Teste Voge 900 DSX - Cavalo de Troia

Até há muito pouco tempo, a Voge apenas dispunha de uma gama de motos de baixa e média cilindrada, mas para garantir uma proposta de progressão aos entusiastas da marca, esta lançou o seu modelo mais aguardado, a 900 DSX, que fomos testar nos arredores de Madrid, em Guadalajara.

andardemoto.pt @ 6-6-2024 07:05:00 - André Sanches

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Voge 900DSX | Moto | Trail

O grupo Loncin, empresa mãe da Voge e produtor de alguns motores para a BMW Motorrad, há já uns bons anos, destaca-se pela qualidade e acessibilidade nos modelos que compõem a sua vasta gama. Por isso a nova 900 DSX não é apenas “mais um”, mas sim o topo da cadeia da sua gama em termos de tecnologia, potência e equipamento.

Antes de mais, a Voge decidiu entrar no segmento de trails de alta cilindrada, uma vez que este é um dos mais fervilhantes do momento, e para tal desenvolveu uma moto com rodas de 17 polegadas na traseira e 21 na dianteira possibilitando assim aos amantes da marca e do segmento uma moto versátil para chegar a qualquer destino. Ainda assim, não negligenciando de forma alguma o conforto a bordo, a agilidade do conjunto nem a qualidade dos acabamentos. 


Com cerca de 200 mm de curso em ambas as suspensões, a Voge 900 DSX aparenta uma estatura alta com uma secção frontal proeminente e agressiva (complementada por barras de proteção) que fornece ao motociclista uma proteção aerodinâmica boa, um ecrã pára-brisas ajustável em 2 posições mais que suficiente graças à forma do assento “cavado” entre o depósito avantajado e o socalco que define o lugar do condutor. Além desta forma do assento agradar aos motociclistas com estaturas mais baixas, a posição das pernas abraça a moto de forma natural nas duas posições de regulação do assento e os braços apoiam-se no guiador ligeiramente elevado para conferir máxima versatilidade.

Certamente mais virada para o asfalto, evidenciado não só pelas borrachas calçadas (Pirelli Scorpion Trail II) mas também pela forquilha invertida da Kayaba, totalmente ajustável e com uma regulação de fábrica competente e focada no conforto, assente na parte frontal do quadro multitubular perimetral. O mesmo se passa no monoamortecedor traseiro, fixo ao braço oscilante, que permite o fácil ajuste da pré-carga da mola e da extensão. Ambas as suspensões revelaram comportamentos competentes e estáveis nas diferentes situações durante o teste em asfalto, estradas sinuosas e fora de estrada.


Durante os mais de 200 km percorridos por solo espanhol , pude pôr à prova a unidade motriz de dois cilindros paralelos, com 895 cc, refrigeração por líquido, cabeça DOHC com 4 válvulas por cilindro, desfasamento da cambota a 270º. ostenta uma potência máxima de 94 cv às 8.250 rpm e um binário de 95 Nm às 6.250 rpm. Dotada de um caráter robusto, com uma entrega uniforme de potência e binário ao longo de toda a faixa de regime, não sendo demasiado agressiva no enrolar do punho direito, permite desfrutar das altas prestações e fiabilidade já bem conhecidas do modelo bávaro que também a utiliza. 

Para extrair o sumo deste bicilíndrico, a caixa manual de 6 velocidades é bem escalonada e transmite um bom feedback, com um funcionamento simples quando a auxiliamos com a manete ajustável da embraiagem deslizante. Já quando usamos o Quickshifter os resultados ficam abaixo do esperado, com um acionamento por vezes forçado e pouco suave, especialmente na subida das relações de caixa. Este efeito pode ser causado pela ainda pouca rodagem das motos de teste, podendo vir a dissipar-se com a passagem dos quilómetros.


Na manete ajustável da direita obtemos uma resposta mordaz e facilmente doseável da dupla travagem com pinças Brembo de dois pistões, enquanto na pinça simples traseira, também Brembo, atuada pelo pedal no pé direito, conseguimos igualmente um controlo simples para colocar a quantidade de potência de travagem necessária, um factor muito importante para as tiradas mais agressivas no fora de estrada.

Além da aparência contemporânea, com uma imagem agressiva proporcionada pelo bico proeminente na dianteira, a Voge 900 DSX conta com um conjunto vasto de equipamento tecnológico capaz de fazer inveja a algumas outras big trails do mercado. Destaca-se o radar traseiro com aviso de ângulo morto nos retrovisores, que não revelam vibração, os punhos e assento aquecidos com 3 níveis de intensidade, a monitorização em tempo real da pressão dos pneus (TMPS), e o grande painel TFT a cores de 7 polegadas no qual observamos as informações essenciais à condução. 


É também através deste painel que confirmamos o modo de condução escolhido no comutador direito: Eco, Rain, Off-Road e Sport, nos quais a resposta do acelerador é alterada consoante as condições, sendo que no modo off-road desliga somente o Controlo de Tração e o ABS Bosch nas duas rodas. 

Por fim, através do comutador esquerdo onde navegamos também pelo painel de instrumentos, é ainda possível ajustar o Cruise Control. Com luvas calçadas o “feeling” de ambos os comutadores não é o mais intuitivo e acabamos por ter de verificar se o clique foi efetuado com sucesso.

Para fechar o assunto tecnológico, a 900 DSX apresenta ainda iluminação full LED com faróis auxiliares de série, conectividade ao telemóvel por Bluetooth e tomadas USB-A e USB-C. Um ecrã frontal regulável em altura, proteções laterais e de cárter de série, silenciador em aço inoxidável e um braço oscilante em alumínio, tornam a proposta ainda mais irresistível.

Revela-se por isso uma opção a ter em conta, seja para uma utilização diária polivalente, para uma férias em registo de aventura, ou apenas para uma escapadela de fim-de-semana. A grande confiança que inspira torna-a ainda uma opção correcta para aqueles motociclistas que pretendem subir de cilindrada.

Por último, e não menos importante, a Voge 900 DSX insere-se no mercado nacional de trails de média cilindrada com um preço convidativo de 8.888€, o que face ao equipamento que propõe de base e a todo um conjunto com capacidades que nos deixam ansiosos de as explorar, se revela uma verdadeira pechincha. Ainda para mais o quadro, com sub-quadro aparafusado, abraça um motor já adotado por uma fabricante europeia, diminuindo desta forma o estigma de muitos motociclistas relativamente às motos asiáticas. Trata-se de um autêntico cavalo de tróia que se revela uma verdadeira surpresa.

Equipamento:

  1. Capacete: Kappa KV30
  2. Fato: RST Pro Series Ranger
  3. Luvas: REV'IT! Striker 2
  4. Botas: RST Atlas

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Voge 900DSX | Moto | Trail

andardemoto.pt @ 6-6-2024 07:05:00 - André Sanches


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