes e desenvolvimento bastante mais detalhado.
Crutchlow conhece bem as motos de Iwata por ter competido este ano contra elas,
e será um piloto que dará mais “feedback” à Yamaha quando assumir o seu papel
de piloto de testes em 2021.
Aliás, o britânico é conhecido por, como se costuma dizer, “não ter papas na
língua” e dizer o que pensa de tudo o que o rodeia sem recear as consequências.
Será interessante ouvir o que Crutchlow tem para dizer aos responsáveis da
Yamaha assim que começar a testar a YZR-M1.
Para último deixo aquela que me parece que é a equipa que mais necessita de
clarificar o seu projeto de MotoGP. E urgentemente!
Apesar de todos os bons resultados obtidos no Mundial Superbike com a
superdesportiva RSV4, cujo motor V4 foi depois considerado o melhor entre os
protótipos CRT que competiram durante alguns anos em MotoGP, a realidade é que
o pequeno departamento Aprilia Racing em Noale tem revelado imensas
dificuldades em apresentar uma RS-GP verdadeiramente competitiva.
Sem o poderio financeiro para investir neste projeto de MotoGP como acontece
com marcas como a Honda ou a KTM, seria preciso que a equipa liderada por
Massimo Rivola, CEO da Aprilia Racing, conseguisse definir urgentemente e com
clareza o caminho que vão seguir num futuro a curto prazo. E não se desviarem
desse caminho.
Atualmente o projeto da Aprilia parece seguir uma estratégia que se modifica conforme
o “vento”.
Em conversa com um responsável de comunicação da Aprilia durante a apresentação
da RS 660 – clique aqui para ler a
análise à desportiva italiana –, foi-me confessado que a equipa não tem a
capacidade financeira para lutar com as mesmas armas das fábricas rivais. “Para nós era ótimo ter um piloto como
Andrea Dovizioso. Mas se investirmos 10 milhões na sua contratação, depois
teríamos de investir 25 milhões no desenvolvimento da moto. E não os temos!”. Os
valores aqui referidos não são reais. Servem apenas para fazer a escala entre o
investimento em pilotos e na moto.
É verdade que a RS-GP de 2020 se mostrou melhor e uma evolução da versão 2019.
Mas mesmo assim a moto italiana está muito longe das performances das outras
marcas. Para o próximo ano o projeto vai voltar a sofrer alterações. O motor V4
volta a ver a sua estrutura alterada, e o chassis Aprilia novamente renovado. A
equipa não vai começar do zero, mas volta a partir para uma temporada de MotoGP
bastante atrás das rivais.
O aparente desnorte que tem pautado as decisões da Aprilia tem depois
consequências ao nível dos pilotos e do programa de testes.
Bradley Smith começou 2020 como piloto substituto de Andrea Iannone. Inicialmente
era suposto o britânico ser o piloto de testes da Aprilia em MotoGP. Com isso,
Lorenzo Savadori assumiu o papel de piloto de testes dividindo essa função com
a sua luta pelo título de campeão de Superbike no CIV. Título que conseguiu de
forma brilhante!
Apesar de Savadori ser anunciado como piloto de testes, a realidade mostrou que
Bradley Smith é que continuou a ser o principal piloto de testes da Aprilia.
Em vez de se concentrar nos resultados em corrida, o britânico assumiu que teve
muitas vezes de testar componentes novos. Isso não só teve como resultado
fracas prestações por parte de Smith, como trouxe também alguma frustração,
pois o piloto da Aprilia afirmou que mesmo que validasse componentes, a fábrica
não conseguia disponibilizar em tempo útil esses componentes para uso em
corrida.
Ou seja, a Aprilia não só não teve Bradley Smith concentrado no seu papel de
piloto de testes ou de piloto para somar pontos, como depois o seu departamento
de competição mostrou não conseguir estar à altura das necessidades de uma
equipa de competição de MotoGP e de uma moto que necessita de constante
evolução.
A inconstância da Aprilia ao nível do projeto culminou com a decisão de
substituir Bradley Smith por Lorenzo Savadori nas últimas rondas do ano. A
Aprilia justificou essa opção como sendo um merecido prémio para Savadori por
se sagrar campeão italiano. Mas mais uma vez a imagem que transpareceu foi de
desnorte diretivo. E em termos de resultados, a mudança não trouxe nada de
positivo, pois Savadori ficou sempre nos últimos lugares.
Com tudo isto Bradley Smith parecia estar completamente fora do projeto Aprilia
para MotoGP. Mas num novo volte-face, e depois de nada menos do que cinco
pilotos (que se saiba!) recusarem o convite para pilotar a RS-GP em 2021, Bradley Smith está na lista
de nomes que pode assumir o papel de piloto a tempo inteiro... ou de piloto
de testes.
A Aprilia revelou que tanto Smith como Lorenzo Savadori vão disputar durante os
testes de pré-temporada um lugar na equipa a tempo inteiro. Aquele que não
ficar, assume o papel de piloto de testes.
Quando já todas as equipas têm o seu programa de 2021 definido, a Aprilia
continua à deriva e ainda nem sequer conseguiu definir quem será o seu piloto
de MotoGP, ou quem será o piloto de testes. Quando isto acontece, dificilmente
as coisas serão muito diferentes do que têm sido até ao momento.
A temporada 2021 tem todos os ingredientes para ser tão ou ainda mais
interessante de seguir do que foi a fantástica temporada 2020. As equipas de
MotoGP estão a fazer tudo para se prepararem da melhor forma para um ano que
será complicado. Fique atento ao seu Andar de Moto pois iremos seguir de perto
este campeonato e dar-lhe a conhecer todas as incidências.
andardemoto.pt @ 4-12-2020 17:44:55 - Bruno Gomes
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