Teste Kawasaki Z400 – O tamanho não é tudo!
Uma naked que nasce de uma desportiva não é novidade. A Z400 apresenta-se com argumentos bem interessantes e mostra que nem sempre é preciso ir para as motos maiores para conseguirmos desfrutar de andar de moto. A Kawasaki acertou em cheio com a Z400!
andardemoto.pt @ 8-10-2019 09:30:00 - Texto: Bruno Gomes | Fotos: Luis Duarte
A Z400
é mais uma excelente adição à gama Z da Kawasaki, e junta-se às já conhecidas Z125,
Z650, e às diferentes variantes da Z900 - teste da Z900 aqui / teste da Z900 RS aqui -, motos que já passaram no seu
Andar de Moto e que nos deixaram muito agradados. Inserida entre a mais pequena Z125 e a “peso
médio” Z650, a Z400 enfrenta uma forte concorrência: BMW G310 R, Benelli 302,
Bajaj Dominar 400, Honda CB300R, Husqvarna Vitpilen 401, KTM 390 Duke, ou ainda
a Yamaha MT-03.
Com rivais tão fortes e bem equipadas, a Kawasaki tinha pela frente uma tarefa
bastante complicada. Mas partindo da excelente Ninja 400, moto que conquistou o
Mundial Supersport 300 pelas mãos da piloto Ana Carrasco, a casa de Akashi
tinha 80% do trabalho feito.
Começo então por analisar as diferenças entre a Ninja e a Z400. Bom, na
realidade este não será um parágrafo muito longo. Sem contar com a ausência de
carenagens integrais da supersport Ninja, a Z400 não apresenta diferenças
significativas. O motor, suspensões e travões são iguais.
A
maior diferença está na posição de condução que devido à utilização de um
guiador elevado permite que o condutor não se deite tanto sobre o depósito de
combustível, que com 14 litros de capacidade é volumoso e permite um bom
encaixe das pernas para uma moto desta cilindrada.
É também um pouco mais larga que a Ninja, em contrapartida a Z400 é mais baixa,
mas curiosamente o assento mantém-se à mesma altura: 785 mm. Outra curiosidade
nesta naked japonesa é que ao contrário do habitual a Z400 é mais pesada do que
a versão totalmente carenada Ninja 400, mas mais leve que a Z300 que substitui.
Passo os primeiros momentos a admirar as arestas vincadas das poucas carenagens
que dão à Z400 uma imagem tão agressiva e apelativa. Com uma combinação de
cores que mistura o clássico verde brilhante e o preto, a Kawasaki apostou
forte na qualidade de acabamentos, e mesmo os plásticos no painel de
instrumentos têm um toque agradável, uma clara demonstração de que esta naked coloca-se
num patamar “premium”.
Já aos
comandos da Kawasaki Z400 a primeira sensação é de que o assento é bastante
esguio, algo que não estava à espera pois o depósito de combustível é largo. Um
pequeno toque na ignição e o motor bicilíndrico paralelo de 399 cc acorda para
a vida com uma sonoridade bastante interessante que emana da ponteira de escape,
e sem transmitir grandes vibrações. O painel de instrumentos conta com as
informações básicas e são bem legíveis, mas gostei bastante do conta-rotações
digital a mover-se em forma de arco Romano.
O motor bicilíndrico é uma diversão desde o primeiro momento! Com 45 cv a Z400
coloca-se mesmo no limite da carta A2, mas é a forma como o binário aparece
logo desde baixas rotações que mais me surpreendeu quando puxei por ela nas
acelerações de semáforo em semáforo.
Os 38 Nm podem só aparecer na sua totalidade às 8000 rpm. No entanto logo às
4000 rpm o bicilíndrico responde prontamente aos impulsos no acelerador que tem
um tato um pouco mais imediato do que o habitual, pelo que tive de me habituar
a dosear mais o punho direito para não sentir esticões quando deixava de
acelerar e depois voltava a acelerar. Às 7000 rpm sente-se o motor a ganhar
ainda mais pulmão, e as rotações continuam a subir a bom ritmo até ao “red line”
às 12.000 rpm, altura em que o limitador entra em ação sem ser brusco.
Numa
condução exclusivamente urbana verifiquei que a média de consumos ronda os 3,8
a 4 litros, valor que sobe depois bastante caso se adote uma condução mais
agressiva. Aí, rapidamente a média sobe para os 4,5 a 4,8 litros, o que ainda assim
não é de todo desapontante.
Temos tração em toda a gama de rotações, e os pneus Dunlop GPR 300 mostram ser
um bom aliado para as capacidades desta naked desportiva. É necessário aquecer bem
os pneus para sentir as borrachas da Dunlop a agarrar o asfalto, mas transmitiram
confiança suficiente para puxar pelo limite da ciclística que a Kawasaki fez o
favor de afinar na perfeição!
O quadro em treliça mostra-se bastante rígido e resistente às forças de torção.
Todo o conjunto revela uma leveza assinalável e uma certeza de reações que será
muito do agrado dos motociclistas menos experientes e que estão a subir de
cilindrada.
