Teste Indian FTR 1200 S - Desempenho Adrenalático

A tão aguardada Indian “flat tracker”, provou que os “Big V-Twin” americanos podem ser extremamente interessantes de conduzir.

andardemoto.pt @ 21-7-2019 20:06:49 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: ToZé Canaveira

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Indian FTR 1200 S | Moto | FTR

A FTR 1200 S foi inspirada na história de sucesso da Indian Motorcycle nas pistas de “Flat Track”, modalidade que a mais antiga marca de motos da américa dominou em tempos idos, e que continua a dominar de forma autoritária desde 2016, ano em que voltou a participar no campeonato AMA Flat Track, com a sua completamente nova FTR750, cujo sucesso está na origem destes novos modelos.

Toda a hype que envolveu esta nova moto nos últimos anos, o deslumbramento causado pelo primeiro e segundo contacto visual com os modelos expostos no Salão de Milão nas EICMA de 2017 e 2018, e o facto de recentemente, por motivos de força maior, não ter podido estar presente na sua apresentação ao mundo e aos media, na Califórnia, foram razão mais do que suficiente para desmarcar todos os compromissos e saltar para cima da primeira unidade matriculada em Portugal, gentilmente cedida pelo concessionário da marca em Lisboa, a Indian Spirit Motorcycles, a quem desde já aproveito para agradecer.

Com os olhos regalados após uma boa olhadela para as suas linhas esguias e desenho compacto, e uma breve explicação sobre o interface humano, cujo painel de instrumentos, em TFT a cores, emparelhável via Blutooth com o smartphone e intercomunicadores, além de apresentar uma sinalética clara, muito legível, com informação muito completa e inúmeras funções e opções de regulação, a que se acede ou por toque directo no TFT ou através de botões instalados no punho esquerdo, dei arranque ao motor.

O som proporcionado pelo enorme “V-Twin” é delicioso, amplificado ligeiramente mas sem exageros pelas ponteiras de escape Akrapovic, que esta versão S “Race Replica” tem instalada de série (opcional nas outras versões).

A posição de condução é irrepreensível, elevada, com o guiador a cair naturalmente nas mãos e os comandos bastante bem colocados. A brecagem, apesar de não ser referencial, é bastante boa e o assento mostra-se bastante confortável.



Mal se começa a rolar, a Indian FTR 1200S mostra imediatamente aquilo que é. Dificilmente o termo “motor explosivo” foi melhor aplicado a uma moto de série. Em modo desportivo, disponível a par com os modos normal e chuva, a resposta imediata ao acelerador e a avalanche de potência que lhe sucede, são verdadeiramente arrebatadoras (garantidamente assustadoras para um motociclista normal) e poucas foram as motos, entre as muitas que tive oportunidade de testar ao longo dos últimos anos, que realmente me causaram esta sensação.

O motor da Indian FTR1200 é um bicilindrico em “V” a 60º, DOHC de 4 válvulas por cilindro, com 1203cc, dotado de refrigeração por líquido, e debita aproximadamente 120cv com 120Nm de binário, que se espalham pela faixa de regime de forma plana, e que está disponível logo desde muito baixa rotação. 

Graças a uma taxa de compressão elevada, a cabeças de cilindro de alto desempenho, a corpos de alimentação duplos e a uma cambota de baixa inércia, a subida de rotação é, também ela, muito rápida. Desconcertantemente rápida. 


Por isso a Indian não descurou as ajudas electrónicas à condução. Além do obrigatório ABS e dos já referidos modos de condução facilmente selecionáveis e que automaticamente ajustam diversos parâmetros, como a resposta do acelerador e o nível de intervenção do Controlo de Tracção, as FTR 1200 contam ainda com uma unidade de medição de inércia (IMU) que permite adaptar os diversos sistemas à inclinação da moto, mitigando a descolagem de ambas as rodas (sob travagem ou aceleração) e a derrapagem da roda traseira, assim como o bloqueio das rodas sob travagem.

Por falar na travagem, o material Brembo de elevadas especificações quase parece subdimensionado perante tamanha capacidade de aceleração, e é severamente posto à prova, tal como o sistema de ABS (que nas versões “S” também pode ser desligado), sobretudo pelo desempenho pouco convincente dos pneus Dunlop DT3-R Radial, especificamente desenhados para as jantes de 19 e 18 polegadas que a FTR 1200 tem instalados, respectivamente na roda dianteira e traseira, que servem mais a forma que a função e que afectam também o desempenho do próprio motor, sobretudo na saída das curvas, sob a intervenção do Controlo de Tracção (há no mercado pneus que, apesar de não privilegiarem o design, serão garantidamente mais eficazes).



