Teste Royal Enfield Classic 650 Twin – Os clássicos são intemporais
Numa recente deslocação a Espanha, mais precisamente à histórica cidade de Alcalá de Henares, terra natal de Miguel Cervantes, tivemos oportunidade de testar a novíssima Royal Enfield Classic 650 Twin, que já se encontra à venda nos diferentes concessionários da marca no nosso país.
andardemoto.pt @ 18-3-2025 09:56:23 - Pedro Pereira
A Royal Enfield Classic 350 uma pura classica moderna, bem na sequência estética a que a marca nos habituou desde meados do século passado e que tem nesta 650 muito mais do que apenas uma versão “revista e aumentada” da popular Royal Enfield Classic 350, que também foi renovada para 2025.
Muito mais que uma Classic 350 com esteróides
Numa primeira impressão saltam facilmente à vista as muitas semelhanças com a Classic 350. O mesmo estilo vintage e o bom gosto clássico, um depósito em formato de gota, os guarda-lamas arredondados, a profusão de cromados ou a possibilidade de circularmos com apenas um assento são denominadores comuns.
Porém, a Classic 650 Twin tem diferenças para a 350 que vão para além de um motor com quase o dobro da cilindrada ou de um aumento de peso que se cifra agora nos 243 kg em ordem de marcha, que fazem parecer anoréticos os 195 kg de peso da Classic 350.
As duas longas saídas de escape, uma por cilindro, são um elemento nitidamente diferenciador e causam um impacto visual muito forte. Só é pena o seu som estar tão castrado, mas as normas assim o exigem.
Ao nível do painel de instrumentos, a Classic 650 disponibiliza imensa informação, conjugando de forma harmoniosa o analógico e o digital, mas obrigando o olhar a desviar-se da estrada para aceder às diferentes informações. Um mostrador principal de formato arredondado e totalmente analógico, mostrando a velocidade em quilómetros e milhas e algumas luzes avisadoras.
Mais próximo de nós existe um de formato quadrado com informação digital do odómetro, velocidade, nível de combustível, entre outros e do lado direito existe ainda um circular com a função de relógio e navegação (tripper). Todos têm um remate cromado à volta, incluindo a chave de ignição, que fica posicionada à esquerda. De referir ainda a muito útil tomada USB-C, mas que está meio escondida no guiador. Poderia ter sido encontrada uma solução mais prática, sem comprometer a estética do modelo.
A iluminação em LED casa muito bem com o formato circular dos faróis à frente e atrás, mas os piscas, circulares, têm lâmpadas incandescentes, reforçando o aspeto clássico e até algo conservador do modelo.
A nova suspensão é agora composta por uma forquilha Showa de 43 mm (41 mm na 350) e novos amortecedores traseiros, com regulação da pré-carga e um curso de 90 mm.
Esta suspensão provou ser uma escolha acertada para uma moto deste perfil e o conjunto acaba por ser bastante equilibrado e permitir uma condução mais dinâmica do que o previsto. O facto de o centro de gravidade estar muito baixo permite abordar as curvas de forma mais entusiasmada e ir alisando o alcatrão com os avisadores dos largos e cómodos poisa-pés.
Outros destaques
O bicilíndrico de 648cc já é um nosso conhecido, sendo refrigerado a ar/óleo e tem apenas duas válvulas por cilindro, privilegiando os baixos e médios regimes, como se quer numa moto deste perfil. Este motor também equipa as Royal Enfield Continental GT, Interceptor 650, Shotgun 650, Bear 650 e Super Meteor 650 e aqui mostra todo o seu esplendor, conjugando-se muito bem com a ciclística e até as suas seis velocidades, bastante curtas, ajudam nesse quesito.
O binário máximo de 52,3 Nm é atingido às 5650 rpm, mas o motor começa a revelar-se bem antes disso, sendo possível circular em baixa rotação praticamente sem queixas do motor. Um conta-rotações não é essencial neste modelo, mas iria ajudar ainda mais a desfrutar da condução, sobretudo para quem tem menos experiência. Já o seu regime máximo de potência, 47 cv às 7250 rpm, surge numa fase em que o motor já vai nitidamente em esforço e pouco mais tem para oferecer.
