SBK EM PORTIMÃO - TOPRAK É IMBATÍVEL?

Começa a ficar cada vez mais claro que o domínio do piloto turco – para o qual já faltam adjectivos – dificilmente será contestado nesta temporada. Apesar da força da concorrência, venha ela de Borgo Panigale, Akashi ou Iwata, o binómio Toprak/BMW está numa fase em que é completamente intocável. Com os três triunfos de Portimão – a quarta prova em que o consegue -  soma agora 13 vitórias consecutivas no campeonato (novo recorde), superando as outros duas duplas ‘terríveis’ da disciplina: Bautista/Ducati e Rea/Kawasaki.

Apesar disso, e sem querer retirar qualquer mérito à BMW e à sua fantástica M1000 RR, talvez seja necessário recuar a 2009 e ao título de Ben Spies com a Yamaha para encontrarmos um momento neste campeonato em que o piloto, mais do que a máquina, faz toda a diferença. Nesse ano o ‘factor’ Spies foi, claramente, diferenciador e, num plantel tecnicamente equilibrado com Aprilia, Ducati e Honda também a vencerem, o norte-americano ganhou estatuto de fenómeno. Tal como Toprak, agora. Spies venceu, então, 14 das 24 corridas (58,3%) que compuseram o calendário (incluindo a primeira manga em Portimão, prova de encerramento da temporada). Com 14 vitórias nas 21 corridas de 2024 já disputadas (incluindo 7 SuperPole Race), o piloto da BMW venceu 71,4% delas! Em 2009, quando as jornadas do mundial se corriam apenas em duas mangas, houve mais quatro pilotos a vencer, sendo ‘Nori’ Haga o grande rival do texano, com oito triunfos. Este ano, três outros pilotos já venceram provas, com Bautista e Lowes a obterem… duas vitórias. A diferença é abismal. O segundo melhor piloto BMW é Michael Van Der Mark, nono no campeonato, sem qualquer vitória, nem pódios.

Fica, pois, muito claro. Nos anos de domínio de Rea e da Kawasaki, como nos anos marcados pelo binómio Bautista e Ducati, o ‘casamento’ era perfeito entre os pilotos e as máquinas. Agora, não o sendo menos, é o piloto que faz a maior diferença. Mérito para a BMW que o adivinhou, e o contratou, em boa hora.

É verdade que Razgatioglou monopolizou as atenções ao longo do fim de semana, mas seria injusto não referir a presença de Ivo Lopes aos comandos da Honda CBR 1000 RR-R na moto de Tarran McKenzie, da equipa Petronas. O português salvou o fim de semana, terminando todas as provas, tendo como melhor resultado um P19 na primeira corrida e a sua melhor volta em corrida em 1.42,984. Com material não muito competitivo e numa moto que desconhecia (tem sido piloto BMW nas últimas temporadas), dificilmente se poderia exigir mais.

Também Tomás Alonso (Kawasaki) esteve presente, nas Supersport 300, realizando P15 na primeira corrida e P19 na segunda.

Por seu lado a organização não se poupou a esforços para oferecer, em pleno mês de agosto, um espectáculo – mais que isso, uma festa – aos quase 45.000 espectadores que se deslocaram ao Autódromo do Algarve.

Uma data que serviu também para recordar o grande obreiro deste empreendimento, fundamental para o desporto motorizado (e não só) no nosso país desde a sua inauguração. A memória do engenheiro Paulo Pinheiro acompanhou todos aqueles que estiveram presentes, com grande saudade. O sucesso do evento foi também a demonstração daquilo que o seu entusiasmo e paixão conseguiram realizar. Certamente, nunca será esquecido.

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