Teste BMW R1300 GS Adventure - Em equipa que ganha…
Não será bem um teste, antes um confronto com o passado. Será a nova GSA melhor que a anterior?
andardemoto.pt @ 15-4-2025 06:34:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
Este foi o meu primeiro contacto com a nova GSA 1300. Depois de muita estrada feita com as versões anteriores da icónica aventureira bávara, que muito prazer me deram, tinha imensa curiosidade em testar esta nova versão. Isto porque, depois de ter andado com a “pequena” R1300GS, já desconfiava que a nova GSA não ia ser apenas uma ligeira evolução das versões anteriores. A GS tinha-se revelado muito mais desportiva, mais compacta e mais ágil que a sua antecessora, consequentemente mais exigente e divertida em termos de condução. E a curiosidade aumentou!
Felizmente a unidade do parque de imprensa da BMW Motorrad que me foi disponibilizada para este contacto estava equipada, não com a nova caixa de velocidades automática ASA (Automated Shift Assistant), mas com uma caixa de velocidades de accionamento convencional, com quickshifter, o que me permitiu fazer uma comparação ainda mais concisa.
Como tal, com malas, bagagem e passageiro, fiz-me às retorcidas estradas do Alto Alentejo raiano para saciar a minha curiosidade.
Esteticamente, mais do que nunca, a GS Adventure pode ser vista como um modelo independente, em vez de uma simples variante da GS base. Sim, ambas partilham imensos componentes mecânicos sob a carenagem, mas agora a postura e o estilo divergem ao ponto de, embora apresentem a mesma imagem de família, nunca sejam confundidas uma com a outra.
Carregada de tecnologia e soluções práticas e inteligentes, a R 1300 GS Adventure eleva a fasquia em relação à sua antecessora em praticamente todos os parâmetros, pelo que provavelmente será a moto que irá dominar os gráficos de vendas em 2025. No entanto, talvez não com a mesma clientela.
Isto porque até agora a GSA era conhecida por “quase andar sozinha”, por ser um verdadeiro “sofá com vista para a paisagem” e uma bênção para os menos hábeis na condução, permitindo andamentos rápidos sem grande dificuldade, graças a uma ciclística extremamente condescendente.
Mesmo com passageiro e carga, a GSA tem sido, durante anos, uma das motos favoritas de quem pretendia ou sonhava fazer grandes viagens, independentemente da sua propensão aventureira ou nível de experiência.
Com a nova 1300 GSA, o caso muda de figura. Apesar de na ficha técnica a diferença até nem parecer ser significativa, a verdade é que aos seus comandos encontramos uma moto substancialmente diferente, mais rápida, mais ágil e mais reativa, que além de parecer mais pequena é também muito mais desportiva em todos os aspetos.
Tal como a sua antecessora, apresenta um equilíbrio incrível em manobra a baixas velocidades, mesmo com a elevada altura do assento e o peso em ordem de marcha que se aproxima da marca dos 300kg quando está completamente abastecida e carregada com acessórios e bagagem.
Mas o motor, que mantém o sistema de variação de admissão (Shift Cam), revela-se bastante diferente graças sobretudo a um acrescento de cilindrada de 46cc, uma maior taxa de compressão (13.3:1 contra 12.5:1), pistões de curso mais reduzido, consequência de uma nova cambota, e com um maior diâmetro dos cilindros, que deixou espaço para válvulas maiores, de 44 em vez de 40 mm na admissão e 35,6 em vez de 34 mm no escape, potenciadores de uma melhor “respiração”, com uma consequente maior facilidade de subir de rotação.
Estas alterações, além de um emagrecimentos de 3.9 kg, proporcionam ainda mais 9cv de potência à mesma rotação (7.750 rpm) e mais 6 Nm de binário a um regime 250rpm mais elevado que a versão anterior, cifrando-se num total de 149 Nm às 6,500 rpm.