Os consumos homologados são de 4,6 litros por cada 100 km e representam um valor algo elevado, a que não é alheio o peso do conjunto e a uma arquitetura de motor que favorece a simplicidade e robustez. Numa condução normal os 14,8 litros do depósito devem permitir próximo de 300 km de autonomia.
Ergonomia de clássica, mas com soluções modernas
Toda a ergonomia da Classic 650 foi alvo de um cuidadoso estudo e atenção, tal como fica bem patente pela reduzida altura do assento ao solo (800 mm), perfeita para motociclistas de menor estatura que, certamente, vão apreciar a sua manobrabilidade seja com a moto à mão ou a baixas velocidades.
Os assentos são dois, perfeitamente separados, e é possível usar apenas o do condutor. Em termos práticos a moto é vendida com ambos, mas numa lógica mais hedonista a estética sai beneficiada com apenas um, sobretudo na versão Black Chrome que mostra todo o esplendor do longo guarda-lamas traseiro cromado.
A opção intermédia passa por retirar o assento traseiro, mas manter o sub-quadro, que pode até servir como suporte de carga (rack). É uma escolha pessoal, mas na nossa perspetiva o maior encanto reside em circular apenas com o do condutor, sendo que o processo de montagem ou desmontagem pode ser feito em casa e sem grande complexidade, embora implique ferramentas.
Destaque também para o guiador largo, mas sem exageros, convidando a uma condução relaxada. Existe no extenso catálogo de acessórios a possibilidade de trocar os poisa-pés por outros extra-largos e de uma estética magnífica, mas em que os respetivos avisadores roçam no asfalto ainda com mais facilidade.
Na Royal Enfield encontramos uns pneumáticos nitidamente estradistas que envolvem jantes raiadas de 19 e 17 polegadas e ajudam a um maior dinamismo na condução, mesmo acima do previsto.
Na frente, o pneu é um convencional 100/90-19, e o sistema de travagem consiste num disco de 320 mm com pinça flutuante de duplo pistão, capazes de travagens fortes e progressivas.
Atrás somos presenteados com um pneu de medida 140/70 R18, que muito contribui para a agilidade, e na travagem temos um disco de 300 mm, com pinça flutuante de duplo pistão. Ou seja, os travões de clássico não têm nada e estão perfeitamente à altura de todo o conjunto. Mesmo o ABS não é demasiado notado, o que só melhora a experiência de condução.
Notas finais
A Classic 650 Twin vai seguramente fazer furor no mercado pois é uma moto ideal para belos passeios de forma descontraída, ou para uma utilização casual e diária ou ainda para momentos especiais, como participar no Distinguished Gentlemen´s Ride.
Já está disponível no nosso país em três esquemas cromáticos bem diferenciados e muito atrativos, o que pode causar dificuldades no momento da escolha:
-Black Crome (escolha mais clássica e com mais cromados à vista, conjugados com preto) - 7.187 €
-Teal (perfeita para quem não pretende passar incógnito, apostando numa cor verde-azulado) - 6.987 €
-Vallam Red (conjuga uma tonalidade de vermelho e branco, de forma muito harmoniosa) - 6.887 €
Tudo somado, a Royal Enfield Classic 650 Twin vai surpreender muita gente e foram os próprios representantes da marca que assumiram ter boas expetativas relativamente à aceitação do modelo por parte dos motociclistas. Da nossa parte somos levados a concordar.
Equipamento usado no teste:
Capacete: Icon Variant Pro
Blusão: Merlin Hixon
Luvas: Alpinestars Crestone Gore-Tex
Calças: Ixon Summit 2
Botas: Icon Stormhawk
andardemoto.pt @ 18-3-2025 09:56:23 - Pedro Pereira
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