Comparativo Suzuki V-Strom - Raios e Polegadas

Poderá uma jante raiada de 21” com suspensões de longo curso, revirar uma estrada de serra de modo satisfatório? E a mesma trail, com menor altura ao solo e uma roda de 19”,  conseguirá vencer aquela subida cheia de pedra solta para chegar ao tal miradouro?

andardemoto.pt @ 23-4-2024 17:21:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte

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Suzuki V-STROM 800 | Moto | Enduro
Suzuki V-STROM 800 DE | Moto | Enduro

Tendo sido um dos primeiros felizardos em Portugal a experimentar a nova Suzuki V-Strom 800 DE, num contacto que pode ler aqui, a boa impressão deixada foi duradoura e convicta de que estávamos perante um produto de qualidade.

A consistência do seu desempenho fazia dela uma casa familiar a que tornamos sempre que precisamos do conforto e da segurança, sob a forma de uma máquina que sabe performar.

Este é o paradigma desta trail de média cilindrada que, de tão importante para a marca, sabe valer-se da sua capacidade de ser “redonda” em todos os aspectos da sua entrega de potência.

A V-Strom 800 DE, convence pela qualidade das suas suspensões, pela estabilidade do seu conjunto e, sobretudo, pela sua disponibilidade motriz. Responsiva, cativante, mais alavancada no binário do que na potência, esta trail é um gozo de pilotar numa estrada de curvas encadeadas, e o seu conforto ajuda-nos a querer prolongar essa sensação. 

No fora de estrada, o seu peso penaliza-a no confronto directo com as rivais, mas o seu equilíbrio geral desenha-a mais como uma viajante de aventura do que uma extremista.

Foi então, com alguma expectativa, que experimentei a versão mais estradista deste modelo. A jante dianteira de 19” e as suspensões mais focadas nos movimentos de menor amplitude, dão-lhe uma precisão extra no eixo dianteiro, com menor afundamento em travagem e menos agachamento em aceleração.

A V-Strom 800 é bastante mais lesta nas transferências de massa e, num registo mais desportivo, a sua ciclística consegue corresponder melhor às solicitações do fantástico motor. Mas não deixa de ser uma trail.

E é aqui que me armo em esquisitinho…
Gosto que cada máquina tenha a sua personalidade vincada, especialmente quando assume a sua tipologia. Gosto de uma sport-tourer com a clássica jante 17” e com um pendor mais físico no eixo dianteiro, assim como gosto de uma trail que se desdobra e desarticula sobre si própria quando lhe esprememos o seu sumo.

Esse tal "espremer de sumo" é tão mais gratificante quanto melhor é o seu motor, e este bicilíndrico tem alma para dar e vender. A gama V-Strom 800 revela duas versões, a DE e a normal, e este teste serve para vos ajudar a escolher a vossa companheira de aventura, dentro e fora do asfalto.


O Tamanho importa?

Considerando a estatura do utilizador (um tópico que me é muito querido, tendo a conta a parca dimensão deste espécime que vos escreve…), a estrutura mais acessivel da versão mais estradista, irá agradar aqueles são mais penalizados “verticalmente”.

Mais baixa (825 mm de alturo do assento ao solo, menos 20 do que a DE), mais compacta (uma menor distância entre eixos e uma menor largura do guiador), e mais leve (menos 7 kg que a DE, marcando 223 Kg pronta a rolar), a sensação é de que estamos numa moto completamente diferente, bastante mais fácil de manobrar, sobretudo em contexto urbano.

A imponência da DE só surge quando comparada lado-a-lado com a sua irmã asfáltica, até porque a sua boa centralização de massas faz dela uma trail com uma óptima comunicação nos registos mais lentos. Mas é, sem qualquer sombra de dúvida, uma moto que exala um maior perfume de aventura. 

Qual delas é a mais rápida?

