Teste Harley-Davidson Sportster Roadster 1200
Conduzir uma Harley-Davidson é sempre uma experiência memorável, pelas mais variadas razões!
andardemoto.pt @ 13-6-2017 08:03:00 - Texto: Paulo Araújo | Fotos: ToZé Canaveira
Ir levantar uma Harley-Davidson Sportster Roadster 1200, para este contacto dinâmico, foi como ir ao encontro de um velho amigo, já a antecipar o calor das suas qualidades e pronto a perdoar os seus defeitos. Só que defeitos, as Harley-Davidson actuais têm cada vez menos.
Embraiagens pesadas, caixas rudimentares, peças que se soltavam, distância ao solo muito limitada, são tudo coisas do passado. Ainda bem presente, isso sim, o grande bicilíndrico em V cuja silhueta remete inconfundivelmente para 1957 - porque, convenhamos, a Roadster não é mais que uma Forty-Eight, que por sua vez é uma versão moderna da Sportster, neste caso com o motor maior, de 1202 cc
Não há dúvida que ele é a alma do modelo, uma mistura de grande bater de coração mecânico com uma nova e grande suavidade de funcionamento, em muito ajudada pela injecção electrónica sequencial que equipa as Harley-Davidson de há uns anos a esta parte, Euro oblige...
Espremam a Sportster numa estrada sinuosa, a velocidades médias entre os 80 e os 110 Km/h, na faixa de regime algo restrita em que o grande motor refrigerado a ar está no seu elemento, e o mítico “Evolution” responde a qualquer solicitação com grande suavidade e muito carácter.
Motores mais quadrados, em que os números de diâmetro e curso se aproximam, giram soltos e sobem de rotação num ápice, mas motores mais “longos” como este, que tem um generoso curso de 96,8 mm, precisam de se manter numa faixa de utilização mais restrita.
Para aguentar sem bater a quinta, que é a mudança mais alta, temos de manter a velocidade acima dos 70 Km/h, o que dá cerca de 3000 rpm. Daí até ao limitador de regime, já perto das 5500rpm, é sempre a puxar e em quinta, mais uma vez, estaríamos a rolar a cerca de 155km/h, uma velocidade impensável numa antecessora até há uns escassos anos atrás.
O curioso é que, nestas condições, a Sportster tem uma condução francamente leve: guia-se como uma desportiva e começamos a perceber para que serve aquele guiador com um ângulo algo estranho, formado como uns avanços muito largos...
Com um peso de 259 Kg, a Roadster nunca há-de ter uma direcção incisiva, mas percorre a trajectória traçada com perfeita estabilidade, mesmo quando começamos a roçar as peseiras no asfalto.
No meio do trânsito, há que usar frequentemente o curto selector que permite passagens de caixa muito suaves, embora reclame quando se tenta fazê-lo sem embraiagem.
Se insistirmos, responde com um sonoro “clank” e um grande esticão, cortesia do generoso binário de 96 Nm, que sob aceleração intempestiva fará o pneu de trás derrapar facilmente sobre qualquer linha branca...
No capítulo da travagem a Sportster Roadster também não decepciona, com o pedal traseiro a secundar eficazmente o que não é um par de discos dianteiros particularmente potente por si só.
Sempre há a reconfortante segurança do ABS, e os Dunlop feitos especialmente para a Harley-Davidson, que ostentam o logo da barra e do escudo, também não desapontam.
O único instrumento está colocado em posição central, e mostra a informação essencial, como velocidade, horas e distância percorrida. Embora não seja particularmente legível na área LCD, gostámos de como detecta magicamente o fim da luz do dia, e de repente muda para laranja brilhante.
Se dinamicamente a Roadster 1200 nos coloca um sorriso aos lábios, parada, ou seja, do ponto de vista estético, suscitava algumas dúvidas que depois se manifestavam igualmente na ergonomia...
Os amortecedores, com ajuste de pré-carga feito através de dois grandes aros perfurados que se freiam mutuamente, até são giros, mas precisavam mesmo de forquilha invertida e daquelas rodas com uns raios cruzados que curvam junto ao aro?
Tão Harley-Davison como o emblema da águia, o grande filtro de ar mantém-nos a perna direita afastada, ficando um joelho mais aberto que o outro. Com o estreito depósito “peanut” herdado da “Forty-eight” apenas aumentado de 7,9 para 12,5 litros, a Roadster até seria uma moto muito maneirinha, mas assim...
Já falámos do guiador muito largo e baixo, que acaba por não ser desagradável em andamento, mas que dizer da exagerada largura dos poisa-pés articulados?
É que protraem alguns 25 cm para cada lado do motor da moto, e se quisermos andar com os pés alinhados com os pedais de travão e das mudanças, o que de um ponto de vista de segurança é perfeitamente lógico, não vamos de todo com as solas na borracha das peseiras, mas sim 10 cm mais para dentro, em cima do metal do suporte articulado... E precisavam mesmo de estragar os lindos escapes “shorty” cromados, com umas chapas negro-mate texturadas e perfuradas que parecem ter sobrado de um assador da loja do chinês?
Bem… aqui entra em acção o extenso catálogo da “Motor Company”, uma das primeiras empresas a oferecer uma linha de personalização completa de acessórios originais... sintam-se à vontade para pôr a vossa a gosto com escapes, assentos, tampas, guiadores, faróis, etc. diferentes dos de origem e para todos os gostos... Afinal cada cliente quer ter a “sua” Harley exclusiva…
O modelo com pintura de dois-tons que pode ver nestas imagens, tem um preço de 13.825€ e em andamento, pelo menos, nunca os irá fazer parecer demasiado!
andardemoto.pt @ 13-6-2017 08:03:00 - Texto: Paulo Araújo | Fotos: ToZé Canaveira
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