47º Rali Dakar 2025, Dia de descanso

Se até aqui foram 5 jornadas muito duras, incluindo a etapa maratona com as suas 48 horas, é de prever que as 7 etapas em falta sejam igualmente exigentes e a própria meteorologia pode continuar a tornar a prova de uma dureza acima da média.

No caso concreto do frio ou da chuva, acabam por ser os motociclistas que estão mais expostos e foi o próprio diretor da prova, David Castera, a assumir isso numa entrevista à Agência Lusa, ao afirmar:O frio não ajudou os pilotos das motos, mas estamos dentro do plano.

A segunda semana também não será simples. As duas competições, de motos e automóveis, estão muito equilibradas, ainda nada está decidido.

A etapa de amanhã, a mais extensa de todos, vai ligar Hail a Al Duwadimi e vão ser 829 km, dos quais 606 km serão cronometrados. Será verdadeiramente uma prova de fogo e o descanso de hoje pode não ser suficiente, além de que a sorte também pode ser madrasta.

Daniel Sanders (4) da Red Bull KTM Factory Racing, começa a etapa mantendo a liderança que é sua desde o prólogo, mas sabe que não pode facilitar, nem correr demasiados riscos que possam deitar tudo a perder.

Atrás de si está o espanhol Tosha Schareina (68), a correr pela Monster Energy Honda HRC, que tem apenas mais 7 minutos e 2 segundos e tudo fará para se aproximar ainda mais do líder e mostrar que tem até potencial para lutar pela vitória.

Ross Branch (1), que corre pela Hero Motorsports Team Rally, também tem feito uma prova de grande nível e nas diferentes etapas tem estado sempre nos três primeiros, talvez à espera de um deslize de Sanders ou a poupar-se para atacar nos últimos dias.

O piloto da Sherco, Rui Gonçalves (19), continua a ser o melhor português nas duas rodas e está dentro do top 20, em 19.º, mas certamente que quer mais e para isso sabe que terá de arriscar nas próximas etapas, mas sem deitar tudo a perder.

António Maio (30), piloto Yamaha, sabe que tem potencial para ir mais longe, mas terá de adotar uma postura mais agressiva durante as próximas etapas, ainda que com cautelas, como o próprio refere:

"Hoje cumprimos o dia de descanso no Dakar. Este é o dia mais tranquilo que temos, mas ainda assim temos de preparar a segunda parte da corrida. Assim, fazemos a revisão da máquina para que esteja pronta para mais uma intensa semana de competição. Tem sido um dia tranquilo e tivemos oportunidade para descansar e trabalhar nos pequenos pormenores para que tudo esteja ajustado porque ainda temos muitos quilómetros para percorrer."
Bruno Santos (35), piloto da Husqvarna, tem tido alguns azares, em que se incluem problemas mecânicos ou dificuldades na navegação, mas sabe que, para subir na tabela, terá de correr mais riscos. Na sua primeira participação, em 2024, terminou em 28.º e é lógico aspirar a algo similar ou mesmo melhor nesta edição.

Mais destaques:

Quando se refere que hoje é uma etapa de descanso também se pode dizer que não é bem assim para todos, em especial para os pilotos de motos que correm na categoria Original by Motul.

Esta categoria, que este ano contempla um total de 25 pilotos, é a forma mais radical e extrema de participar na prova: uma moto, um piloto e uma caixa de material e pouco mais.  Ao mesmo tempo, os participantes são pilotos, mecânicos, estrategas de equipa, tudo... numa só pessoa!

Ou seja, no dia de hoje descansaram muito pouco, tal como entre todas as etapas. O seu objetivo não é vencer a prova à geral, é antes uma prova de superação pessoal. E acabar é a melhor recompensa. Que o diga Mário Patrão que, em 2023, com a sua KTM, terminou o Dakar na 34.º posição na geral, venceu entre os Veteranos e ficou em terceiro na difícil categoria Original by Motul.

Por fim, uma palavra sobre a categoria Dakar Future Missão 1000. Nesta categoria muito especial, diretamente direcionada para um futuro mais sustentável, o objetivo é preparar tudo para ter uma categoria de veículos 100% elétricos, 100% movidos a hidrogénio ou híbridos no Dakar de 2030.

Este ano a prova abrange projetos da Hyse, Segway e KH7, sendo que na liderança está dupla nipónico-lusa composta por Yoshio Ikemachi e Paulo Marques (1030), aos comandos de um HySE - X2.

Nós regressamos amanhã para o resumo da sétima etapa.

Consulte também: 47º Rali Dakar 2025, Etapa 5: Alula - Hail