A grande questão que costuma ser debatida com os restantes companheiros de duas rodas em qualquer café de beira de estrada…

Obviamente, não existe uma resposta clara, tendo em conta que ambas partilham os mesmos 83 cv e 78 Nm debitados pelo bloco bicilíndrico paralelo de 776 cc. A grande diferença surge no seu comportamento dinâmico, e por conseguinte, a sua capacidade de permitir ao condutor ter maior ou menor facilidade de perceber os seus limites. 


Pelo seu centro de gravidade mais baixo, suspensões mais firmes e de menor curso, pela maior capacidade de reacção da jante de 19” e pela travagem mais competente (pinças de montagem radial), os ingredientes para uma maior eficácia estradista estão lá todos.

Bastante mais directa e acutilante que a DE, o facto de podermos explorar o fantástico efeito “fisga” deste motor, torna uma estrada de curvas num verdadeiro festim motociclístico. 

Qual a melhor para ir até aos Picos de Europa com pendura?

O horizonte infinito de uma estrada aberta, os kms acumulados às centenas, e o a sensação de viajar em total liberdade, são características imutáveis de uma boa viajem de moto. Neste campo, existe um empate técnico.

A protecção aerodinâmica superior que o deflector de maiores dimensões da versão de estrada propõe, traduz-se num maior conforto de rolamento.

Por outro lado a versão DE oferece as muito úteis protecções de punhos que nos resguardam as mãos em situações de intempérie… Tendo em conta que podemos adaptar estas soluções a qualquer um dos modelos (assim como dotá-las da indispensável capacidade de carga), a maioria dos dramas estão resolvidos.

A grande diferença surge na maneira como lêem as irregularidades do piso, e aqui, a maior tolerância da jante raiada de 21” aliada às suspensões com um funcionamento mais macio, fazem da DE uma moto mais prazerosa de lidar com as adversidades.

Se as mesmas se encontrarem num caminho de terra, rumo a um castelo perdido no meio do nada, melhor ainda! Importa também referir que o assento é igual em ambas as versões, e que as minhas extremidades não têm nada de negativo a comentar sobre a sua excelência…


Qual é a mais “adventure” ?

Antes que os vossos olhos vos saltem das órbitas pela aparente estupidez da pergunta, leiam o seguinte silogismo.

O termo “adventure”, fruto do sucesso de um segmento que explodiu em popularidade nas últimas décadas, serve para tudo. Serve para scooters, para Sport-Tourers e para uma atitude despreocupada perante o tipo de chão que vamos pisar com as duas rodas. 

Basicamente, serve para explicar aos outros que não temos medo de nos sujarmos. A nós, e à maquina.

E ambas as versões da V-Strom 800 conseguem exaltar este espírito. A DE será sempre mais capaz de subir a temperatura do sangue do explorador, mesmo quando se encontra simplesmente… estacionada. 

Qual devo escolher?

Era fácil dar-vos uma resposta simples, baseada no espectro maioritário de utilização. Mas como a escolha de uma moto envolve muitos mais factores do que a simples racionalidade, deixo-vos um exemplo:


Com o meu colega Rogério Carmo e com ambos os modelos, fizemos um daqueles bons dias de estrada. Daqueles dias de 700 km, com pouca Auto-Estrada, diversas nacionais rolantes, muitas estradas de serra serpenteantes e até algum fora de estrada. 

A dissemelhança entre nós não se fica pelas óbvias diferenças físicas (existem outros campos como experiência motociclística, estilo de condução, etc), e esta experiência revelou ao longo do dia uma clara apetência pessoal relativamente a uma das versões e, contra todas as previsões - aparentemente - eu prefiro andar nas pontas dos pés e o Rogério Carmo prefere sentir-se mais “agarrado” ao asfalto…

Equipamento:

Equipamento:

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Suzuki V-STROM 800 | Moto | Enduro
Suzuki V-STROM 800 DE | Moto | Enduro

andardemoto.pt @ 23-4-2024 17:21:00 - Texto: Pedro Alpiarça | Fotos: Luis Duarte


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