Contudo, e mais importante ainda, é que na faixa entre as 3.600 e as 7.800 rpm, estão constantemente disponíveis uns impressionantes 130 Nm, que tornam a condução bastante descontraída, sem necessidade de mudanças de caixa frequentes, e permitindo acelerações nitidamente mais contundentes.
No entanto, o som do escape não pode ser considerado a coisa mais melodiosa do mundo, tendo perdido a nota rouca e grave, sendo agora mais metálica, pouco rítmica e substancialmente menos agradável. Pelo menos com o escape de origem.
Outro fator importante para a diferença no desempenho dinâmico da nova GSA é a caixa de velocidades, agora recolocada na parte inferior do motor, contribuindo para uma maior centralização de massas. Tal como na sua antecessora, o seu accionamento não deslumbra mas também não desilude, notando-se no entanto uma melhor resposta do quickshifter.
A grande diferença assenta sobretudo nas pequenas alterações de geometria da ciclística e centro de gravidade, já que em termos de dimensões, potência e electrónica os valores mantêm-se semelhantes.
E como a geometria da ciclística é o fator mais importante que influencia o comportamento de um veículo de duas rodas, a sensação de condução que a nova 1300 oferece é bastante diferente da que caracterizava as versões anteriores, necessitando de mais atenção e controlo ao enrolar o punho e nas mudanças de direção.
Dito isto, a R1300 GSA é muito confortável e estável quando conduzida de forma intensa, graças à suspensão semi-activa atualizada e às alterações já referidas. Dinamicamente é ainda mais excitante a velocidades mais elevadas, seja em reta, em curva ou sob travagem, com a transferência de massas muito controlada.
É também muito rápida, permitindo andamentos verdadeiramente intensos, equilibrada, brindando o motociclista com mudanças de direção rápidas e curvas desenhadas a compasso, e segura, promovendo uma sensação de confiança muito elevada.
A proteção aerodinâmica é boa, com um ecrã pára-brisas que se revelou menos causador de turbulência ao nível do capacete. O painel de instrumentos é grande, bem organizado e extremamente legível, mas aposto que muitos quereriam era ver instalado o mesmo painel da irmã “RT”.
Esteticamente a R1300GS Adventure deixou-me bastante convencido desde que a vi ao vivo pela primeira vez, na EICMA 2024, com a sua pose nitidamente germânica, ameaçadora e robusta! Afinal uma BMW distingue-se não por ter linhas agradáveis mas sim por ter uma presença intimidante, de quem “não brinca em serviço”!
Se vai replicar o sucesso de vendas da sua antecessora é ainda uma grande incógnita, mas os motociclistas que apreciam andamentos rápidos em estradas retorcidas de montanha, se chegarem a testá-la, vão ficar admirados com as suas prestações. Já aqueles mais cautelosos, que apreciam mais a paisagem do que as sensações fortes, esses é que talvez fiquem com dúvidas!
Pela minha parte, com a meteorologia a permitir apenas um dia para testar, filmar e fotografar o trabalho que aqui lhe apresento, ficaram a faltar horas para poder saciar completamente a minha curiosidade.
Espero brevemente poder voltar a sentar-me aos seus comandos e partir para uma pequena viagem, a solo, sem pressas, motivos ou destino, apenas a desfrutar desta pequena maravilha da tecnologia teutónica, até para a poder comparar, nas mesmas circunstâncias com as rivais, sobretudo uma de origem transalpina que insiste em não me sair da memória e me deixa, para já, com o coração dividido.
Neste teste usámos o seguinte equipamento de protecção e segurança:
Capacete Arai Tour X5
Casaco RST Maverick Evo
Calças RST Maverick Evo
Luvas RST Adventure-X
Botas RST ADVENTURE-X MID
andardemoto.pt @ 15-4-2025 06:34:00 - Texto: Rogério Carmo | Fotos: Luis Duarte
Clique aqui para ver mais sobre: Test drives