Pedro Pereira

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Só ando de moto em 2 locais: na estrada e fora dela!

OPINIÃO

13 dicas para (melhor) vender a sua Moto

Há algum tempo escrevi um artigo com 14 dicas que o podem ajudar na compra de uma moto. Agora pretendo fazer algo similar, mas na perspetiva de quem quer vender, certamente para comprar outra!

andardemoto.pt @ 10-1-2022 23:34:27 - Pedro Pereira

Hoje trago-lhe 13 dicas porque é a minha forma de o intimidar a não vender, já que gosto, tal como muitos de nós e na medida do possível, do conceito de possuir mais que uma moto.

Também sei que já abordámos este tema aqui no Andar de Moto, mas foi de forma diferente e já se passaram 5 anos. Agora pretendo fazer uma análise mais dinâmica e abrangente.

Algumas das dicas aplicar-se-ão mais à situação de venda a particulares e outras em situações de retoma, mas veja-as como um todo e passíveis de melhoria.

A ordem das mesmas é mais ou menos aleatória, o que não invalida que não possam existir situações de precedência:

1 - Porque vou vender a minha moto?

 Esta questão é crucial e pode condicionar todo o resto! Há alguma razão de força maior, como por exemplo: questão monetária ou situação familiar? Apenas um capricho? A malvada deixou o dono apeado? Alguma outra nos seduziu ao ponto de não ser possível resistir? Há necessidade de algo diferente ou mais adequado ao próprio gosto ou estilo? 

Coloque previamente a si próprio estas questões e ouça outras opiniões, especialmente as das pessoas que lhe são mais próximas e o conhecem melhor. A decisão final pode ser sua, tal como o dinheiro, mas é bom escutar outras ideias.

2 - Vender a particular ou a stand?

 Ambas as opções são válidas e têm vantagens. No segundo caso é mais descomplicado e rápido, mas o valor de venda pode ser menor, tal como a capacidade de negociação em caso de troca. Além disso, convém sempre solicitar que seja feito o registo da moto em nome do stand no ato da venda. 

A opção pela venda a particular pode ser mais trabalhosa, demorada e implicar alguns riscos (falarei disso mais à frente).

Em contrapartida é comum conseguir um valor superior na venda, óptimo para se ter maior poder de escolha de uma moto nova. É também a melhor opção quando não se pretende comprar outra moto (espero que isto nunca lhe aconteça).



3 - Atenção à época do ano

Este aspeto pode parecer irrelevante, mas não é. Tendencialmente vendem-se mais motos na primavera/verão, quando começam os dias soalheiros, as concentrações, as viagens… e a procura começa a cair no final do verão.

No caso das motos de fora de estrada é o oposto já que a “época” começa no outono, com o tempo mais fresco e as primeiras chuvas.

Assim, se é mesmo para vender, tenha presente a altura do ano em que o vai fazer porque isso pode ter influência determinante na facilidade de venda, sobretudo se for a um particular.

4 - Seja sincero enquanto vendedor.

Vamos ser claros: ninguém gosta de ser enganado! Está na génese do ser humano evitar o sofrimento e a mágoa e isso pode aplicar-se a praticamente tudo, incluindo à compra de uma moto! Se já lhe aconteceu comprar “gato por lebre” e não gostou, então não o faça aos outros!

É preferível mostrar ao potencial comprador os pequenos defeitos da sua moto (se é sua certamente não são grandes) e não induzir o comprador em erro, além de que ele pode saber tanto ou mais de motos e se lhe parecer que o quer enganar vai logo fugir do negócio! Já agora, adulterar km’s é crime! Não o faça, nem pactue com quem o faz!

5 - Não receie investir na sua moto, mas dentro do razoável

Em maior ou menor escala, gostamos de “aprimorar” as nossas motos, seja em termos de equipamento de conforto, segurança, natureza estética, capacidade de carga. O resultado é termos uma moto mais pessoal e que se distingue das restantes.

Porém, tenha presente que os potenciais compradores são diferentes e que aquilo que valorizam também pode ser muito distinto. No ato da potencial venda é quase garantido que não vão valorizar a moto da forma que estávamos à espera, mesmo com todos os “mimos” que tão carinhosamente lhe instalamos.


6 - Entregar a moto com os extras ou mais despida?

 Aqui não existe uma resposta correta. Eu prefiro a primeira opção, exceto nos casos em que os eventuais extras, por exemplo um escape, podem vir a ser utilizados na sucessora, mas cada um deve decidir por si e estar preparado para que o valor dos extras seja muito abaixo do seu custo de aquisição.

Também pode aproveitar para juntar um blusão ou botas que não usa como “oferta” ao comprador!

Já agora, é de extremo mau gosto apresentar a moto com uma série de extras e, na hora da venda, optar por os retirar sem informar o comprador, chama-se má fé! Já aconteceu comigo e desisti do negócio por causa disso! É uma clara violação à dica n.º 4!

7 - Habitue-se a arquivar documentos

Seja em suporte de papel ou digital, a existência de faturas, comprovativos do histórico de manutenção e manuais… joga muito a seu favor e pode fazer toda a diferença no ato da venda.

Uma pasta com todos os registos ou essa mesma informação em suporte digital pode até ir dando algum trabalho a arquivar, mas vai ver que vale a pena para o comprador, transmitindo uma mensagem de confiança e rigor muito apreciada, seja por particulares, seja em stand.

