Teste Honda ADV 350 – Aventura em modo urbano

A Forza 350 e a X-Adv criaram um descendente. Bem nascida, preparada para as imperfeições de uma realidade urbana que cada vez mais nos dá vontade de fugir, a Honda Adv 350 promete-nos um passaporte para a liberdade de movimentos. 

andardemoto.pt @ 6-2-2022 16:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça

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Honda ADV350 | Scooter | Scooters

Apresentada no mais recente salão da EICMA (ver notícia aqui), a Adv 350 promete trazer uma imagem mais aventureira às scooter de média cilindrada que povoam as estradas das grandes urbes.

Mas a forma prediz a função, sendo que as soluções ciclísticas apresentadas alteram-lhe o carácter e aumentam-lhe os horizontes de utilização, permitindo inclusivamente um off-road ligeiro.

O Andar de Moto foi convidado pela Honda Portugal para a sua apresentação Europeia, na rustica Sicília, onde foram colocados à prova os seus atributos de máquina polivalente pronta para tudo.


O primeiro impacto visual é dominado pela sua dimensão. Os painéis laterais, a secção frontal, o largo guiador convencional, o ecrã ajustável com a estrutura de fixação de aspecto robusto, tudo nos faz lembrar uma X-Adv em miniatura.

Em termos de números, a distância entre eixos e altura ao solo aumenta apenas 10mm (tal facto certamente devido à tipologia das novas suspensões), mas o triangulo ergonómico sente-se bastante mais hibrido, permitindo uma utilização em pé sem dificuldades de maior.

Assumimos uma postura corporal espaçosa, de braços bem abertos e de assento baixo, e onde claramente os condutores de maior estatura se sentirão à vontade.

A assinatura full LED da iluminação mimetiza mais uma vez a sua referência a X-Adv, e encontramos o mesmo sistema de sinalização de travagem de emergência (com a intermitência simultânea dos indicadores de direção) presente noutros modelos da marca. 

O novo painel de instrumentos destaca-se pelo seu look tipo torre, permitindo a sua visualização de forma eficaz nas diferentes posições de condução.

Contraste negativo no LCD com todas as informações relevantes e possibilidade de conectividade ao smartphone (com o sistema de activação por voz da Honda), e uns comutadores mais robustos para aceder a toda a informação completam a interface do utilizador.


Robustez é a palavra chave. Não existe a habitual profusão de plásticos típica de uma scooter, a ADV 350 sente-se confiante na solidez da sua qualidade de construção. Fundamental para uma moto que assume que gosta de ser “mal-tratada”...

Chave no bolso (ignição por sistema smart-key), motor ligado e nos primeiros metros reconhecemos de imediato a sua alma. Unidade motriz semelhante à utilizada na Forza 350, a sua linearidade e suavidade de funcionamento continua a ser das mais agradáveis do segmento.

Tem carácter na saída das baixas rotações, mas consegue manter o momento ao longo de todo o seu espectro de funcionamento, os seus 29cv às 7500 rpm (21,5 kW) e os 31,5 Nm às 5,250 rpm continuam bastante felizes na sua entrega, até porque a ADV 350 pesa apenas mais 2 kg (186kg) do que a sua irmã mais estradista. 



Seja na saída mais espirituosa de um semáforo, seja na capacidade de conseguir ganhar velocidade nos limites das vias mais rápidas (permitindo-nos ultrapassar em segurança), o monocilíndrico eSP+ de 330 cc cumpre e entusiasma! Os consumos a rondarem os 4,2 L/100km estão dentro do que se esperava para um teste estradista com andamentos bastante vivos.

A grande curiosidade (e a principal diferença em relação à Forza) é o comportamento das suspensões.

Com uma forquilha invertida de montagem convencional (tipo moto, com apoios superiores e inferiores enquadrando a coluna de direcção), curso mais longo e taragem de molas variável no duplo amortecedor traseiro (com reservatório independente mas sem ajuste de pré-carga), a ciclística ganha uma estabilidade fora do normal em motos deste género. Até porque o quadro tubular em aço de espessura variável não sofreu alterações.