Tudo acontece de forma previsível, e as suspensões, embora a Kawasaki diga que
são iguais às da Ninja 400, mostram-se mais complacentes com os pisos
degradados fruto da afinação mais suave, absorvendo os ressaltos de uma forma
aceitável, sem que isso signifique a perda de “feedback” da direção. Na
traseira senti a necessidade de ajustar a pré-carga para evitar o “dançar” da
traseira quando transportei pendura, mas fora isso, as afinações base das
suspensões da Kawasaki Z400 são muito boas.
O
guiador alto confere uma excelente força de alavanca para inclinarmos a Z400 de
um lado para o outro sem esforço, basta quase olhar para onde queremos ir e a
moto vai precisamente para onde olhamos. Essa sensação de agilidade é exponenciada
pela muito curta distância entre eixos de apenas 1370 mm.
A direção é precisa e estável em curvas de média e alta velocidade, mas
sente-se algo instável a menor velocidade, obrigando constantemente a corrigir
a trajetória. Ainda pensei que fosse um furo no pneu da frente, mas verifiquei
a pressão e o problema não podia ser esse. Em relação à Ninja 400 a Kawasaki
alterou ligeiramente a geometria da direção, e essas alterações, pelo menos
para mim, não trouxeram grandes vantagens e até alteraram o que a Ninja 400
tinha de melhor a este nível.
Embora a naked verde se sinta muito à vontade no trânsito urbano, onde a boa
brecagem permite cortar pelo meio dos carros sem dificuldade e o assento a 785
mm de altura deixa chegar com os pés ao chão para as manobras mais lentas, o
que transmite maior confiança, é num percurso de estrada mais aberta que a Z400
revela todo o seu potencial e onde mostra que nem sempre é necessário andar
numa moto maior para sentir prazer de condução.
A
caixa é algo mecânica no tato mas é precisa e acionada por uma embraiagem tão
leve que por vezes pensei que estava sem embraiagem. Se num primeiro momento
estranhei esta embraiagem “assist and slip”, no final de um dia a conduzir a
Z400, em especial depois de uma sessão fotográfica no meio da cidade, só
pensava em dar os parabéns aos engenheiros da Kawasaki. Para puxar a manete
apenas preciso de usar um dedo de tão leve que é.
Para uma experiência mais emocionante, em Akashi trabalharam a admissão
dotando-a de uma caixa de ar de maiores dimensões para um sonoridade mais
pronunciada. E a verdade é que em condução a Z400 deixa-nos espicaçados
enquanto aceleramos e ouvimos o motor bicilíndrico a engolir litros e litros de
ar ao mesmo ritmo que o ponteiro das rotações sobe e a velocidade aumenta.
Por falar em velocidade, e agora num percurso de autoestrada, é fácil levar a
Z400 bem para lá dos limites impostos pelo código da estrada, mas nos regimes
mais elevados é perceptível uma microvibração no assento que ainda assim se
revela bastante confortável para percorrer distâncias maiores. Como seria de
esperar, e apesar do pequeno ecrã por cima da ótica frontal, a proteção
aerodinâmica está de acordo com os parâmetros de uma naked.
Claro que numa moto que anda bem, convém que também trave bem. E isso é precisamente
aquilo que a Kawasaki Z400 faz. OS travões de disco, um por eixo, são
recortados e mordidos por pinças de dois pistões da Nissin. Para descobrir toda
a potência de travagem somos obrigados a ser assertivos no momento em que
puxamos a manete de travão da frente, mas após um pequeno momento em que o
sistema parece estar adormecido, somos brindados com uma travagem forte e
progressiva, onde apenas o ABS pode ser um pouco mais intrusivo se tentarmos
travar bem para lá dos limites.
Veredicto Kawasaki Z400
A mais
recente adição à gama Z é uma excelente proposta da Kawasaki para os
motociclistas urbanos. Por 5990€ recebemos muita moto por cada euro gasto, uma
moto que consegue acompanhar modelos de maior porte sem grande dificuldade,
mostrando que o tamanho não é tudo! A Kawasaki torna a aquisição desta Z400
ainda mais aliciante ao incluir esta naked na sua campanha de compra a
prestações sem entrada inicial e com 0% de juros.
A Kawasaki Z400 é um excelente degrau para os motociclistas que procuram algo mais
do que uma 125 cc mas não se sentem ainda com capacidade para ir para as motos
mais poderosas. Não tenho dúvidas que a casa de Akashi acertou em cheio nesta
plataforma 400. O motor é interessante o suficiente para deixar os
motociclistas experientes satisfeitos, enquanto os menos experientes vão sentir
imensa confiança para descobrir os seus limites.
Um chassis estável, travões muito bons, conforto “q.b.” para tiradas de
distância mediana, aos quais se junta um design agressivo e jovem, conferem à
Z400 características e um carisma que a tornam numa moto muito interessante e
uma excelente adição à gama Z.
Neste teste
utilizámos os seguintes equipamentos de proteção
Capacete – Shark Spartan
Blusão – Ixon Cobra
Calças – Rev’it Lombard
Luvas – Macna Outlaw
Botas – TCX Mood GTX
Galeria de fotos Kawasaki Z400
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