Mas isto só começa a ser relevante para quem realmente tiver “kit de unhas” para explorar o modo de condução desportivo, que transforma esta Indian FTR1200S numa verdadeira alucinação. Em modo normal, e mesmo até no modo de chuva (que a meteorologia “simpaticamente” me permitiu testar) os pneus de origem têm um comportamento normal e aceitável, até porque o motor passa a ter um carácter muito mais dócil.

A Indian FTR1200S é sobretudo uma moto de estrada. A suspensão demasiado firme, a travagem assertiva e a posição de condução de estilo desportivo, tornam praticamente inviáveis grandes incursões por maus caminhos. No entanto, nada impede que se desfrute de um bom estradão de macadame a ritmos bastante interessantes.


A existência de Cruise Control, a iluminação por LED e o excepcional desempenho do motor, foram concebidos para uma utilização sobretudo asfáltica, reforçada pelo excelente desempenho da ciclística e do arsenal electrónico. E nem sequer é necessário andar em modo desportivo para se conseguir um enorme prazer de condução, já que o modo normal é mais do que suficiente para manter um grande sorriso nos lábios.

Esse, o prazer de condução, é um dos grandes argumentos desta nova moto que pretende vir a acabar com o estigma e a redefinir os padrões das motos americanas. Rolar em estrada aberta, com um bom piso, é realmente um prazer. A regularidade de funcionamento e de resposta do motor, a confiança na travagem, a fácil inserção em curva, a grande estabilidade em ângulo e a rapidez da mudança de direcção permitem enrolar o punho com convicção, confiantes no montão de electrónica que está a “olhar por nós, (literalmente) pecadores”, incapazes de resistir à tentação de nos entregarmos apenas à “pilotagem”.

E mesmo a ritmos lentos, todo o conjunto apresenta um equilíbrio extraordinário, permitindo manobrar com extrema facilidade.



Como pontos significativamente negativos, sinceramente, não lhe consigo atribuir nenhum. É verdade que se estivesse equipada com um quickshifter (confesso que cada vez sou mais fã deste recurso) tornava a condução ainda mais interessante. É verdade também que o motor irradia bastante calor, sobretudo quando as médias de consumo aumentam, mas há motos onde esse problema é bastante mais acentuado. 

Por isso, propriamente defeitos, só pequenas coisas, como o facto de o tampão do depósito de combustível não ser articulado, e ficar na nossa mão quando se abre, ou o de o canhão da ignição ter um acesso bastante atravancado, sobretudo quando se pretende trancar a direcção.

Nesta moto seria ridículo falar de consumos, a não ser para definir a autonomia. O depósito de combustível, que está situado debaixo do assento, tem capacidade para 13 litros, e durante os dias que andei com esta “máquina do Demo”, para cumprir cerca de 200 quilómetros, gastei mais de 14 litros de gasolina. Mas tinha conseguido gastar bastante mais, não fosse o amor que tenho à minha já bastante comprometida carta de condução. 

Daí concluo que a autonomia prática (até acender a luz da reserva) desta moto, em viagem de passeio a solo, deverá rondar os 200 km, mas num picanço com os amigos, dificilmente será superior a 140km. A não ser que os amigos vão de 125cc!

Outras das características das FTR1200 (tanto da versão normal como desta versão “S”) é a elevada possibilidade de personalização, que conta com 3 “kits inspiracionais”, que em conjunto somam mais de 40 acessórios originais.


Em resumo, esta é uma moto exclusiva, extremamente potente, tecnologicamente avançada, que permite uma utilização bastante polivalente. A qualidade de construção é elevada, com a Indian a garantir a inabalável fiabilidade da marca, ao sujeitar esta completamente nova plataforma a mais de um milhão e meio de quilómetros de testes intensivos, com muitos milhares a serem feitos por pilotos profissionais, nomeadamente os da Wrecking Crew, a equipa oficial da Indian que tem dominado categoricamente o campeonato americano de flat track.

Se procura uma moto que lhe faça subir a adrenalina a um nível galático, então dirija-se a um dos concessionários Indian em Portugal e marque um test-ride!



Equipamento:

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Indian FTR 1200 S | Moto | FTR

andardemoto.pt @ 21-7-2019 20:06:49 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: ToZé Canaveira


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