Geralmente as scooters não gostam de grandes desequilíbrios no amortecimento de irregularidades, e passam essas oscilações para o quadro e para a coluna de direcção. A ADV 350 mostrou-se sempre imperturbável e manteve a compostura nas situações em que o asfalto era menos perfeito ou tinha mais armadilhas.

Demonstram um feeling de actuação algo seco e gostaríamos de um pouco mais de progressividade nas reações mais bruscas, mas no curto percurso fora de estrada conseguimos perceber o porquê desta agressividade, a sensação de segurança e controlo são dignas de nota. Resta saber qual a percentagem de utilizadores que lhes vai dar uma utilização mais extrema... 

As condições de clima frio e húmido que encontrámos nalgumas secções de estrada mais montanhosa, puseram à prova a travagem, a electrónica e os pneus desta pequena aventureira.

Com um sistema semelhante ao da Forza, o travão dianteiro apresenta uma boa modularidade, com um bom ataque inicial e bastante progressivo na potência, contrastando com o toque algo amorfo da unidade traseira.

A sensibilidade dos pneus mistos Metzeler Karoo Street (montados nas redesenhadas jantes, 225g mais leves que as da Forza) nunca será igual a uns espécimes mais estradistas, mas ainda assim, foram bastante informativos quando a frente esteve prestes desistir no asfalto húmido. Bom conforto de rolamento sem grandes zoadas ou vibrações.

O controlo de tracção HSTC tem dois níveis de actuação e é comutável, sendo que o modo intermédio é menos interventivo para permitir ligeiros deslizes da traseira antes de cortar a ignição, tendo como fito um maior controlo no fora de estrada. 


A praticabilidade que lhe dá o mote para um uso citadino continua com padrões elevados, conseguindo albergar dois capacetes integrais debaixo do assento, e um compartimento na secção frontal com ficha USB tipo C que fica trancado com a moto estacionada.

Mesmo sem os adicionais punhos aquecidos, os defletores dos mesmos conseguem proteger eficazmente as mãos dos elementos, mas gostaríamos que o ajuste das 5 posições do estilizado ecrã frontal pudesse ser operado com uma só mão, semelhante ao sistema da X-ADV, por exemplo.

A Honda ADV 350 respira qualidade de construção e uma certa elegância crossover, facto exposto nas 3 cores propostas (Prata metalizado, Cinzento escuro mate ou o Vermelho metalizado), e temos a certeza de que uma pintura mais adventure ao estilo tricolor HRC (tipo Africa Twin) teria bastante sucesso.

A tradicional top-case de 50 litros, comum a outros modelos da marca, pode ser operada com o sistema smart-key, e é uma proposta na lista de opcionais.

Ao longo dos cerca de 170 km percorridos, ficamos convencidos de que a aposta da Honda foi mais além do que apenas um exercício de estilo.

Esta ADV 350 é muito mais do que uma Forza mascarada de X-Adv, embora partilhando a plataforma, sente-se uma moto completamente diferente. Ganha uma estabilidade ciclística notável, e a sua dimensão e ergonomia permitem-lhe conquistar outros horizontes.

A grande rival será a irmã mais estradista, que custará apenas menos 200 € (a Honda anuncia 6,250€ para a ADV 350 e 6,050€ para a Forza) e que permanece mais compacta e ágil nas manobras mais citadinas.

Tempos difíceis estes, em que podemos escolher o nível de aventura nas nossas vidas... 


Equipamento:

Neste teste usámos o seguinte equipamento de proteção e segurança:

Capacete Nolan N80-8

Blusão RSW 222

Calças RSW Peter

Luvas RSW MSL-008

Botas TCX Clima Surround GTX

Veja o vídeo:

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andardemoto.pt @ 6-2-2022 16:00:00 - Texto: Pedro Alpiarça


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