Pode até complementar com um ficheiro Excel onde registou todo historial da moto. Há até quem registe consumos, mas não precisa de ir tão longe!

8 - Invista na venda da sua moto

Esta dica é óbvia, mas por vezes esquecida e adequa-se tanto particular como a um stand. Se os pneus estão a mais de meio uso, talvez seja preferível antecipar a troca por uns novos e bons e o mesmo é válido para a revisão ou para corrigir alguns danos estéticos, como por exemplo uns punhos em mau estado, um assento coçado ou uma boa lavagem e lubrificação.

Veja como um investimento que está a fazer na sua moto e que, provavelmente, vai recuperar na venda, seja em capital, seja em tempo necessário para encontrar o comprador. É péssimo, por exemplo, ir vender uma moto de enduro toda limpinha por fora, plásticos a brilhar e o comprador ir ver o filtro de ar e estar todo sujo! Dá vontade de fugir desse negócio imediatamente!


9 - Aposte nos canais de venda online

Quando a sua moto é entregue para retoma, ou já tem um comprador definido, esta situação não se coloca, mas sempre que se pretende que a venda seja a um particular, vale a pena fazer o trabalho de casa e, porque não, pedir auxílio!

Não é vergonha pedir apoio a um amigo que não maltrate a Língua Portuguesa (vejo anúncios de arrepiar os cabelos) e faça uma descrição mais clara. O mesmo vale para as fotos! Escolha um (ou mais) locais adequados e se não tiver muito jeito ou equipamento mais profissional… não se acanhe de pedir auxílio.

Ainda sobre a venda online, existem sites gratuitos e outros que exigem pagamento. A minha sugestão é simples: pondere recorrer a ambos e se a sua familiaridade com o ambiente digital for diminuta… não será difícil encontrar ajuda! As redes sociais também podem ser uma boa ajuda para facilitar a venda!

10 - Como definir o preço de venda?

O melhor ponto de partida costuma ser online. Veja os preços apresentados para outras motos similares no mercado e já fica com alguma orientação.

Naturalmente que o estado geral da moto (e o da sua é certamente excelente), os extras, os km’s… fazem o preço oscilar bastante, mas seja realista se quiser mesmo vender a sua moto.

Não se guie tanto pelos preços apresentados por stands que, por regra, são mais elevados, sendo natural que assim seja! Afinal de contas, têm impostos a pagar, garantias para respeitar, aluguer de espaço, pessoal e a inevitável margem de lucro…

11 - Seja realista e prepare-se para negociar

A sua moto é a melhor do mundo ou, pelo menos, fica lá perto; o problema é o comprador entender isso!

Assim, é importante que haja algum realismo da sua parte. Não choca ninguém que o preço apresentado seja um pouco acima daquele pelo qual está disposto a vender, e exista alguma margem negocial de ambas as partes.

A nossa margem é algo muito pessoal, mas para minha referência gosto de um valor a rondar os 10%. É um número “redondinho”, fácil de fazer contas e que me ajuda a perceber até onde estou disposto a ir.

Além disso, fuja dos “pagamentos a prestações”, mesmo a alguém conhecido! Tem tudo para correr mal! Mais vale ajudar o comprador na escolha de um crédito.


12 - O momento crítico do test-drive

É uma espécie de “hora da verdade”. O comprador manifestou real interesse e quer experimentar a moto antes de fechar negócio. Aqui começam as dúvidas: será que vai fugir com a moto? Será tão cuidadoso como eu? Corro mesmo o risco de ficar sem moto e sem dinheiro? E se tiver um acidente no test-drive?

Estas dúvidas são legítimas e fazem sentido. Se não se sentir confortável com o comprador, desista do negócio nesta fase. Faça-se sempre acompanhar por mais alguém e peça ao potencial comprador que lhe deixe os documentos pessoais enquanto vai testar a sua moto.

Tudo o que fizer para mitigar o risco é importante para evitar arrependimentos posteriores.

13 - Burocracias e pagamentos

A melhor opção continua a ser fazer a transferência de propriedade no momento, numa Conservatória, advogado ou solicitador.

A alternativa Portal do Automóvel Online é excelente, mas tem de ser aceite por ambos e os dois cumprirem os requisitos, nomeadamente em termos de códigos e leitor do Cartão do Cidadão.

Não aceite que o comprador utilize o seu seguro a partir do momento em que fecharam negócio. É um risco para si! Se tem dúvidas, fale antes com o seu mediador ou a sua companhia de seguros.

Não se esqueça também de ter um Termo de Responsabilidade para as duas partes preencherem e assinarem. É uma segurança adicional para ambos. Se o comprador recusar… pode ser uma situação alarmante! Existem vários modelos online. Tem de constar obrigatoriamente a data e hora da transação.

Quanto ao pagamento, a legislação atual proíbe transações em dinheiro com valores superiores a 3.000€ e as transferências multibanco costumam ter um teto diário. 

Tenha também isso em linha de conta e recuse fazer o novo registo do veículo sem o pagamento integral do mesmo, incluindo se houver um crédito à espera de aprovação.


E pronto! Ficam aqui 13 dicas para o ajudar na venda do seu motociclo, ciclomotor, quadriciclo… não abrangem a totalidade de possíveis situações, mas podem dar uma ajuda a um negócio com final feliz para os dois intervenientes!


andardemoto.pt @ 10-1-2022 23:34:27 - Pedro Pereira

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